Dr. Cesar Cimonari, Neurocirurgião.
A Cirurgia Cerebral é uma prática médica delicada e essencial no tratamento de diversos tipos de tumores do sistema nervoso central (SNC). Estas intervenções são altamente complexas devido à sensibilidade das áreas onde os tumores frequentemente se localizam, como o cérebro. No Brasil, o câncer de cérebro representa uma parte significativa dos diagnósticos oncológicos, excluindo-se o câncer de pele não melanoma. Os tumores bastantes comuns no SNC são em grande parte os gliomas, que incluem subtipos como glioblastomas, astrocitomas e oligodendrogliomas, afetando geralmente os lobos frontal e temporal responsáveis pelo controle da fala e da função motora.
A principal abordagem terapêutica para tratar esses tumores envolve uma cirurgia chamada craniotomia, que em muitos casos pode ser realizada com o paciente acordado, um procedimento conhecido como “awake surgery”. Esta técnica, que permite interação direta com o paciente durante a remoção do tumor, tem sido empregada há mais de três décadas. Sua execução visa proporcionar maior segurança, especialmente em cirurgias sobre áreas críticas do cérebro.
Por que a craniotomia consciente é importante?
Esta modalidade de cirurgia torna-se crucial quando ocorre a necessidade de operar em regiões cerebrais vitais. A presença de um paciente consciente durante o procedimento permite um monitoramento contínuo das funções cerebrais. Ao interagir com os médicos por meio de avaliações verbais e motoras durante a cirurgia, é possível minimizar riscos e danos às funções neurológicas. O Dr. Pedro Deja, presidente de um renomado instituto de neurocirurgia, destaca que essa técnica não só garante maior precisão cirúrgica, mas também reduz a probabilidade de sequelas como a perda da fala ou movimentos.
Como é feito o procedimento em pacientes acordados?

Durante a cirurgia, o paciente permanece com a cabeça fixada ao equipamento cirúrgico, permitindo aos médicos acesso ao cérebro sem causar dor, uma vez que o tecido cerebral não possui receptores para dor. Embora uma leve pressão ou vibração possa ser sentida, analgesia local é aplicada nas camadas superficiais como pele e ossos, o que assegura conforto ao paciente. Em hospitais do Brasil, esta técnica é realizada em unidades especializadas tanto do setor público como privado.
Quem é candidato à craniotomia consciente?
Não todos os pacientes são candidatos ideais para essa cirurgia. A compatibilidade do paciente para o procedimento é avaliada por neurocirurgiões com base em aspectos como o tipo e a localização do tumor, além da disposição do paciente em participar ativamente do processo. A sensação de tranquilidade e compreensão sobre o que esperar durante a cirurgia é vital para o sucesso do método. Uma avaliação neuropsicológica completa também é necessária para assegurar que o paciente possa colaborar eficazmente durante o procedimento.
A cirurgia acordada no cenário hospitalar brasileiro
No contexto brasileiro, a abordagem de cirurgia cerebral acordada é uma prática estabelecida e utilizada para melhorar os resultados terapêuticos e a recuperação dos pacientes. A técnica, sustentada por anos de pesquisa e inovação na neurocirurgia, transformou a forma como muitos tipos de tumores são tratados, fornecendo esperanças renovadas aos pacientes. O compromisso contínuo com a excelência cirúrgica e a introdução de tecnologia avançada garantem uma abordagem dinâmica e eficaz para o enfrentamento de tumores cerebrais críticos.








