A minissérie Adolescência chegou na Netflix em 13 de março de 2025 e virou um fenômeno que ninguém esperava. A produção britânica conseguiu algo raro no mundo do streaming: conquistar audiência e crítica ao mesmo tempo. Com apenas quatro episódios, a série conta a história perturbadora de Jamie Miller, um garoto de 13 anos acusado de assassinar uma colega de escola.
O que chamou atenção foi a abordagem corajosa da série sobre temas difíceis. Adolescência não tem medo de mergulhar fundo em questões como masculinidade tóxica, influência das redes sociais e violência juvenil. A minissérie, criada por Jack Thorne e Stephen Graham, trouxe debates importantes para as redes sociais e até para o Parlamento Britânico.
Como a técnica de filmagem revolucionou a narrativa?
O grande diferencial de Adolescência está na forma como foi filmada. Cada episódio foi gravado em plano-sequência, ou seja, sem cortes. Imagine assistir uma hora inteira de televisão como se fosse uma única cena de filme. O diretor Philip Barantini já havia feito isso no filme Boiling Point com Stephen Graham, mas levar essa técnica para uma série foi um salto ousado.
A gravação em plano-sequência cria uma sensação de urgência e realismo que prende o espectador. Você se sente dentro da delegacia, da escola, da casa da família. Não há pausas para respirar, assim como não há na vida real quando uma tragédia acontece. Essa escolha técnica transformou Adolescência em uma experiência única no catálogo da Netflix.
Qual foi o segredo por trás do sucesso mundial?
Adolescência quebrou recordes de audiência que poucos esperavam. Em sua primeira semana, a série acumulou 24,3 milhões de visualizações, tornando-se líder no Reino Unido e figurando no top 10 de 93 países. O número total já ultrapassou 96,7 milhões de visualizações em apenas três semanas.
Mas os números contam só parte da história. A série tocou em feridas abertas da sociedade moderna. Temas como a influência de figuras como Andrew Tate, a cultura incel e a pressão das redes sociais sobre adolescentes fizeram Adolescência virar pauta de discussão. O primeiro-ministro britânico Keir Starmer chegou a assistir a série com os filhos adolescentes e comentou o impacto nas redes sociais.
Por que Brad Pitt apostou neste projeto?
A Plan B Entertainment, produtora de Brad Pitt, foi fundamental para que Adolescência chegasse às telas. Curiosamente, a série foi oferecida primeiro para a Amazon Prime Video, que não se interessou pelo projeto. A Netflix abraçou a ideia e o resultado não poderia ter sido melhor.
Brad Pitt conhecia Stephen Graham desde o filme Snatch e sempre foi fã do trabalho do ator britânico. Quando viu Boiling Point, o filme em plano-sequência de Barantini e Graham, Pitt soube que queria trabalhar com essa dupla novamente. A aposta da Plan B em projetos experimentais e de qualidade se mostrou certeira mais uma vez.
Quais temas sociais Adolescência expõe?
A série não escolheu o caminho fácil. Adolescência mergulha de cabeça em questões como radicalização online de jovens, violência de gênero e pressão social sobre adolescentes. A trama mostra como meninos podem ser influenciados por conteúdos tóxicos na internet, criando uma espiral de raiva e ressentimento.
Jamie Miller representa uma geração de adolescentes que cresce em meio a algoritmos que amplificam conteúdos extremistas. A série explora como comunidades online podem moldar comportamentos violentos, especialmente entre jovens vulneráveis. Anneliese Midgley, membro do Parlamento Britânico, até sugeriu que a série fosse exibida em escolas como ferramenta educacional.
O que esperar da possível segunda temporada?
Com tanto sucesso, era inevitável que surgissem conversas sobre continuação. A Plan B Entertainment já está em negociações com Philip Barantini e Stephen Graham para uma segunda temporada. A ideia é expandir o universo da série sem perder a essência que conquistou o público.
Stephen Graham sugere que uma continuação poderia explorar outras perspectivas da mesma história ou até mesmo funcionar como um prelúdio. O formato poderia seguir o modelo de séries como The White Lotus, onde cada temporada traz uma história nova com elementos conectados. Uma possibilidade seria contar a história do ponto de vista da família de Katie, a vítima, ou explorar como outros jovens enfrentam situações similares. A Netflix certamente está interessada em manter esse fenômeno vivo.