A dor articular, frequentemente associada a condições inflamatórias como a osteoartrite, é uma das principais causas de desconforto e perda de qualidade de vida. Em busca de alívio, muitas pessoas se voltam para soluções naturais, e a cúrcuma, o tempero dourado que dá cor ao curry, ganhou imensa popularidade. No entanto, é crucial e inegociável afirmar: a dor articular persistente requer um diagnóstico médico para identificar sua causa. Nenhuma especiaria ou suplemento pode ou deve substituir o tratamento e o acompanhamento de um profissional de saúde qualificado.
Este artigo irá explorar o que a ciência diz sobre a cúrcuma e seu potencial para combater a inflamação e a dor articular, separando as evidências dos mitos e destacando os cuidados indispensáveis para um uso seguro e consciente, sempre como um complemento e nunca como uma terapia isolada.
Qual o segredo da cúrcuma? Conheça a curcumina

O poder da cúrcuma não reside no tempero em si, mas em seu principal composto ativo: a curcumina. A curcumina pertence a um grupo de substâncias chamadas curcuminoides, que são responsáveis tanto pela cor vibrante da cúrcuma quanto por suas potentes propriedades biológicas. É a curcumina que tem sido o foco de milhares de estudos científicos que investigam seus efeitos na saúde humana, especialmente sua capacidade de interagir com as vias inflamatórias do corpo.
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Como a curcumina atua no combate à inflamação?

A inflamação é uma resposta natural do corpo a lesões ou infecções, mas quando se torna crônica, ela própria se torna uma causa de dano e dor, como ocorre na artrite. A curcumina demonstrou em estudos laboratoriais ter uma poderosa ação anti-inflamatória, atuando em um nível molecular.
Pesquisas indicam que a curcumina pode bloquear a atividade de várias moléculas que desempenham um papel central na inflamação, como o NF-kB, uma molécula que atua como um “interruptor mestre” para os genes relacionados à resposta inflamatória. Ao inibir o NF-kB, a curcumina ajuda a diminuir a produção de outras substâncias pró-inflamatórias. Esse mecanismo de ação é o que a torna um objeto de grande interesse para o manejo de condições inflamatórias crônicas.
O que as pesquisas revelam sobre a cúrcuma e a dor da artrite?
Diversos ensaios clínicos e revisões sistemáticas têm investigado o efeito da suplementação de extratos de curcumina em pacientes com osteoartrite, principalmente do joelho. Os resultados têm sido consistentemente promissores.
A suplementação com extrato de cúrcuma proporcionou uma melhora significativa na dor e na função física em pessoas com osteoartrite do joelho, em comparação com o placebo. Notavelmente, em alguns dos estudos analisados, o efeito da curcumina na redução da dor foi comparável ao de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como o ibuprofeno, mas com menos efeitos colaterais gastrointestinais.
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Por que a absorção da curcumina é um desafio tão grande?
Este é um ponto crucial que muitas vezes é ignorado. A curcumina, quando consumida na forma de tempero de cúrcuma, tem uma biodisponibilidade muito baixa. Isso significa que o corpo tem grande dificuldade em absorvê-la, e a maior parte é metabolizada e eliminada antes de exercer seus efeitos.
Para superar esse desafio, a maioria dos suplementos eficazes utiliza estratégias para aumentar a absorção. A mais comum e estudada é a combinação da curcumina com a piperina, o composto ativo da pimenta-do-reino, que pode aumentar a biodisponibilidade em até 2000%. Outras formulações usam tecnologias lipossomais ou de encapsulamento para proteger a curcumina e facilitar sua entrada na corrente sanguínea. Simplesmente adicionar mais cúrcuma à comida, embora saudável, provavelmente não fornecerá uma dose terapêutica para a dor articular.
A cúrcuma é segura? Quando a consulta médica é indispensável?
Embora a cúrcuma como tempero seja segura para a maioria das pessoas, o uso de extratos concentrados de curcumina em forma de suplemento exige cuidados e orientação profissional.
- Efeitos Colaterais: Em altas doses, pode causar desconforto gastrointestinal, náuseas ou diarreia.
- Contraindicações: Pessoas com problemas na vesícula biliar ou com risco de pedras nos rins devem ter cautela.
- Interações Medicamentosas: Este é o maior risco. A curcumina pode interagir com vários medicamentos, especialmente anticoagulantes (como a varfarina) e antiplaquetários (como a aspirina), aumentando o risco de sangramento. Também pode interagir com medicamentos para diabetes e alguns anti-inflamatórios.
A automedicação com suplementos para tratar a dor é perigosa. Conforme alerta a Arthritis Foundation, é indispensável conversar com um médico, especialmente um reumatologista, antes de iniciar o uso de qualquer suplemento. Apenas um profissional pode avaliar se é seguro para você, verificar possíveis interações medicamentosas e integrar o uso do suplemento de forma segura ao seu plano de tratamento geral.








