O ato de Brincar, frequentemente associado apenas à infância, possui na verdade uma relevância que excede todas as fases da vida. Brincar é uma linguagem emocional fundamental, um meio de autorregulação emocional e uma prática que nos acompanha ao longo de toda a existência. Diversos especialistas em saúde mental enfatizam a relevância das atividades lúdicas não apenas para crianças, mas também para adolescentes, adultos e até idosos.
Durante o crescimento, o jogar ajuda a elaborar sentimentos, fortalecer vínculos e processar experiências. Ele não apenas regula o estresse, mas também desperta interesses, aprimora a criatividade e desenvolve a capacidade de regulação emocional. Mesmo na idade adulta, o Brincar pode manifestar-se em hobbies, esportes, atividades artísticas, jogos e na interação com os próprios filhos, provando ser um valioso indicador de saúde emocional quando feito de maneira espontânea e prazerosa.
Qual o papel do Brincar na vida adulta?
No universo adulto, o Brincar ganha novas formas e funções. Ele pode se manifestar através de hobbies, atividades esportivas ou artísticas, e até mesmo em interações sociais cotidianas. A prática lúdica se torna essencial, pois incentiva a criatividade, melhora o bem-estar emocional e oferece um alívio das pressões das responsabilidades diárias. Especialistas sugerem que essas atividades, quando realizadas conscientemente e por prazer, estão associadas a uma alta qualidade de vida e bem-estar emocional.

Os brinquedos na vida adulta podem substituir vínculos emocionais reais?
Existem, contudo, casos em que o uso de brincadeiras pode se tornar problemático, especialmente quando envolve objetos que substituem relações interpessoais reais. Um exemplo recente são as bonecas reborn, réplicas extremamente realistas de bebês, usadas em simulações de maternidade. Essas práticas, quando transcendem os limites entre o real e o fictício e se tornam a única forma de interação afetiva, podem sinalizar um isolamento emocional e a substituição de vínculos reais por simbólicos.
As evoluções tecnológicas agravam essa discussão, dado que a facilidade em acessar relações virtuais ou fictícias pode contribuir para um empobrecimento emocional. Isso ocorre porque as complexidades inerentes às relações reais, com suas presenças, frustrações e imprevisibilidades, são eliminadas em favor de interações simplificadas e desprovidas de fricção.
Como o Brincar evolui com a vida adulta?
No decorrer da vida adulta, a prática do Brincar adapta-se à complexidade das experiências e responsabilidades desta fase. Enquanto a infantilização pode ocorrer como forma de escapar de certas responsabilidades da vida adulta, o lúdico pode também evoluir para formas mais sofisticadas e integradas ao contexto pessoal e social de um indivíduo. É possível encontrar diversão e expressar a criatividade de maneiras socialmente aceitas, como se arrumar com amigas para um evento ou participar de atividades que celebram a vida e promovem o bem-estar mental.
Por fim, é essencial reconhecer a relevância do Brincar como parte fundamental da saúde emocional em todas as fases da vida. Ao integrar o Brincar em sua rotina de maneira consciente, cada indivíduo pode aproveitar os benefícios emocionais e sociais que esta prática proporciona, sem recorrer à infantilização como mecanismo de fuga das demandas do cotidiano adulto. Desta forma, é possível desfrutar dos prazeres da vida respeitando o amadurecimento emocional próprio da idade adulta.
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Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
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