O Boldo (Peumus boldus) é uma das plantas medicinais mais populares no Brasil, sendo tradicionalmente utilizada para aliviar desconfortos digestivos e problemas hepáticos. Seu uso remonta a séculos, e a ciência moderna tem validado suas propriedades curativas graças à riqueza em alcaloides e outros compostos bioativos.
Os benefícios terapêuticos do boldo são diversos, com destaque para a atuação no sistema digestório, onde seus princípios ativos promovem:
- Potente Efeito Hepatoprotetor, auxiliando na saúde do fígado.
- Ação Colerética e Colagoga, estimulando a produção e a secreção biliar.
- Alívio rápido de sintomas de má digestão e dispepsia.
Efeito hepatoprotetor devido à boldina
O principal princípio ativo do boldo é o alcaloide boldina, que confere à planta seu notável efeito hepatoprotetor. Este composto fitoquímico atua protegendo as células do fígado (hepatócitos) contra danos causados por toxinas e estresse oxidativo, sendo essencial no tratamento complementar de distúrbios hepáticos.
Pesquisas focadas na farmacologia do boldo confirmam a ação da boldina como um agente antioxidante. Segundo o estudo de O’Brien et al., publicado no periódico Redox Report,
“A boldina demonstrou ser um potente antioxidante natural, capaz de sequestrar radicais livres e quelar íons metálicos, o que contribui significativamente para a proteção das membranas celulares hepáticas contra a peroxidação lipídica” (O’BRIEN et al., 2006).

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Ação colerética e colagoga na digestão
O boldo é amplamente conhecido por sua capacidade de melhorar a digestão, uma propriedade medicinal ligada diretamente à sua dupla ação: colerética (aumenta a produção de bile no fígado) e colagoga (estimula a secreção da bile armazenada na vesícula biliar). Essa bile é vital para a emulsificação e absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis.
Esta função é crucial para pessoas que sofrem com digestão lenta ou sensação de peso após refeições. Conforme descrito no livro “Tratado de Fitofármacos e Nutracêuticos”,
“Os extratos de Peumus boldus apresentam ação dose-dependente no aumento do fluxo biliar, sendo esta propriedade a base para o uso tradicional da planta no tratamento da dispepsia biliar e de sintomas de indigestão” (ALONSO, 2017).
Propriedade antioxidante dos alcaloides
Além da boldina, o boldo contém outros fitoquímicos, como flavonoides e taninos, que complementam sua propriedade antioxidante. A alta concentração de compostos bioativos o torna um aliado na luta contra o envelhecimento celular e na prevenção de doenças crônicas associadas ao dano oxidativo.
A atividade antioxidante da boldina é um dos principais focos de estudos para validar os benefícios terapêuticos do boldo. De acordo com o trabalho de Speisky et al., que analisou a farmacologia do boldo,

“A boldina é o principal responsável pela atividade sequestradora de radicais livres do boldo, superando inclusive a eficácia da vitamina E em alguns modelos in vitro, o que sustenta seu papel como protetor contra o estresse oxidativo” (SPEISKY et al., 1994).
Como preparar e utilizar o boldo de forma segura
O uso mais comum e seguro do boldo é na forma de infusão, utilizando as folhas secas ou frescas. Para obter o máximo das propriedades curativas, é fundamental preparar o chá corretamente, mas sempre com moderação, especialmente para quem busca tratar problemas hepáticos.
Dica de preparo e consumo: Utilize uma colher de chá de folhas picadas (secas ou frescas) para cada xícara de água fervente. Deixe em infusão por 5 a 10 minutos, coe e consuma morno, preferencialmente 30 minutos antes ou após as refeições mais pesadas. O consumo prolongado ou em excesso deve ser evitado devido à alta concentração de alcaloides.
Boldo validação científica para a saúde digestiva
As propriedades medicinais do boldo, centradas na sua capacidade de proteger o fígado e otimizar a digestão através do fluxo biliar, são inegáveis e bem sustentadas pela pesquisa científica. O uso tradicional da planta encontra um forte respaldo nos estudos que isolam e analisam a ação da boldina e outros alcaloides.
- O alcaloide boldina é o princípio ativo chave, oferecendo proteção antioxidante direta aos hepatócitos.
- Ação colerética e colagoga, confirmada por Alonso (2017), torna o boldo eficaz no alívio de dispepsias e na melhoria da metabolização de gorduras.
- O consumo deve ser consciente e limitado a períodos curtos, priorizando a infusão das folhas para o alívio de sintomas agudos de má digestão.
Para aprofundar essa técnica, selecionamos o conteúdo do canal Angela Xavier, que já conta com mais de 3 milhões de inscritos. No vídeo a seguir, a farmacêutica detalha outros benefícios dessa planta na saúde:
Referências bibliográficas
- ALONSO, Jorge. Tratado de Fitofármacos e Nutracêuticos. São Paulo: AC Farmacêutica, 2017.
- O’BRIEN, P. et al. Boldine and its Antioxidant Mechanisms: A Review. Redox Report, v. 11, n. 6, p. 273-279, 2006.
- SPEISKY, H. et al. Antioxidant activities of boldine and its relationship to the inhibition of human platelet aggregation. Pharmacological Research, v. 29, n. 4, p. 329-338, 1994.










