A alcachofra (Cynara scolymus L.), uma planta originária do Mediterrâneo, é muito mais do que um ingrediente culinário sofisticado; é um dos fitoterápicos mais estudados por sua ação no sistema digestivo e, em especial, no fígado. Suas propriedades curativas são mediadas por compostos bioativos potentes, como a cinarina e outros ácidos fenólicos, que oferecem benefícios terapêuticos cruciais para a proteção e até mesmo a regeneração do tecido hepático, além de otimizar a digestão.
Este artigo explora as principais propriedades curativas da alcachofra, com foco em:
- Seu notável efeito hepatoprotetor, que defende as células do fígado contra toxinas e danos.
- A ação colerética e colagoga, que estimula a produção e a eliminação da bile.
- O potencial antioxidante, que atua na prevenção da peroxidação lipídica.
Efeito hepatoprotetor e regeneração do tecido hepático
A principal propriedade curativa da alcachofra é seu intenso efeito hepatoprotetor. Os compostos fenólicos, especialmente a cinarina, atuam na proteção das células do fígado (hepatócitos) contra os danos causados por toxinas e estresse oxidativo. Estudos pré-clínicos sugerem que a alcachofra não apenas protege, mas pode também estimular a regeneração do tecido hepático, tornando-a um recurso valioso no manejo de condições como a esteatose hepática (gordura no fígado). De acordo com o renomado especialista em fitoterapia, J. E. B. de Oliveira:
“A ação hepatoprotetora da alcachofra é atribuída à cinarina e outros compostos fenólicos, que estimulam a regeneração do tecido hepático e previnem a peroxidação lipídica nas células do fígado” (OLIVEIRA, 2018).

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Ação colerética e colagoga para a digestão de gorduras
A alcachofra é classicamente utilizada por suas propriedades coleréticas e colagogas. A cinarina e os ácidos orgânicos são princípios ativos que estimulam a produção de bile pelo fígado (colerética) e promovem a sua secreção e eliminação da vesícula biliar para o duodeno (colagoga). O fluxo adequado da bile é essencial para a digestão e absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis, aliviando desconfortos digestivos como gases, inchaço abdominal e dispepsia. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),
“A ação da alcachofra consiste na diminuição dos sintomas dos males do fígado. Este medicamento possui ação colagoga, ou seja, estimula a secreção da bile do ducto biliar para o duodeno, e colerética, estimulando a produção de bile pelo fígado” (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2007).
Potencial antioxidante e inibição do estresse oxidativo
A elevada concentração de compostos fenólicos (flavonoides, cinarina e ácido clorogênico) confere à alcachofra uma notável ação antioxidante. Essa propriedade terapêutica é crucial no contexto hepático, pois o fígado está constantemente exposto a toxinas e radicais livres. Os antioxidantes da alcachofra neutralizam as espécies reativas de oxigênio (ERO), protegendo as células hepáticas do estresse oxidativo, o que é fundamental para a saúde a longo prazo do órgão. Uma revisão científica da Universidade de Copenhague destaca a capacidade da planta:
“A alcachofra possui um dos maiores índices de atividade antioxidante entre os vegetais, com destaque para seus compostos fenólicos que agem como ‘varredores’ de radicais livres” (LOMBARDO, 2010).
Confira o vídeo abaixo do canal Angela Xavier sobre os benefícios da alcachofra:
Alcachofra um suporte completo para o fígado
A alcachofra é um fitoterápico de inegável valor, com propriedades curativas essenciais para a saúde do sistema hepatobiliar. A validação científica de seus compostos bioativos, como a cinarina, reforça seu papel como um agente natural eficaz para a proteção e o bom funcionamento do fígado e da digestão.
- A alcachofra é um potente hepatoprotetor, com potencial para estimular a regeneração do tecido hepático e proteger contra toxinas.
- Sua ação colerética e colagoga otimiza o fluxo de bile, sendo fundamental para a digestão de gorduras e o alívio da dispepsia.
- A riqueza em compostos fenólicos confere forte ação antioxidante, combatendo o estresse oxidativo nas células do fígado.
Referências bibliográficas
- AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução RDC Nº 51, DE 15 DE AGOSTO DE 2007. Regulamento Técnico sobre Medicamentos Fitoterápicos. Brasília: Anvisa, 2007.
- LOMBARDO, R. Antioxidant capacity and phenolic compounds in artichoke (Cynara scolymus L.). Copenhagen: University of Copenhagen, 2010.
- OLIVEIRA, J. E. B. Fitoterapia e Plantas Medicinais Aplicadas. 3. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2018.









