O chá de hibisco ganhou imensa popularidade por seu sabor agradável e, principalmente, por suas alegações de benefícios à saúde, como o controle da pressão arterial. É crucial e inegociável afirmar desde o início: o uso de qualquer erva com fins terapêuticos de forma diária é uma intervenção de saúde e deve ser obrigatoriamente discutido com um médico. “Natural” não significa isento de riscos.
Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em evidências, o que a ciência diz sobre os efeitos do consumo regular de chá de hibisco, apresentando tanto os benefícios modestos observados em estudos quanto os riscos e contraindicações que exigem máxima atenção.
Qual o principal efeito do consumo regular na pressão arterial?

Este é o benefício mais estudado do chá de hibisco. Diversos ensaios clínicos e revisões sistemáticas encontraram que o consumo diário de chá de hibisco pode levar a uma redução modesta, porém significativa, da pressão arterial em pessoas com pré-hipertensão ou hipertensão leve.
Acredita-se que este efeito se deva a uma combinação de mecanismos: um leve efeito diurético, que ajuda o corpo a eliminar sódio e água, e a ação de seus antioxidantes (antocianinas), que podem promover o relaxamento dos vasos sanguíneos. Conforme aponta a American Heart Association, embora promissor, o chá de hibisco não substitui a medicação prescrita e deve ser visto como um complemento a um estilo de vida saudável.
Como o chá de hibisco pode impactar os níveis de colesterol?
Além da pressão arterial, as propriedades antioxidantes do hibisco também podem beneficiar outros marcadores da saúde do coração. Alguns estudos em humanos e animais sugerem que o consumo regular de extrato ou chá de hibisco pode ajudar a:
- Reduzir os níveis de colesterol LDL (o “colesterol ruim”).
- Diminuir os níveis de triglicerídeos.
Acredita-se que os polifenóis presentes na planta ajudam a prevenir a oxidação do LDL e a modular o metabolismo das gorduras no fígado. No entanto, as evidências nesta área são menos robustas do que as para a pressão arterial.
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O que a ciência diz sobre seu efeito “protetor” para o fígado?
Esta é uma área de grande controvérsia e que exige cautela. Alguns estudos em animais sugeriram que os antioxidantes do hibisco poderiam ter um efeito hepatoprotetor, ajudando a proteger o fígado contra certos tipos de danos.
No entanto, essa alegação deve ser vista com extrema reserva. O fígado é o principal órgão de metabolização do corpo, e o consumo excessivo e crônico de qualquer substância, incluindo chás de ervas, pode representar uma sobrecarga. Existem relatos de casos que associam o consumo exagerado de hibisco a uma potencial tensão hepática. Portanto, a ideia de que o chá “desintoxica” ou protege o fígado não é comprovada e pode ser perigosa se levar a um consumo sem moderação.
Quais são os riscos e as contraindicações do uso diário?
Este é o ponto mais crítico. O consumo diário de chá de hibisco não é seguro para todos e apresenta riscos significativos.
Interações medicamentosas
O chá de hibisco pode interagir perigosamente com medicamentos diuréticos e anti-hipertensivos, causando quedas bruscas e perigosas na pressão arterial ou desequilíbrios eletrolíticos.
Risco para a gravidez
O hibisco pode ter efeitos sobre os hormônios e estimular o fluxo sanguíneo uterino, sendo contraindicado na gravidez.
Potencial sobrecarga hepática (em excesso)
Como mencionado, o consumo exagerado e a longo prazo pode sobrecarregar o fígado.
Efeito hipotensor
Para pessoas que já têm pressão arterial baixa (hipotensão), o consumo regular pode piorar os sintomas, como tonturas e fraqueza.
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Apenas o chá de hibisco é suficiente para a saúde do coração?
A resposta é um enfático e inequívoco NÃO. A saúde cardiovascular é complexa e depende de uma abordagem de estilo de vida completa e comprovada, que inclui uma dieta com baixo teor de sódio, a prática regular de exercícios, o controle do peso e a cessação do tabagismo.
O chá de hibisco, na melhor das hipóteses, é um pequeno componente de suporte dentro desse universo. Se você tem hipertensão, colesterol alto ou qualquer outra condição cardiovascular, o acompanhamento com um médico cardiologista é indispensável. A decisão de incluir o chá de hibisco em sua rotina diária deve ser obrigatoriamente discutida com seu médico, que poderá avaliar os riscos e garantir que não haverá interações com seu tratamento.









