O consumo de chá preparado a partir de folhas de Camellia sinensis faz parte da rotina de milhões de pessoas e, nos últimos anos, passou a chamar a atenção de pesquisadores por seus possíveis efeitos na saúde. Os estudos de Yang et al. (2025) indicam que uma xícara de chá coado de forma tradicional pode estar associada à proteção do coração, à redução de alguns fatores de risco metabólicos e ao apoio às funções cerebrais.
Quais são os principais benefícios do chá para a saúde
A palavra-chave central nesse debate é benefícios do chá para a saúde. Pesquisas epidemiológicas de grande porte, realizadas em países asiáticos e europeus, mostram que o hábito de tomar chá está ligado a menor mortalidade cardiovascular e, em certos grupos, a menor mortalidade geral ao longo dos anos.
Ao mesmo tempo, a literatura científica aponta diferenças importantes entre o chá verde, o chá preto e outras variações, tanto na composição química quanto no impacto sobre o organismo. Fatores como modo de preparo, temperatura da água e tempo de infusão também influenciam o teor de polifenóis e cafeína presentes na bebida.
Como o chá age no organismo e por que o chá verde se destaca
Grande parte dos benefícios do chá para a saúde é atribuída aos polifenóis, compostos bioativos com ação antioxidante. No chá verde, predominam as catequinas; já no chá preto, que passa por oxidação mais intensa, surgem teaflavinas e tearubiginas, que ajudam a neutralizar radicais livres e modular vias inflamatórias.
Além dos polifenóis, o chá contém cafeína e teanina, aminoácido exclusivo dessa planta. A combinação desses elementos está associada à melhora de atenção, vigilância e sensação de relaxamento mental, e estudos de coorte sugerem que o chá verde apresenta resultados mais consistentes para proteção cardiovascular e controle de certos marcadores metabólicos.
Quais são os benefícios do chá para o coração, metabolismo e peso
Quando se avaliam os benefícios do chá para a saúde do coração, os dados mais sólidos envolvem a redução de risco de doença cardiovascular e de mortalidade por causas cardíacas. Pesquisas observacionais apontam que o consumo diário entre aproximadamente 1,5 e 3 xícaras está associado a melhorias discretas, porém relevantes, em diferentes marcadores cardiometabólicos.
Nesse contexto, destacam-se os seguintes efeitos frequentemente observados:
- Menores níveis de colesterol LDL, o chamado “colesterol ruim”.
- Melhora da função endotelial, importante para a elasticidade dos vasos.
- Redução discreta da pressão arterial em alguns grupos.
- Menor presença de marcadores inflamatórios circulantes.
No campo do metabolismo, o chá verde e preparações ricas em catequinas demonstram efeitos modestos, porém consistentes, no controle de peso e de gordura corporal, especialmente em pessoas com sobrepeso. Em relação ao diabetes tipo 2, estudos de coorte costumam indicar risco menor entre consumidores habituais, embora os ensaios clínicos em pessoas já diabéticas não mostrem melhora clara de glicose ou insulina.

O chá pode proteger o cérebro e os músculos ao longo do envelhecimento
Outro eixo importante na discussão sobre os benefícios do chá para a saúde envolve o cérebro e o processo de envelhecimento. Dados de populações da China e do Japão indicam que o consumo frequente de chá se associa a menor declínio cognitivo e melhor desempenho em testes de memória e atenção em adultos de meia-idade e idosos.
Nesse cenário, a teanina recebe destaque, pois atravessa a barreira hematoencefálica e pode influenciar neurotransmissores ligados ao relaxamento e à concentração. Em relação à saúde muscular, estudos com extratos ricos em catequinas apontam possível manutenção ou ganho de massa e força em idosos com sarcopenia, embora sejam necessários mais ensaios clínicos robustos em humanos para definir recomendações.
Quais são os riscos do chá em suplementos e bebidas processadas
Apesar da imagem de bebida segura, os benefícios do chá para a saúde também vêm acompanhados de possíveis preocupações. O consumo de chá tradicionalmente preparado, com infusão de folhas em água quente, tende a ser considerado seguro, mas formas concentradas e processadas exigem atenção quanto à dose, qualidade do produto e presença de açúcar.
Suplementos de extrato de chá verde, em cápsulas e comprimidos, podem conter doses elevadas de catequinas, muito superiores às de uma xícara comum, e há relatos de toxicidade hepática com produtos de baixa qualidade ou uso excessivo. Bebidas adoçadas, como chás prontos, chás enlatados, “bubble tea” e versões com xaropes, concentram açúcares e aditivos, podendo neutralizar ou inverter parte dos efeitos benéficos. Além disso, a cafeína em excesso pode causar insônia, palpitações e interferir na absorção de ferro em dietas pobres nesse mineral.
Quais outros tipos de chá existem e como influenciam inflamação e defesa do organismo
Embora o foco de grande parte das pesquisas esteja no chá verde e no chá preto, outras variedades produzidas a partir da mesma planta, como Oolong, branco, escuro e amarelo, também têm sido estudadas. Experimentos em animais sugerem que o Oolong poderia ter ação mais marcante no controle de peso, enquanto o chá branco mostraria maior efeito em perfis de gordura no sangue, embora essas evidências ainda sejam limitadas.
No campo da inflamação e da imunidade, trabalhos clínicos apontam redução de marcadores inflamatórios e de estresse oxidativo em pessoas com condições crônicas que passam a consumir chá verde regularmente. Os polifenóis também demonstram ação antimicrobiana em experimentos laboratoriais, incluindo efeito sobre bactérias orais e possível interferência na entrada de diversos vírus em células, mas esses resultados in vitro não devem ser extrapolados diretamente para o dia a dia.
Referências bibliográficas
- Yang, M., Zhou, L., Kan, Z., Fu, Z., Zhang, X., Yang, C.S. (2025). Beneficial health effects and possible health concerns of tea consumption: a review. Beverage Plant Research 5: e035. DOI: 10.48130/bpr-0025-0036








