Você sente que está cada vez mais distraído, com dificuldade de focar ou pensar com clareza? A culpa pode ser da chamada “cultura do apodrecimento cerebral” — ou brain rot, em inglês — um fenômeno crescente na era digital que pode estar afetando sua mente mais do que você imagina.
O que é brain rot e por que está se popularizando?
O termo brain rot, ou “apodrecimento cerebral”, surgiu de forma irônica na internet para descrever o estado de quem consome conteúdos rasos e repetitivos por horas — especialmente vídeos curtos, memes em excesso e rolagens infinitas nas redes sociais. O termo ganhou força nas gerações mais jovens, que usam a expressão como um “autoaviso” divertido para um comportamento que, na prática, pode ser preocupante.
Brain rot é a sensação de que o cérebro está enfraquecendo por excesso de estímulos digitais irrelevantes, levando à perda de foco, memória fraca, dificuldades cognitivas e até mudanças de humor. Apesar do tom cômico nas redes, psicólogos e neurocientistas estão cada vez mais atentos aos efeitos reais dessa cultura.
- O termo é comum no TikTok, Twitter/X e fóruns como Reddit
- É usado para descrever o vício em conteúdo sem profundidade e o esgotamento mental digital

Quais são os sinais de que seu cérebro pode estar “apodrecendo”?
Embora não seja um diagnóstico médico formal, o brain rot tem sinais bastante claros que podem indicar sobrecarga cerebral causada por estímulo constante e sem pausa. O hábito de alternar rapidamente entre diferentes vídeos, mensagens e notificações pode prejudicar o funcionamento cognitivo ao longo do tempo.
Falta de atenção, procrastinação constante, irritabilidade e confusão mental são alguns dos sintomas relatados. Muitas pessoas também sentem dificuldade em concluir tarefas simples ou em aproveitar momentos de silêncio.
- Sensação de “mente nublada” e dificuldade para pensar com clareza
- Vício em checar redes sociais mesmo sem necessidade
Confira o vídeo abaixo do Doutor Drauzio Varella, no perfil do TikTok @portaldrauziovarella, explicando o que é o termo “brain rot” e como o uso de telas pode estar apodrecendo seu cérebro.
Como o consumo digital excessivo afeta o funcionamento do cérebro?
O cérebro humano evoluiu para focar em uma tarefa por vez e alternar entre foco e descanso. Porém, com a avalanche de estímulos digitais, esse equilíbrio é rompido. O resultado? Estresse mental constante, dopamina em excesso e queda da capacidade de concentração a longo prazo.
Estudos indicam que o uso contínuo de mídias rápidas, como vídeos curtos e timelines infinitas, ativa o sistema de recompensa do cérebro, levando à liberação constante de dopamina. Com o tempo, o cérebro começa a “pedir” estímulos cada vez mais rápidos, reduzindo a tolerância ao tédio e ao pensamento profundo.
Veja abaixo uma tabela com impactos cognitivos do consumo digital excessivo:
| Estímulo digital constante | Impacto no cérebro |
|---|---|
| Rolagem infinita (scrolling) | Redução da concentração e atenção |
| Notificações constantes | Aumento do estresse e fragmentação do foco |
| Consumo de vídeos curtos | Dificuldade em processar conteúdos mais longos |
| Falta de pausas ou silêncio | Exaustão mental e aumento da ansiedade |
| Multitarefas com telas | Queda na produtividade e memória operacional |
Existe como reverter os efeitos do brain rot?
Sim. Apesar do nome alarmante, os impactos do brain rot são reversíveis com mudanças simples nos hábitos diários. O primeiro passo é reconhecer o padrão de uso excessivo e redirecionar a atenção para atividades que exigem presença e profundidade.
Limitar o tempo de tela, cultivar momentos offline e praticar atenção plena (mindfulness) são estratégias eficazes para desacelerar o cérebro e recuperar o foco. Práticas como leitura, exercícios físicos e hobbies analógicos também ajudam a “desintoxicar” a mente.
- Faça pausas regulares longe das telas (técnica Pomodoro é uma opção eficaz)
- Priorize conteúdos que exijam raciocínio e reflexão, como livros ou documentários

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Como ter uma relação mais saudável com o digital sem abrir mão da tecnologia?
Não é necessário abandonar o celular ou as redes sociais para ter uma mente saudável. A chave está no uso consciente e equilibrado da tecnologia. Criar limites, ter momentos offline e ser seletivo com o conteúdo consumido são atitudes que protegem sua saúde mental sem excluir o digital da sua vida.
Além disso, usar ferramentas que auxiliam no controle de tempo de tela, como modos “foco” ou “não perturbe”, pode fazer uma grande diferença. O importante é usar a tecnologia a seu favor — e não o contrário.
- Programe horários específicos para checar redes sociais
- Troque parte do tempo online por atividades com interação humana real










