Conhecida como a “vitamina do sol”, a vitamina D é, na verdade, um pré-hormônio com funções cruciais que vão muito além da simples manutenção dos ossos. Sua presença em níveis adequados no organismo é essencial para o funcionamento de centenas de processos fisiológicos, incluindo a resposta do nosso sistema de defesa e a regulação do humor.
Apesar de sua importância, a deficiência de vitamina D é uma epidemia silenciosa que afeta uma parcela significativa da população mundial, inclusive em países ensolarados como o Brasil. Entender como obtê-la de forma natural e segura, e reconhecer por que ela é tão vital, é o primeiro passo para garantir que seu corpo tenha sempre acesso a esse poderoso recurso de saúde.
Por que a vitamina D é considerada mais que uma simples vitamina?

Diferente da maioria das vitaminas que precisamos obter exclusivamente através da dieta, nosso corpo tem a capacidade de produzir a vitamina D. Isso acontece quando nossa pele é exposta à radiação ultravioleta B (UVB) do sol. O composto sintetizado na pele é então ativado no fígado e nos rins, transformando-se em um hormônio ativo que regula a absorção de cálcio e fósforo.
É por essa capacidade de produção endógena e sua atuação em múltiplos sistemas que ela é classificada como um pré-hormônio. Sua ação se assemelha à de outros hormônios esteroides, influenciando a expressão de mais de 200 genes em nosso corpo, o que demonstra seu papel central na manutenção da saúde geral.
Qual é o verdadeiro papel do sol na produção de vitamina D?
O sol é, de longe, a nossa principal e mais eficaz fonte de vitamina D. Estima-se que cerca de 90% da vitamina que nosso corpo utiliza venha diretamente da exposição solar. Os raios UVB penetram na pele e convertem uma molécula precursora, derivada do colesterol, na forma inativa da vitamina, que então seguirá para ser ativada no organismo.
Para que essa síntese ocorra de forma eficiente, é preciso expor a pele ao sol sem o uso de protetor solar. No entanto, é fundamental equilibrar esse benefício com o risco de câncer de pele, seguindo recomendações seguras.
Como tomar sol de forma segura e eficaz para essa produção?
A recomendação para uma produção adequada de vitamina D envolve uma exposição solar curta e consciente. O melhor horário é geralmente entre 10h e 16h, quando a incidência de raios UVB é maior. O tempo necessário varia conforme o tom da pele, a estação do ano e a latitude.
Para pessoas de pele mais clara, uma exposição de 15 a 20 minutos, algumas vezes por semana, costuma ser suficiente. Pessoas de pele mais escura, por terem mais melanina (que funciona como um protetor solar natural), podem precisar de um tempo maior de exposição. É importante expor áreas como braços, pernas, costas ou abdômen, e não apenas o rosto e as mãos. Passado esse curto período, o uso de protetor solar é indispensável.
Posso obter toda a vitamina D que preciso apenas com alimentos?
Infelizmente, é muito difícil atingir os níveis ideais de vitamina D apenas com a alimentação, pois pouquíssimos alimentos são fontes naturais dessa substância. Os que contêm a vitamina geralmente a possuem em quantidades relativamente baixas.
As melhores fontes alimentares são peixes gordurosos de águas frias, como salmão, atum e sardinha, além de óleo de fígado de bacalhau. Gema de ovo e alguns cogumelos também contêm pequenas quantidades. Alimentos fortificados, como leite e iogurtes, podem ajudar, mas raramente são suficientes para suprir a necessidade diária sem o auxílio do sol ou da suplementação.
Quais são os sinais de que minha vitamina D pode estar baixa?
A deficiência de vitamina D pode ser assintomática no início, o que a torna perigosa. Quando os sintomas aparecem, eles costumam ser vagos e podem ser confundidos com outras condições. Os sinais mais comuns incluem fadiga e cansaço excessivo, dores ósseas e musculares difusas, fraqueza e alterações de humor, como tristeza ou irritabilidade.
Em crianças, a deficiência grave pode causar raquitismo. Em adultos e idosos, ela está diretamente ligada à osteomalácia (ossos moles) e à osteoporose, aumentando drasticamente o risco de fraturas. Um sistema imunológico enfraquecido, com infecções recorrentes, também pode ser um sinal de alerta.
Se a suplementação for necessária, como ela deve ser feita?
A suplementação de vitamina D nunca deve ser feita por conta própria. A superdosagem pode ser tóxica, levando a um acúmulo de cálcio no sangue (hipercalcemia), que pode causar danos aos rins, aos ossos e ao coração.
A única forma segura de saber se você precisa de suplementos é através de um exame de sangue solicitado por um médico. Com base no resultado, ele poderá prescrever a dose correta e a frequência de uso para o seu caso específico, garantindo um tratamento eficaz e livre de riscos.
- Priorize o sol seguro: Tente se expor ao sol por curtos períodos nos horários de maior incidência de UVB, sempre com bom senso.
- Inclua fontes alimentares: Consuma peixes como sardinha e salmão regularmente em sua dieta.
- Monitore sua saúde: Fique atento a sintomas como cansaço persistente e dores no corpo.
- Faça um check-up: Converse com seu médico sobre a dosagem de vitamina D no seu próximo exame de sangue de rotina.
- Não se automedique: Jamais inicie a suplementação sem um diagnóstico de deficiência e a prescrição de um profissional de saúde.








