Ao longo da história, a intrigante Sensação de Estar Sendo Observado tem capturado a curiosidade de muitos. Quem nunca experimentou aquela leve tensão na nuca, como se um par de olhos estivesse fixado em si, apenas para se virar e confirmar que realmente estava sendo observado? Esta percepção instintiva já foi objeto de estudo desde 1898, quando o professor de psicologia Edward Titchener notou estudantes convencidos de que podiam ‘sentir’ um olhar por trás.
A questão se prendia a algo mais do que mera coincidência ou imaginação fértil? Diversas investigações ao longo dos anos tentaram responder a esta pergunta, mas os resultados têm sido variados. Em 1912-1913, por exemplo, um estudo na Universidade de Stanford tentou verificar a existência deste fenômeno. A conclusão foi de que a percepção de estar sendo observado não teve respaldo empírico significativo.
É possível detectar olhares?
A discussão sobre a capacidade humana de perceber um olhar focado ainda persiste. Em 1959, pesquisas lideradas por Johannes Poortman apresentaram resultados que sugeriam uma taxa de acerto de 59,55% nos experimentos de detecção de olhares, considerada promissora para a época. No entanto, ao longo dos anos, essa ideia não conquistou consenso científico. Especialistas céticos geralmente descartam a existência de um verdadeiro “efeito de olhar fixo”, enquanto os crentes se apoiam nas exceções às regras.

Qual o viés de confirmação e percepção?
Atualmente, muitos cientistas acreditam que a Sensação de Estar Sendo Observado pode ser explicada por processos psicológicos, como o viés de confirmação. Harriet Dempsey-Jones, em um artigo de 2016, sugere que nossa interpretação do mundo é influenciada por preconceitos inconscientes. Assim, quando nos viramos e percebemos alguém olhando para nós, nossa memória tende a reforçar essa percepção, mesmo que o observador só tenha voltado o olhar para nós após detectarmos o movimento em nosso campo de visão periférico.
Por que a sensação persiste?
A persistência desta sensação misteriosa pode ser atribuída à cognição humana e à capacidade de reescrever memórias. A dissonância cognitiva, por exemplo, ocorre quando há uma incongruência entre o que sentimos e o que percebemos, levando-nos a ajustar mentalmente nossos registros para alinhar nossas expectativas com as realidades vividas.
O que a ciência diz hoje?
Atualmente, a pesquisa científica tende a desvalorizar a existência de habilidades “psíquicas” em detectar olhares. O que pode ser percebido é mais relacionado a padrões comportamentais e contextos nos quais estamos inseridos. Mesmo que essa sensação continue a alimentar teorias e debates, a ciência não encontrou evidências concretas de que possamos magicamente detectar o olhar alheio.
Dessa forma, a ideia de que nossos sentidos podem captar algo além da percepção física direta permanece mais ligada à cultura do que à realidade factual. Uma compreensão mais realista sobre a Sensação de Estar Sendo Observado resguarda um espaço tanto para a ciência quanto para curiosidades humanas inexploradas.
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Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
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