O termo andropausa é frequentemente usado como um equivalente masculino da menopausa. No entanto, essa comparação é imprecisa e controversa no meio médico. Diferente do que acontece com as mulheres, que têm uma interrupção súbita na produção hormonal, os homens experimentam um declínio lento, gradual e contínuo da testosterona ao longo dos anos.
Por isso, o termo médico correto não é andropausa, mas sim DAEM (Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino) ou hipogonadismo de início tardio. Entender essa diferença é o primeiro passo para compreender as verdadeiras mudanças hormonais que ocorrem no corpo masculino e saber quando é, de fato, necessário procurar ajuda médica, sem cair em mitos ou tratamentos desnecessários.
“Andropausa”: por que esse termo é controverso e qual o nome correto?

O sufixo “pausa” implica uma parada ou cessação, o que descreve bem a menopausa, marcada pelo fim da menstruação. Nos homens, no entanto, não há uma “pausa” na produção de testosterona; há uma diminuição. A partir dos 30 ou 40 anos, os níveis desse hormônio caem, em média, cerca de 1% ao ano. Esse é um processo natural do envelhecimento.
Apenas uma minoria dos homens (cerca de 20% após os 50 anos) desenvolverá níveis de testosterona baixos o suficiente para causar sintomas clínicos significativos. É essa condição, e não um processo universal, que é clinicamente chamada de DAEM (Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino). Portanto, nem todo homem que envelhece terá a doença.
Cansaço, perda de libido e acúmulo de gordura: esses podem ser sinais de baixa testosterona?
Sim, esses são alguns dos sintomas mais clássicos associados à queda acentuada da testosterona. Quando os níveis hormonais caem a ponto de configurar um quadro de DAEM, o homem pode experimentar uma série de mudanças físicas e emocionais que afetam significativamente sua qualidade de vida.
É importante notar, no entanto, que esses sintomas são inespecíficos e podem ter muitas outras causas.
Sinais e sintomas comuns da DAEM
- Mudanças sexuais
- Diminuição da libido (desejo sexual).
- Redução da qualidade e da frequência das ereções, especialmente as matinais.
- Disfunção erétil.
- Mudanças físicas
- Cansaço e fadiga constantes, sem motivo aparente.
- Perda de força e de massa muscular.
- Aumento da gordura corporal, principalmente na região abdominal.
- Diminuição da densidade óssea (risco de osteoporose).
- Mudanças emocionais e cognitivas
- Alterações de humor, como irritabilidade ou desânimo.
- Dificuldade de concentração e problemas de memória.
- Falta de motivação e de bem-estar geral.
Como diferenciar os sintomas da queda de testosterona dos sinais naturais do envelhecimento?
Esse é o maior desafio no diagnóstico da DAEM. A maioria dos seus sintomas — sentir-se mais cansado, ganhar peso, ter menos desejo sexual — também pode ser consequência natural do envelhecimento ou de outros fatores do estilo de vida, como estresse crônico, sedentarismo, má alimentação, sono de má qualidade ou até mesmo de outras doenças, como diabetes e depressão.
Por isso, o autodiagnóstico é impossível e perigoso. É errado assumir que qualquer um desses sintomas é automaticamente causado pela baixa testosterona. A única forma de saber é através de uma avaliação médica completa, que irá investigar todas as possíveis causas para os sintomas apresentados.
Por que o diagnóstico da DAEM vai muito além de uma única dosagem de testosterona?
O diagnóstico da DAEM é um quebra-cabeça que o médico monta com duas peças essenciais: a presença de sintomas clínicos consistentes e a confirmação laboratorial de níveis baixos de testosterona no sangue. Uma peça sozinha não basta. Um homem pode ter níveis de testosterona no limite inferior da normalidade e não ter sintomas, não configurando a doença.
Além disso, a dosagem de testosterona deve ser feita de forma criteriosa: o exame de sangue deve ser colhido pela manhã, período em que os níveis hormonais são mais altos. Se o resultado vier baixo, o médico geralmente solicita uma nova coleta para confirmação, pois os níveis podem flutuar.
Reposição de testosterona é a “fonte da juventude” ou um tratamento com riscos sérios?
A reposição de testosterona não é uma terapia “anti-idade” ou uma “fonte da juventude” e seu uso indiscriminado é perigoso. No entanto, para homens que têm o diagnóstico confirmado de hipogonadismo (a DAEM), o tratamento, quando bem indicado e acompanhado, pode trazer benefícios notáveis, como melhora da libido, da disposição, da força muscular e do humor.
Contudo, a terapia não é isenta de riscos. Ela pode agravar quadros de apneia do sono, aumentar o número de glóbulos vermelhos no sangue (elevando o risco de trombose) e é contraindicada em casos de câncer de próstata ou de mama. A decisão de iniciar a reposição hormonal deve ser sempre baseada em uma avaliação médica criteriosa dos riscos e benefícios.
Desconfio que estou com baixa testosterona. Qual profissional devo procurar?
Se você está experimentando alguns dos sintomas descritos e suspeita de uma queda hormonal, o primeiro passo é procurar um médico. Os especialistas mais indicados para avaliar e tratar a DAEM e outras questões de saúde masculina são o urologista e o endocrinologista.
Esses profissionais farão uma avaliação completa, solicitarão os exames corretos e, se necessário, indicarão o tratamento mais seguro e eficaz para o seu caso. Jamais faça uso de testosterona ou de qualquer outro hormônio por conta própria, pois os riscos para a saúde podem ser graves e irreversíveis.









