Muitas vezes visto como uma simples “erva daninha” nos jardins, o chá de dente-de-leão (Taraxacum officinale) é, na verdade, um dos medicamentos fitoterápicos mais potentes para a saúde hepática. Sua raiz é carregada de compostos amargos, como a taraxacina, que agem diretamente na estimulação da função biliar, tornando-o um aliado indispensável para quem busca desintoxicar o fígado e melhorar a digestão de gorduras difíceis.
Como ele limpa o fígado e estimula a bile?
O “segredo” do dente-de-leão está no seu sabor amargo. Na fitoterapia, o amargor é um sinal clássico de plantas que estimulam o fígado. A planta possui ação colerética (aumenta a produção de bile) e colagoga (estimula o fluxo da bile para o intestino).
Segundo a Mount Sinai, essa movimentação da bile é crucial. A bile é o veículo que o fígado usa para expulsar toxinas e colesterol excessivo do corpo. Ao destravar esse fluxo, o dente-de-leão impede que gorduras e detritos se acumulem no órgão, promovendo uma verdadeira “faxina” interna e aliviando a sobrecarga hepática causada por má alimentação ou medicamentos.

A raiz ajuda a combater a gordura no fígado?
Sim, estudos indicam que o dente-de-leão é promissor no tratamento coadjuvante da esteatose hepática (gordura no fígado). Seus polissacarídeos e antioxidantes ajudam a reduzir o estresse oxidativo nas células do fígado e melhoram o metabolismo de lipídios.
Uma pesquisa publicada no National Institutes of Health (NIH) demonstrou que o extrato da folha e da raiz pode suprimir o acúmulo de lipídios nos tecidos. Embora não substitua a mudança de dieta e perda de peso, o chá atua acelerando a quebra de moléculas de gordura, impedindo que elas se depositem permanentemente no tecido hepático.
Qual a diferença entre usar a folha e a raiz?
Esta é a distinção mais importante para quem busca resultados. Embora toda a planta seja medicinal, as partes têm focos diferentes. As folhas são diuréticos potentes, excelentes para os rins e para desinchar o corpo.
Já para o fígado, a raiz é a parte nobre. É nela que se concentram os princípios ativos que protegem os hepatócitos e estimulam a digestão. Portanto, ao comprar o chá para tratar o fígado, certifique-se de que o pacote contém “raízes torradas” ou “raízes secas”, e não apenas as folhas verdes.
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O chá ajuda a reduzir o inchaço abdominal?
Além de tratar o fígado, o dente-de-leão é um diurético único. Diferente de remédios farmacêuticos que eliminam potássio junto com a urina (causando fraqueza e cãibras), o dente-de-leão é naturalmente rico em potássio, repondo o mineral enquanto elimina o excesso de líquidos.
Isso é vital para pacientes com fígado comprometido, que frequentemente sofrem com retenção de líquidos e inchaço nas pernas. O chá ajuda a aliviar a pressão no sistema porta-hepático, reduzindo o edema de forma segura e equilibrada.
No vídeo a seguir, o Dr. Julio Cesar Luchmann, com mais de 2 milhões de seguidores, fala um pouco dos benefícios do chá de dente de leão
Quem não pode tomar de jeito nenhum?
Apesar de ser um tônico excelente, o dente-de-leão tem uma contraindicação perigosa: obstrução das vias biliares. Se você tem pedras na vesícula (cálculos biliares) que estão bloqueando os canais, estimular a produção de bile pode causar uma cólica biliar severa e emergência médica.
Pessoas com gastrite ou úlceras também devem ter cautela, pois o estímulo das secreções digestivas pode aumentar a acidez estomacal, causando azia. Nesses casos, o consumo deve ser feito após as refeições e nunca em jejum. O uso concomitante com diuréticos e lítio também exige supervisão médica devido à interação medicamentosa.
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Como preparar a raiz corretamente?
Diferente das folhas, que são feitas por infusão, a raiz é dura e precisa de um processo chamado decocção para liberar seus ativos. Coloque uma colher de sobremesa de raízes secas em uma xícara de água fria, leve ao fogo e deixe ferver por 5 a 10 minutos. Desligue, tampe e deixe amornar antes de coar. O sabor é terroso e amargo, semelhante ao café, e pode ser melhorado com um pouco de canela ou limão.










