O magnésio é frequentemente apelidado de “mineral do relaxamento”, e essa reputação tem uma base científica sólida e fundamental na fisiologia do corpo humano. É crucial e inegociável afirmar desde o início: cãibras, espasmos ou dores musculares persistentes são sintomas que exigem uma avaliação médica para um diagnóstico correto, pois podem ter inúmeras causas, desde desidratação até condições neurológicas ou circulatórias.
Dito isso, entender o papel do magnésio no ciclo de contração e relaxamento muscular é essencial para compreender a importância de uma nutrição adequada para o bem-estar físico. Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em evidências, a dança bioquímica entre o magnésio e o cálcio, e como esse equilíbrio é a chave para a função muscular saudável.
Como funciona o processo de contração e relaxamento muscular?
Para que um músculo se contraia, ele precisa de um sinal elétrico vindo do sistema nervoso e de um ator principal em nível celular: o cálcio. Quando o sinal para contrair chega, canais se abrem na célula muscular, permitindo que o cálcio inunde seu interior. O cálcio, então, se liga a proteínas específicas que permitem que as fibras musculares (actina e miosina) deslizem umas sobre as outras, encurtando o músculo e gerando a contração.
O relaxamento, por sua vez, é um processo igualmente ativo. Para que o músculo relaxe, o cálcio precisa ser bombeado de volta para fora da área de contração, permitindo que as fibras musculares se soltem e retornem ao seu estado de repouso. É exatamente neste ponto que o magnésio desempenha seu papel mais crítico.
Qual o papel do cálcio e do magnésio nesse delicado equilíbrio?

O cálcio e o magnésio têm uma relação antagônica e complementar, funcionando como um interruptor de “liga/desliga” para a contração muscular.
- Cálcio = O “Acelerador” (Contração): Como vimos, a entrada de cálcio na célula muscular é o gatilho que liga a contração.
- Magnésio = O “Freio” (Relaxamento): O magnésio atua como um bloqueador natural dos canais de cálcio. Ele compete com o cálcio pelos mesmos pontos de ligação nas células. Quando os níveis de magnésio são adequados, ele ocupa esses canais, impedindo que o cálcio inunde a célula de forma descontrolada. Ele efetivamente desliga o sinal de contração, permitindo que o músculo relaxe.
Conforme detalhado em publicações do National Institutes of Health (NIH), esse equilíbrio é vital. Sem magnésio suficiente para atuar como “freio”, o cálcio pode manter o músculo em um estado de leve contração constante, o que pode levar a cãibras, espasmos e tensão.
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O que acontece no músculo quando há uma deficiência de magnésio?

Quando os níveis de magnésio estão baixos, o “freio” do sistema fica enfraquecido. Isso permite que o cálcio entre nas células musculares e nervosas com mais facilidade, aumentando sua excitabilidade. O resultado é um músculo que se contrai com muita facilidade, mas tem dificuldade para relaxar completamente.
Essa hiperexcitabilidade neuromuscular é a razão pela qual a deficiência de magnésio está diretamente associada a sintomas como cãibras musculares (especialmente nas pernas e durante a noite), espasmos (como o tremor involuntário da pálpebra), rigidez e uma sensação geral de tensão muscular que não melhora.
Quais são as melhores fontes alimentares para garantir níveis adequados de magnésio?
A forma mais segura e eficaz de obter magnésio é através de uma dieta equilibrada e rica em alimentos integrais.
Folhas verdes escuras
Espinafre, couve e acelga são potências em magnésio. A clorofila, o pigmento que dá a cor verde a essas plantas, contém um átomo de magnésio em seu centro.
Sementes
Sementes de abóbora, de girassol, de gergelim e de chia estão entre as fontes mais concentradas do mineral.
Oleaginosas
Amêndoas, castanhas-de-caju e castanhas-do-pará são excelentes fontes de magnésio, além de gorduras saudáveis e fibras.
Leguminosas
Feijão preto, grão-de-bico, lentilhas e edamame são ricos em magnésio, proteínas e fibras.
Chocolate amargo
O chocolate com alto teor de cacau (70% ou mais) é uma fonte deliciosa e surpreendentemente rica em magnésio e antioxidantes.
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A suplementação de magnésio para dores musculares é uma prática segura?
Não, se feita por conta própria e sem um diagnóstico. Embora a suplementação seja útil para corrigir uma deficiência diagnosticada, a automedicação para tratar sintomas como cãibras e dores é uma prática arriscada.
- O sintoma pode não ser por falta de magnésio: Cãibras podem ser causadas por desidratação, problemas circulatórios, questões neurológicas ou efeitos colaterais de medicamentos. Suplementar sem saber a causa pode atrasar o tratamento correto.
- Riscos da Suplementação: O excesso de magnésio pode causar diarreia e náuseas. O risco mais sério é para pessoas com doença renal crônica, que não conseguem eliminar o excesso do mineral, podendo levar a níveis tóxicos no sangue.
- Interações Medicamentosas: O magnésio pode interagir com certos antibióticos, diuréticos e medicamentos para o coração.
A única abordagem segura é procurar um médico para investigar a causa de seus sintomas musculares. Se uma deficiência de magnésio for confirmada por exames, um nutricionista ou médico poderá prescrever a dose e o tipo de suplemento corretos e seguros para você.








