Dores na região renal e problemas urinários associados à próstata são queixas comuns, especialmente em homens a partir dos 50 anos, o que leva a uma crescente busca por soluções naturais como complemento ao tratamento médico. É crucial e inegociável afirmar desde o início, com a máxima seriedade: dores renais e sintomas prostáticos exigem um diagnóstico e tratamento com um médico urologista ou nefrologista. Nenhuma erva ou chá pode ou deve substituir o cuidado e a medicação prescritos.
Dito isso, a ciência tem investigado plantas com um longo histórico de uso na medicina tradicional. Entre elas, a urtiga (Urtica dioica) tem se destacado em estudos por seu potencial de auxílio. Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em evidências, o que a pesquisa diz sobre esta planta e os indispensáveis alertas de segurança para seu uso.
O que é a urtiga e como seus compostos atuam no corpo?

A urtiga, muitas vezes conhecida apenas por sua capacidade de causar irritação na pele, é uma planta cujas raízes e folhas são utilizadas há séculos na medicina tradicional. A ciência moderna identificou que ela é rica em compostos bioativos, como fitoesteróis, lignanas e polissacarídeos, que possuem potentes propriedades anti-inflamatórias e diuréticas.
É importante diferenciar o uso da raiz e da folha da urtiga:
- A raiz é a parte mais estudada para a saúde da próstata, especificamente para os sintomas da Hiperplasia Prostática Benigna (HPB).
- As folhas são mais associadas a um efeito diurético e anti-inflamatório geral.
Qual a conexão entre a urtiga e os sintomas da próstata aumentada?
A Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) é um aumento não canceroso da próstata que pode comprimir a uretra, causando dificuldades para urinar. As pesquisas sobre a raiz de urtiga sugerem que seus compostos, como as lignanas, podem ajudar a modular a ação de hormônios na próstata, o que poderia auxiliar na redução do seu crescimento.
Diversos ensaios clínicos, incluindo revisões de estudos da Cochrane Library, investigaram o extrato de raiz de urtiga e concluíram que ele pode levar a uma melhora modesta nos sintomas do trato urinário inferior associados à HPB, como a dificuldade para iniciar a micção e a sensação de esvaziamento incompleto da bexiga.
E para a “saúde renal”? Como o chá de folhas pode auxiliar?
O termo “dor renal” é um sinal de alerta sério. No entanto, o chá feito com as folhas de urtiga é conhecido por seu efeito diurético suave. Um diurético ajuda a aumentar o volume de urina, auxiliando o corpo a eliminar o excesso de sódio e água.
Essa ação pode ser benéfica para a “saúde renal” geral em pessoas saudáveis, pois ajuda a “lavar” o sistema urinário, o que teoricamente pode diminuir o risco de formação de alguns tipos de cálculos renais. No entanto, para quem já tem doença renal crônica, o uso de diuréticos sem prescrição é extremamente perigoso.
Como preparar e quais os cuidados indispensáveis no consumo?
O chá de urtiga é geralmente preparado por infusão das folhas secas. A orientação prática tradicional é usar de uma a duas colheres de chá de folhas secas para cada xícara de água quente, deixando em infusão por 5 a 10 minutos.
No entanto, a segurança é a prioridade máxima. “Natural” não significa inócuo.
- Interações Medicamentosas: Este é o maior risco. A urtiga pode interagir perigosamente com diversos medicamentos:
- Anticoagulantes (como a varfarina): pode aumentar o risco de sangramento.
- Medicamentos para Pressão Alta: pode potencializar o efeito, causando quedas perigosas na pressão.
- Medicamentos para Diabetes: pode diminuir o açúcar no sangue, aumentando o risco de hipoglicemia.
- Lítio e Sedativos.
- Contraindicações: Não é recomendado para gestantes e, como mencionado, para pessoas com doença renal crônica sem supervisão médica.
A fitoterapia pode ser uma aliada, mas a automedicação é uma prática de alto risco. A consulta com um médico urologista ou nefrologista é o único caminho seguro para um diagnóstico correto. Com base nisso, a discussão sobre o uso de extratos ou chás como um complemento ao tratamento deve ser feita com seu médico ou com um nutricionista que possa avaliar todas as possíveis interações e riscos para o seu caso específico.









