A ideia de que vacinas são apenas para crianças é um dos maiores e mais perigosos mitos da saúde pública. A imunização é um cuidado que deve continuar por toda a vida. Muitos adultos hoje estão vulneráveis a doenças graves e preveníveis, seja porque a proteção de vacinas da infância diminuiu com o tempo, seja porque novas recomendações surgiram.
Manter a caderneta de vacinação em dia na fase adulta é um ato de proteção individual, que te livra de doenças que podem ser muito mais graves nessa fase da vida, e também um ato de responsabilidade coletiva, ajudando a proteger as pessoas mais vulneráveis ao seu redor. Este guia vai te ajudar a entender o que você precisa para estar com a saúde em dia.
“Já tomei tudo na infância”: por que essa ideia está errada e perigosa?

A memória do nosso sistema imunológico, assim como a nossa, pode enfraquecer com o tempo. A proteção conferida por algumas vacinas recebidas na infância, como a do tétano, não é permanente e precisa de doses de reforço para continuar sendo eficaz. Sem esses reforços, você volta a ficar suscetível à doença.
Além disso, o calendário de vacinação mudou muito ao longo dos anos. Vacinas que hoje são rotineiras, como a da Hepatite B, podem não ter sido aplicadas em você na infância. Por fim, novos riscos e doenças surgem, e a necessidade de proteção muda conforme envelhecemos e nosso estilo de vida se altera, tornando a atualização da caderneta um ato contínuo de cuidado.
Tétano, sarampo, hepatite B: quais são as vacinas essenciais do calendário do adulto?
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Brasil oferece gratuitamente nos postos de saúde um conjunto de vacinas essenciais para garantir a proteção dos adultos. É fundamental verificar sua caderneta e, caso não esteja em dia, procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para se atualizar.
As principais vacinas do calendário adulto de rotina são:
- Dupla Adulto (dT): Protege contra o tétano e a difteria. Se você tem o esquema vacinal completo da infância, precisa de uma dose de reforço a cada 10 anos. Caso contrário, deve completar o esquema de três doses.
- Tríplice Viral (SCR): Protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Adultos até 29 anos devem ter duas doses comprovadas. Dos 30 aos 59 anos, é recomendada uma dose.
- Hepatite B: Se você não foi vacinado na infância, o esquema completo com três doses é recomendado para todas as faixas etárias. É uma proteção vital contra uma doença grave que afeta o fígado.
Gripe e Covid-19: por que a vacinação anual contra essas doenças é tão crucial?
Os vírus que causam a gripe (Influenza) e a Covid-19 são mestres em mutação. Eles mudam suas características a cada ano, o que significa que a vacina do ano anterior pode não ser eficaz contra as novas cepas circulantes. Por isso, a vacinação contra essas doenças precisa ser anual.
A campanha anual de vacinação contra a gripe é uma estratégia fundamental de saúde pública, especialmente para grupos de risco como idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas, para prevenir casos graves e hospitalizações. O mesmo raciocínio se aplica aos reforços da vacina contra a Covid-19, que continuam sendo essenciais para manter a proteção contra as novas variantes do vírus.
Grávidas, idosos ou viajantes: para quem existem vacinas especiais?
Além das vacinas de rotina, alguns grupos populacionais ou situações específicas exigem uma proteção adicional. O calendário de vacinação é adaptado para oferecer a melhor proteção possível em cada fase ou condição de vida.
É crucial que pessoas pertencentes a esses grupos conversem com seus médicos ou procurem um posto de saúde para receberem a orientação correta.
Vacinas para situações e grupos específicos
- Para gestantes A vacinação durante a gravidez protege a mãe e passa anticorpos para o bebê. As vacinas essenciais são a dTpa (a partir da 20ª semana, para proteger o recém-nascido da coqueluche), Hepatite B (se não for imunizada), e a vacina da Gripe (em qualquer fase da gestação).
- Para idosos (60 anos ou mais) Com o envelhecimento, o sistema imune se torna mais frágil. Além da vacina anual da Gripe, são recomendadas a Pneumocócica (que protege contra pneumonia, meningite e outras infecções graves) e a manutenção dos reforços da Dupla Adulto (dT).
- Para situações de risco ou viagens A vacina contra a Febre Amarela é obrigatória para quem vive ou vai viajar para áreas de risco no Brasil e no exterior. Desde 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que uma única dose é suficiente para proteger por toda a vida.
Qual a importância da “dose de reforço” e por que a proteção não dura para sempre?
A dose de reforço funciona como um “lembrete” para o nosso sistema imunológico. Para algumas doenças, como o tétano, a “memória” imunológica que a vacina cria vai diminuindo com o passar dos anos. A dose de reforço, aplicada a cada 10 anos, reativa essa memória e eleva novamente os níveis de anticorpos, garantindo que você continue protegido.
Sem o reforço, a proteção pode cair a níveis insuficientes, deixando você vulnerável à doença mesmo que tenha sido vacinado corretamente na infância. É por isso que manter a atenção aos prazos dos reforços é tão importante quanto ter o esquema vacinal primário completo.
Perdi minha carteirinha de vacinação, e agora? Como saber o que preciso tomar?
Esse é um problema muito comum. A primeira atitude é procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) ou o posto de saúde onde você costuma se vacinar. Muitas vezes, os registros estão informatizados e é possível resgatar seu histórico.
Caso não seja possível encontrar nenhum registro, a orientação geral do Ministério da Saúde é considerar a pessoa como não vacinada e iniciar o esquema vacinal correspondente à sua faixa etária. Não há problema em tomar uma vacina novamente caso você já tenha sido imunizado no passado. Na dúvida, vacine-se. Os profissionais de saúde do posto saberão orientar o melhor esquema para você.








