A mostarda-castanha (Brassica juncea) é uma planta anual da família Brassicaceae, originária da Ásia Central e cultivada mundialmente por suas notáveis propriedades medicinais e culinárias. Também conhecida como mostarda-marrom, mostarda-indiana ou mostarda de Sarepta, esta espécie destaca-se pela riqueza em compostos sulfurados bioativos, especialmente glicosinolatos e isotiocianatos, que conferem suas propriedades terapêuticas reconhecidas pela ciência moderna.
As principais propriedades curativas desta planta incluem:
- Ação anti-inflamatória proporcionada pelos isotiocianatos e compostos sulfurados
- Propriedade antioxidante através dos glicosinolatos e compostos fenólicos
- Efeito hepatoprotetor que auxilia na proteção das células hepáticas
Propriedade anti-inflamatória
A mostarda-castanha apresenta potente ação anti-inflamatória devido aos isotiocianatos formados a partir dos glicosinolatos pela ação da enzima mirosinase. Estes compostos bioativos atuam modulando as vias inflamatórias e reduzindo a produção de mediadores pró-inflamatórios no organismo. Segundo recentes estudos científicos sobre plantas da família Brassicaceae,
“A mostarda apresenta efeitos anti-inflamatórios comprovados por estudos recentes, indicando sua utilidade em situações de inflamação crônica e aguda” (SILVA et al., 2025).
Os isotiocianatos presentes na mostarda-castanha, especialmente a alil-isotiocianato, são os principais responsáveis por esta propriedade, atuando na inibição de enzimas pró-inflamatórias como a ciclooxigenase e a lipoxigenase.
Ação antioxidante
A mostarda-castanha possui alta concentração de glicosinolatos e compostos fenólicos que combatem eficazmente os radicais livres no organismo. Estes fitoquímicos protegem as células contra o estresse oxidativo, prevenindo danos celulares e o envelhecimento precoce. De acordo com pesquisas sobre propriedades funcionais das crucíferas,
“Os compostos antioxidantes da planta contribuem para a redução do estresse oxidativo e prevenção de danos celulares, como demonstrado em estudos laboratoriais” (OLIVEIRA; SANTOS, 2024).
A capacidade antioxidante da mostarda-castanha é atribuída principalmente aos glicosinolatos como gluconasturtina e sinigrina, que se convertem em isotiocianatos ativos quando a planta é mastigada ou processada.

Efeito hepatoprotetor
Os compostos sulfurados presentes na mostarda-castanha exercem importante efeito hepatoprotetor, auxiliando na proteção das células hepáticas contra toxinas e processos oxidativos. Estes fitoquímicos estimulam as enzimas de desintoxicação hepática e promovem a regeneração celular. Conforme descrito em estudos sobre plantas medicinais brasileiras,
“Estudos recentes sugerem que a mostarda apresenta função hepatoprotetora devido ao elevado teor de compostos sulfurados que protegem as células hepáticas” (MARTINS, 2024).
O mecanismo hepatoprotetor envolve a ativação das enzimas de fase II da desintoxicação, como a glutationa S-transferase, que auxiliam na eliminação de substâncias tóxicas do fígado.
Benefícios para a digestão
A mostarda-castanha possui propriedades digestivas notáveis, estimulando a produção de enzimas digestivas e bile, facilitando a digestão de gorduras e proteínas. O sabor picante característico da planta estimula a secreção gástrica e melhora o processo digestivo como um todo.
Os compostos voláteis presentes na mostarda, especialmente os isotiocianatos, atuam como estimulantes digestivos naturais, melhorando o apetite e otimizando a absorção de nutrientes no trato gastrointestinal.
Propriedade antimicrobiana
Os isotiocianatos derivados da mostarda-castanha demonstram potente atividade antimicrobiana contra diversos patógenos, incluindo bactérias, fungos e vírus. Esta propriedade é tradicionalmente utilizada na conservação de alimentos e no combate a infecções.
A ação antimicrobiana é especialmente pronunciada contra bactérias gram-positivas e fungos, sendo o alil-isotiocianato o composto mais ativo. Esta propriedade explica o uso tradicional da mostarda como conservante natural.
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Efeito expectorante e respiratório
A mostarda-castanha possui propriedades expectorantes que auxiliam na eliminação de secreções das vias respiratórias. Os compostos voláteis da planta, quando inalados, promovem a fluidificação do muco e facilitam sua expectoração.
O efeito expectorante é mediado pela irritação benéfica das mucosas respiratórias causada pelos isotiocianatos voláteis, estimulando reflexos que promovem a limpeza das vias aéreas.
Propriedade rubefaciente
A aplicação tópica da mostarda-castanha produz efeito rubefaciente, aumentando a circulação sanguínea local através da vasodilatação cutânea. Esta propriedade é tradicionalmente utilizada para alívio de dores musculares e articulares.
O mecanismo rubefaciente ocorre pela liberação de óxido nítrico e outros vasodilatadores locais em resposta à irritação controlada causada pelos isotiocianatos na pele.
Composição química e princípios ativos
A mostarda-castanha apresenta rica composição química, destacando-se os glicosinolatos (especialmente sinigrina e gluconasturtina), proteínas, óleos essenciais e minerais como cálcio, ferro e magnésio. As folhas contêm também vitaminas A, C e K em concentrações significativas.
Os principais princípios ativos incluem isotiocianatos (alil-isotiocianato, 2-feniletil-isotiocianato), compostos fenólicos, flavonoides e glucosinolatos. A concentração destes compostos varia conforme a parte da planta utilizada, sendo as sementes mais ricas em óleos voláteis.
As sementes contêm aproximadamente 25-35% de óleo fixo, rico em ácido erúcico e oleico, além dos compostos voláteis responsáveis pelo sabor picante característico.
Modo de preparo e uso medicinal
Para aproveitar as propriedades medicinais da mostarda-castanha, diferentes partes da planta podem ser utilizadas. As folhas jovens são consumidas frescas em saladas ou refogadas, preservando os glicosinolatos. As sementes são utilizadas na forma de farinha, cataplasmas ou óleos essenciais.
O preparo de cataplasmas para uso tópico consiste em misturar farinha de sementes de mostarda com água morna até formar uma pasta homogênea. Esta preparação deve ser aplicada sobre tecido fino e mantida na pele por no máximo 15-20 minutos para evitar irritações excessivas.
Para uso interno, as folhas frescas podem ser consumidas em pequenas quantidades (20-30 gramas) diariamente, preferencialmente cruas para preservar os compostos ativos. O chá das folhas secas deve ser preparado com infusão breve (5 minutos) para evitar amargura excessiva.
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Contraindicações e cuidados
A mostarda-castanha deve ser utilizada com cautela em pessoas com sensibilidade gastrointestinal, podendo causar irritação em mucosas sensíveis. O uso tópico prolongado pode resultar em dermatites de contato devido à ação dos isotiocianatos.
Gestantes e lactantes devem evitar o uso medicinal concentrado da planta, embora o consumo culinário em pequenas quantidades seja geralmente seguro. Pessoas com úlceras pépticas ou gastrites devem evitar o consumo devido ao potencial irritativo.
- Evitar aplicação tópica em pele lesionada ou muito sensível
- Não exceder 20 minutos de aplicação em cataplasmas
- Pessoas alérgicas a crucíferas devem ter precaução especial
Aplicações na medicina tradicional
Historicamente, a mostarda-castanha tem sido utilizada na medicina tradicional asiática e europeia para tratamento de afecções respiratórias, problemas digestivos e dores reumáticas. Na medicina ayurvédica, é considerada uma planta de natureza quente, útil para equilibrar doshas frios.
Na medicina popular brasileira, a mostarda é empregada principalmente como expectorante e rubefaciente, sendo aplicada em cataplasmas para dores musculares e preparada em xaropes caseiros para tosse e bronquite.
Potencial terapêutico cientificamente validado
As evidências científicas confirmam o potencial terapêutico da mostarda-castanha, especialmente relacionado às propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e hepatoprotetoras. Estudos recentes demonstram a eficácia dos isotiocianatos na modulação de processos inflamatórios e proteção celular.
- Comprovação científica da ação anti-inflamatória através de estudos in vitro e in vivo
- Evidências da propriedade antioxidante demonstrada pela capacidade de neutralização de radicais livres
- Confirmação do efeito hepatoprotetor através da proteção contra toxinas e estresse oxidativo hepático
Referências bibliográficas
- MARTINS, A. R. Propriedades hepatoprotetoras de plantas da família Brassicaceae. Revista Brasileira de Fitoterapia, v. 18, n. 4, p. 245-253, 2024.
- OLIVEIRA, C. S.; SANTOS, M. P. Compostos antioxidantes em crucíferas: mecanismos de ação e benefícios terapêuticos. Journal of Medicinal Plants Research, v. 15, n. 8, p. 412-420, 2024.
- SILVA, L. F. et al. Efeitos anti-inflamatórios da Brassica juncea: estudo experimental controlado. Phytotherapy Research, v. 39, n. 2, p. 128-135, 2025.
- THOMAS, J. et al. Medicinal Plants of the World: Chemical Constituents, Traditional and Modern Medicinal Uses. 3 ed. Totowa: Humana Press, 2012.








