Respirar pela boca durante o exercício parece instintivo, mas a respiração nasal é uma técnica que otimiza a oxigenação. Ela força o corpo a usar o oxigênio de forma mais eficiente, impactando diretamente o desempenho e a resistência.
Por que respirar pela boca parece mais fácil, mas é menos eficiente?
A respiração oral (pela boca) é a resposta do corpo ao “pânico”. Ela permite um volume de ar maior e mais rápido, o que é útil em sprints de emergência, mas é insustentável.
Esse ar é “barato”: é frio, seco e não filtrado, irritando as vias aéreas. Mais importante, ele leva à hiperventilação, onde exalamos muito dióxido de carbono (CO2).
Paradoxalmente, precisamos de CO2 no sangue para que a hemoglobina libere o oxigênio para os músculos (Efeito Bohr). Ao hiperventilar pela boca, “prendemos” o oxigênio no sangue, levando à fadiga muscular e à sensação de “fome de ar”.
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Qual é o “superpoder” da respiração nasal?
O nariz não é apenas um filtro; ele é um produtor de Óxido Nítrico (NO). O NO é um potente vasodilatador (relaxa os vasos sanguíneos) e broncodilatador (abre as vias aéreas inferiores).
Ao inspirar pelo nariz, levamos esse NO para os pulmões. Isso melhora a circulação pulmonar e aumenta a absorção de oxigênio no sangue em até 18%.
O nariz também aquece, umidifica e filtra o ar. Isso reduz a inflamação e o estresse no sistema respiratório, prevenindo a “boca seca” e a irritação durante o exercício.

A respiração nasal pode realmente fortalecer o diafragma?
Sim. As narinas oferecem mais resistência ao fluxo de ar do que a boca. Para puxar o ar contra essa resistência, o corpo é forçado a usar o diafragma (o principal músculo respiratório) de forma mais profunda e eficiente.
Isso contrasta com a respiração oral, que favorece os músculos acessórios do peito e pescoço (respiração superficial). Um diafragma mais forte significa respirações mais eficientes, maior capacidade pulmonar e menos fadiga respiratória no esforço.
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Como isso impacta a frequência cardíaca e a resistência?
A respiração nasal, por ser mais lenta e profunda, ativa o sistema nervoso parassimpático (o modo “descansar e digerir”). Isso ajuda a manter a frequência cardíaca mais baixa e o corpo mais calmo durante o esforço.
Isso permite que o atleta mantenha o esforço aeróbico (queima de gordura) por mais tempo antes de atingir o “limiar anaeróbico” (onde o corpo entra em pânico), melhorando a resistência (stamina).
A tabela abaixo resume as diferenças fisiológicas:
| Característica | Respiração Oral (Boca) | Respiração Nasal (Nariz) |
| Ativação | Sistema Simpático (Estresse) | Sistema Parassimpático (Calma) |
| Absorção de O2 | Menor (Hiperventilação) | Maior (via Óxido Nítrico) |
| Músculo Principal | Peito / Pescoço (Superficial) | Diafragma (Profundo) |
Como posso começar a treinar a respiração nasal?
@portaldrauziovarella Será mesmo que você sabe como respirar? 😮💨 #respiracao #pulmao #drauziovarella ♬ som original – Portal Drauzio
A transição pode ser desconfortável, pois o corpo está viciado em respirar pela boca. O segredo é começar devagar, em atividades de baixa intensidade (como caminhada), focando em manter a boca fechada.
Quando a sensação de “fome de ar” (air hunger) surgir, reduza a intensidade, não abra a boca. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda atividade física regular, e otimizar a respiração torna essa atividade mais sustentável.
Práticas para iniciar a transição:
- Comece em atividades de baixa intensidade (caminhada, ioga, aquecimento).
- Use tapes (fitas) bucais específicas apenas durante o sono (com orientação) para treinar o corpo.
- Foque em expirar lentamente pelo nariz também, para aumentar a tolerância ao CO2.
- Se precisar respirar pela boca, tente inspirar pelo nariz e expirar pela boca (técnica mista).
Benefícios de longo prazo da respiração nasal:
- Aumento da resistência aeróbica (stamina).
- Redução da frequência cardíaca em repouso e durante o esforço.
- Melhora da recuperação pós-exercício.
- Diminuição da ansiedade e estresse induzidos pelo exercício.








