A vitamina D é frequentemente associada à saúde de idosos, mas sua importância começa muito antes, na infância e na juventude, períodos críticos para a construção das bases da saúde futura. É crucial e inegociável afirmar desde o início: este artigo é para fins informativos e não substitui uma consulta com um médico pediatra ou clínico. A suplementação de vitamina D em jovens sem diagnóstico e prescrição pode ser perigosa.
Longe de ser apenas a “vitamina dos ossos”, a vitamina D atua como um hormônio que regula centenas de genes, tendo um papel profundo na prevenção de “doenças silenciosas” — condições que se desenvolvem ao longo de anos sem sintomas óbvios. Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em ciência, o papel fundamental da vitamina D na saúde óssea e imunológica dos jovens.
Como a vitamina D atua na “poupança” de massa óssea durante a juventude?

A infância e a adolescência, até o início da vida adulta, são a janela de oportunidade mais importante para construir ossos fortes. É nesse período que atingimos o nosso pico de massa óssea, que pode ser comparado a fazer um depósito em uma “conta poupança” para os ossos. Quanto maior for esse depósito, menor será o risco de desenvolver osteoporose e fraturas na velhice.
O principal “tijolo” para essa construção é o cálcio, mas a vitamina D é o “cimento” indispensável. Conforme detalhado pelo National Institutes of Health (NIH), a principal função da vitamina D é promover a absorção de cálcio no intestino. Sem vitamina D suficiente, o cálcio da alimentação não é aproveitado de forma eficaz, comprometendo a mineralização óssea durante a fase mais crucial do desenvolvimento esquelético.
Qual a conexão entre a vitamina D e a maturação do sistema imunológico?

O sistema imunológico de uma criança e de um jovem está em constante aprendizado e maturação. A vitamina D atua como uma moduladora da resposta imune, ajudando a “educar” as células de defesa a diferenciarem o que é do corpo e o que é um invasor.
Estudos epidemiológicos de grande escala têm encontrado uma forte associação entre níveis baixos de vitamina D na infância e um risco aumentado de desenvolvimento de doenças autoimunes mais tarde na vida, como o diabetes tipo 1, a esclerose múltipla e a doença inflamatória intestinal. Acredita-se que a suficiência de vitamina D durante a juventude seja um fator importante para programar uma resposta imune equilibrada e tolerante, prevenindo ataques ao próprio corpo.
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A deficiência de vitamina D em jovens é uma realidade?
Sim, e é uma preocupação de saúde pública global. Apesar da imagem de jovens passando tempo ao ar livre, o estilo de vida moderno contribui significativamente para a deficiência de vitamina D nesta população.
Baixa exposição solar
A principal fonte de vitamina D é a produção na pele pela exposição aos raios UVB. O aumento do tempo de tela e a diminuição das atividades ao ar livre são fatores de risco primários.
Uso de protetor solar
Embora seja uma medida essencial e inegociável para a prevenção do câncer de pele, o protetor solar bloqueia os raios UVB necessários para a síntese da vitamina.
Peles mais escuras
A melanina, o pigmento que dá cor à pele, atua como um filtro solar natural, o que significa que pessoas com tons de pele mais escuros precisam de mais tempo de exposição solar para produzir a mesma quantidade de vitamina D.
Obesidade
A vitamina D é lipossolúvel e pode ficar “presa” no tecido adiposo, diminuindo sua disponibilidade no sangue.
Quais os benefícios de garantir níveis adequados de vitamina D na juventude?
Manter a suficiência de vitamina D durante os anos de crescimento é um investimento com retornos para a vida toda.
- Construção de um esqueleto forte e prevenção futura da osteoporose.
- Suporte à maturação de um sistema imunológico equilibrado e resiliente.
- Melhora da força muscular e da performance física.
- Potencial papel na saúde mental e na prevenção de transtornos de humor.
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A suplementação de vitamina D é recomendada para todos os jovens?
A resposta é não, apenas com diagnóstico e prescrição médica. A automedicação com vitamina D é perigosa, pois o excesso (toxicidade) pode causar o acúmulo de cálcio no sangue (hipercalcemia), levando a danos nos rins e no coração.
A única maneira segura de saber se uma criança ou jovem precisa de suplementação é através de uma consulta com um médico pediatra ou clínico geral. Ele poderá avaliar os fatores de risco e, se necessário, solicitar um exame de sangue para medir os níveis da vitamina. Com base no resultado, o médico prescreverá a dose correta e segura, se a suplementação for indicada. Recomendações de associações como a American Academy of Pediatrics (AAP) já sugerem a suplementação para bebês, mas a dosagem deve ser sempre individualizada.









