Na dinâmica dos relacionamentos, uma única conjunção pode transformar um elogio sincero em um gatilho imediato para conflitos. A premissa básica da Comunicação Não-Violenta (CNV) ensina que substituir o adversativo “mas” pelo aditivo “e” é uma das estratégias mais eficazes para desarmar defesas e validar o parceiro.
Por que o “mas” funciona como uma borracha mental?
Quando iniciamos uma frase com um elogio seguido de “mas”, a tendência neurológica do ouvinte é descartar a primeira parte e focar apenas na crítica subsequente. O “mas” atua como um sinal de alerta, indicando que a afirmação positiva anterior era apenas uma “anestesia” para a cobrança real que viria a seguir.
Isso gera uma sensação de manipulação ou invalidação. Se você diz “eu te amo, mas você nunca lava a louça”, a mensagem que chega ao outro é: “o meu amor é condicional à louça estar lavada” ou “o fato de eu te amar não importa agora, o que importa é o seu erro”.

O poder do “E”: somando realidades sem excluir sentimentos
A substituição pelo “e” permite que o carinho e a frustração ocupem o mesmo espaço sem se anularem. Ao usar essa conjunção, você comunica que o amor pelo parceiro é uma verdade sólida, e que o seu desejo por organização é outra verdade igualmente válida, que caminha ao lado da primeira.
Essa abordagem transforma o cenário de “eu contra você” para “nós dois diante de uma questão”. A inclusão conecta os sujeitos, mostrando que é possível sentir afeto por alguém e, ao mesmo tempo, querer que um comportamento específico mude.
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Como isso funciona na prática do dia a dia?
A mudança pode parecer sutil na escrita, mas o impacto sonoro e emocional é gigantesco. Ao somar as frases, você retira o peso da acusação e coloca o foco na cooperação e na necessidade futura, em vez de focar no erro passado.
Abaixo, veja comparativos claros de como essa troca altera a percepção da mensagem:
| Frase com “MAS” (Gera defesa) | Frase com “E” (Gera conexão) |
| “Te amo, mas queria que você lavasse a louça.” | “Te amo e queria que você lavasse a louça.” |
| “Você foi ótimo na festa, mas falou alto demais.” | “Você foi ótimo na festa e eu ficaria mais feliz se falasse mais baixo.” |
| “Entendo seu ponto, mas você está errado.” | “Entendo seu ponto e vejo a situação de outra forma.” |
A validação como chave para o diálogo
Adotar o “e” é um exercício de honestidade emocional que evita o ciclo de ataque e defesa. Quando o parceiro não se sente anulado pelo “mas”, ele tende a baixar a guarda e escutar o pedido com mais atenção, pois a segurança da relação foi preservada na primeira parte da frase.
Isso não significa ignorar problemas ou engolir frustrações. Pelo contrário, significa expressar suas necessidades de forma assertiva, garantindo que o outro entenda que o pedido de mudança não ameaça o vínculo afetivo que existe entre vocês.

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Uma comunicação mais leve
- O perigo da anulação: O uso do “mas” apaga o elogio anterior, fazendo o parceiro sentir que a validação foi falsa ou manipulativa.
- A força da adição: O “e” permite que você expresse amor e insatisfação simultaneamente, validando ambas as realidades.
- Foco na solução: Essa troca linguística reduz a resistência do ouvinte, facilitando a cooperação nas tarefas e resoluções domésticas.










