Entre os diversos laços que uma pessoa constrói ao longo da vida, a amizade verdadeira costuma ocupar um lugar central. Relações de confiança, apoio e companheirismo funcionam como um amortecedor nas fases de maior pressão emocional, ajudando a manter o equilíbrio psicológico.
Por que a amizade verdadeira é essencial para a saúde mental
A palavra-chave amizade verdadeira costuma estar ligada a elementos como respeito, reciprocidade, autenticidade e apoio emocional. Em termos práticos, isso significa ter alguém com quem seja possível falar de temas delicados sem medo de ser ridicularizado, receber escuta atenta em momentos difíceis e compartilhar alegrias, conquistas e até fracassos sem vergonha, favorecendo uma autoestima mais estável.
A presença de amizades consistentes reduz a sensação de isolamento e amplia a rede de proteção mental em situações de perda, mudança de cidade, término de relacionamento ou problemas de trabalho. Estudos clássicos, como Cohen e Wills (1985), mostram que essas relações atuam como um “amortecedor” do estresse, diminuindo o impacto psicológico de eventos adversos e reduzindo o risco de sintomas ansiosos e depressivos quando comparadas ao isolamento social prolongado.
Para aprofundarmos o tema, trouxemos o vídeo do especialista Pedro Loos:
@opedroloos POR QUE VOCÊ DEVERIA TER AMIGOS 🫂 Ter amizades consegue nos ajudar a evitar diversos problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade. E de bônus nós ainda ganhamos diversos conselhos, como o de que usar @LISTERINE® Brasil duas vezes ao dia ajuda a eliminar até 99,9% dos germes que causam o bafinho matinal. Feliz dia da amizade! #amigos #amizade #psicologia #conhecimento #ciencia ♬ original sound – Pedro Loos
Como a comunicação fortalece ou desgasta a amizade verdadeira
Embora muitos conflitos sejam atribuídos a “grandes traições”, a experiência clínica mostra que, com frequência, o que mais fere são detalhes de comunicação. Comentários aparentemente inofensivos, falta de resposta em momentos importantes ou piadas repetidas sobre temas sensíveis podem ser interpretados como desinteresse ou falta de respeito, afetando diretamente a segurança emocional na relação.
Em uma amizade verdadeira, a forma de dizer pesa tanto quanto o conteúdo. Frases que minimizam emoções, culpam apenas a “sensibilidade” do outro ou o silêncio prolongado em situações críticas são vividos como rejeição emocional. Em contrapartida, perguntar como o outro está, explicar quando não é possível estar presente e reconhecer quando algo machucou preserva a confiança e incentiva um diálogo honesto e empático.
Quais atitudes silenciosas prejudicam a amizade verdadeira
Nem sempre o desgaste da amizade verdadeira acontece por frases diretas e explosivas. Em muitos casos, pequenos comportamentos repetidos ao longo do tempo corroem a proximidade de forma discreta, como a falta de interesse genuíno, a dificuldade em pedir desculpas ou o hábito de nunca se abrir de maneira pessoal, o que transmite uma sensação de distanciamento afetivo.
Esses gestos silenciosos passam a mensagem de que a relação é pouco segura, mesmo quando não são intencionais. Em termos de apoio social, são justamente essas ausências — não perguntar, não acompanhar, não validar — que podem ser percebidas como sinais de rejeição emocional e fragilidade no vínculo, especialmente em fases de maior vulnerabilidade psicológica.
- Não celebrar conquistas: quando uma notícia positiva é recebida com indiferença ou entusiasmo forçado, a pessoa pode sentir que seus avanços não importam.
- Evitar o pedido de perdão: reconhecer que uma atitude magoou o outro não exige admitir culpa absoluta, mas validar o impacto que aquilo teve.
- Não perguntar nada: a ausência de interesse explícito, como não checar se alguém está bem após um período difícil, é frequentemente vivida como descaso e pode ser interpretada como rejeição emocional, especialmente em fases sensíveis.
- Manter-se sempre na superfície: quando só um lado compartilha dúvidas, medos ou planos, a relação se desequilibra e perde profundidade ao longo do tempo.

Como cuidar de uma amizade verdadeira na prática em 2025
Diante de rotinas cheias, múltiplos compromissos e comunicação cada vez mais digital, manter uma amizade verdadeira em 2025 exige decisões conscientes. Não se trata de estar disponível o tempo todo, mas de demonstrar presença com gestos realistas e consistentes, tanto no presencial quanto no online, construindo uma sensação de continuidade e confiança ao longo dos anos.
Algumas atitudes simples ajudam a traduzir esse cuidado em ações concretas e adaptadas ao cotidiano atual, em que tempo e atenção são recursos escassos. Ao criar pequenos rituais de contato e revisar a própria forma de se comunicar, torna-se possível fortalecer um apoio mútuo duradouro e reduzir a chance de que a falta de apoio seja sentida como rejeição emocional.
- Reservar momentos específicos: combinar um encontro mensal, uma ligação quinzenal ou uma chamada de vídeo em datas marcadas ajuda a manter o contato vivo.
- Responder a mensagens importantes: mesmo um retorno curto, explicando a falta de tempo e prometendo falar depois, mostra consideração pelas emoções compartilhadas e evita que o outro sinta que seu pedido de ajuda foi ignorado.
- Dar espaço a emoções diferentes: permitir que o outro fique triste, irritado ou confuso sem desqualificar o que sente contribui para um ambiente seguro.
- Celebrar marcos da vida: mudanças de trabalho, aniversários, processos de luto ou decisões importantes podem ser pontos de aproximação quando lembrados e acolhidos.
- Revisar o próprio comportamento: observar se há tendência a generalizar críticas, minimizar sentimentos ou desaparecer em períodos sensíveis ajuda a ajustar a forma de se relacionar e diminui a chance de que a falta de apoio seja sentida como rejeição emocional.
Referências bibliográficas
COHEN, Sheldon; WILLS, Thomas A. Stress, social support, and the buffering hypothesis. Psychological Bulletin, Washington, v. 98, n. 2, p. 310-357, 1985.
FEENEY, Judith A.; COLLINS, Nancy L. A new look at social support: a theoretical perspective on thriving through relationships. Personality and Social Psychology Review, v. 19, n. 2, p. 113-147, 2015.









