A retenção de líquidos, ou inchaço, é um desconforto comum, muitas vezes ligado a fatores como o ciclo menstrual ou o consumo excessivo de sal. Nesse contexto, chás diuréticos, como o de dente-de-leão, são popularmente procurados. É crucial e inegociável afirmar desde o início, com a máxima seriedade: a retenção de líquidos persistente ou severa (edema), especialmente nas pernas, pode ser um sinal de doenças graves no coração, fígado ou rins e exige uma avaliação médica imediata.
Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em evidências, o que a ciência diz sobre o potencial diurético do dente-de-leão para o alívio do inchaço leve e ocasional, e, mais importante, porque seu uso sem supervisão médica para a “saúde dos rins” pode ser perigoso.
Como o chá de dente-de-leão atua como um diurético natural?

O dente-de-leão (Taraxacum officinale) é uma planta com um longo histórico de uso na medicina tradicional como um diurético natural. Um diurético é uma substância que ajuda a aumentar o volume de urina, auxiliando o corpo a eliminar o excesso de sódio e água.
Acredita-se que os compostos presentes na planta estimulem os rins a filtrarem mais água e sal do sangue. Uma característica interessante do dente-de-leão é que ele é uma fonte natural de potássio. Isso é relevante porque muitos medicamentos diuréticos podem levar à perda de potássio, enquanto o dente-de-leão fornece o mineral, ajudando a manter o equilíbrio eletrolítico.
O que as pesquisas científicas dizem sobre sua eficácia?
As evidências científicas de alta qualidade em humanos sobre a eficácia do dente-de-leão como diurético ainda são limitadas. Seu uso é, em grande parte, baseado em séculos de aplicação na medicina tradicional e em estudos com animais.
Um pequeno estudo piloto em humanos, publicado no Journal of Alternative and Complementary Medicine, observou um aumento significativo na frequência urinária nos participantes após o consumo de um extrato de folha de dente-de-leão. No entanto, os próprios pesquisadores ressaltam que estudos maiores e mais robustos são necessários para confirmar esses achados e estabelecer uma dose segura e eficaz.
“Saúde dos rins”: o que isso realmente significa neste contexto?
Este é um ponto de segurança crítico. Para uma pessoa com rins saudáveis, o efeito diurético suave do chá de dente-de-leão pode ajudar a eliminar o excesso de líquido de um dia de consumo elevado de sal, por exemplo. Nesse sentido, ele apoia a função normal dos rins.
No entanto, para uma pessoa que já tem uma doença renal crônica (DRC), a situação é o oposto e o uso de diuréticos sem prescrição é extremamente perigoso. Rins comprometidos têm dificuldade em gerenciar o delicado equilíbrio de fluidos e eletrólitos do corpo. O uso de um diurético não controlado pode desestabilizar gravemente esse sistema, sobrecarregando os rins e piorando a condição.
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Quais são os riscos e as contraindicações do uso do dente-de-leão?
“Natural” não significa seguro para todos. O dente-de-leão pode apresentar riscos e não é adequado para certas pessoas.
Interações medicamentosas
Pode interagir com medicamentos diuréticos prescritos, potencializando seu efeito. Também pode interagir com lítio, medicamentos para diabetes e anticoagulantes.
Reações alérgicas
Pessoas alérgicas a plantas da mesma família, como a ambrósia, o crisântemo ou a margarida, podem ter uma reação alérgica ao dente-de-leão.
Problemas na vesícula biliar
O dente-de-leão pode estimular a produção de bile, o que pode ser um problema para pessoas com cálculos biliares ou obstrução do ducto biliar.
Contraindicado para quem tem doença renal
Como mencionado, o uso sem supervisão médica é perigoso.
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Quando a retenção de líquidos é um sinal de alerta que não pode ser ignorado?
Conforme alertado por instituições de saúde como a National Kidney Foundation, a retenção de líquidos (edema) deixa de ser um simples inchaço e exige uma consulta médica imediata se:
- For persistente, diária e não melhorar.
- Ocorrer principalmente nas pernas e tornozelos, deixando uma marca quando a pele é pressionada.
- For acompanhada de falta de ar, tosse ou dificuldade para respirar ao deitar (sinais de alerta para problemas cardíacos).
- For acompanhada de uma diminuição significativa do volume de urina.
O autotratamento da retenção de líquidos com chás diuréticos é uma prática arriscada que pode mascarar e atrasar o diagnóstico de uma condição grave. A única abordagem segura é procurar um médico, como um cardiologista ou nefrologista, para investigar a causa do inchaço e receber o tratamento correto.









