A vitamina D, conhecida como a “vitamina do sol”, é um nutriente fundamental para a saúde óssea e a função imunológica. É crucial e inegociável afirmar desde o início: a exposição excessiva ao sol é o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pele. Qualquer estratégia de exposição solar deve ser feita com extrema cautela e, idealmente, com a orientação de um médico.
Dito isso, a principal fonte de vitamina D para o corpo humano é, de fato, a produção na pele através dos raios solares. Uma caminhada matinal curta pode ser uma forma eficaz de estimular essa produção, desde que sejam tomados os devidos cuidados. Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em evidências, a ciência por trás desse processo e como equilibrar os benefícios com os riscos.
Como o sol realmente “produz” vitamina D na nossa pele?

O processo de síntese da vitamina D é uma reação bioquímica fascinante. Quando os raios ultravioleta B (UVB) do sol atingem a nossa pele, eles interagem com um precursor do colesterol presente nas células da epiderme, chamado 7-deidrocolesterol.
Essa interação converte o 7-deidrocolesterol em pré-vitamina D3, que é então rapidamente transformada em vitamina D3. A partir daí, a vitamina D3 viaja pela corrente sanguínea até o fígado e, posteriormente, aos rins, onde é convertida na sua forma hormonal ativa, o calcitriol, que é o que o corpo de fato utiliza. Portanto, o sol não nos “dá” a vitamina, ele desencadeia a nossa própria produção interna.
Por que a caminhada matinal é o momento mais estratégico?
O principal desafio da exposição solar é obter os raios UVB benéficos, minimizando a exposição aos raios UVA, que estão mais associados ao envelhecimento da pele e a danos mais profundos. A intensidade dos raios UVB varia muito ao longo do dia, atingindo seu pico ao meio-dia.
Caminhar no início da manhã (geralmente antes das 10h, dependendo da região e da estação do ano) pode ser uma estratégia interessante. Embora a produção de vitamina D seja um pouco menos eficiente nesse horário em comparação com o meio-dia, a intensidade geral da radiação UV é menor, o que pode reduzir o risco de queimaduras e danos à pele para uma exposição curta e controlada.
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O que é considerado uma “exposição solar segura” para a vitamina D?
A definição de “segura” é complexa e varia enormemente de pessoa para pessoa. No entanto, as diretrizes gerais de especialistas para otimizar a produção de vitamina D com risco minimizado, conforme compilado por instituições como o National Institutes of Health (NIH), incluem os seguintes princípios:
Duração breve (10 a 30 minutos)
Para pessoas de pele mais clara, de 10 a 15 minutos podem ser suficientes. Para peles mais escuras, que possuem mais melanina (um filtro solar natural), pode ser necessário um tempo maior, em torno de 30 minutos.
Expor áreas maiores de pele
Expor braços e pernas é mais eficaz do que expor apenas o rosto e as mãos.
Sem protetor solar (apenas neste curto período)
O protetor solar bloqueia os raios UVB e, consequentemente, a produção de vitamina D. A recomendação é para uma exposição curta e intencional nos braços e pernas, seguida pela aplicação de protetor solar se a exposição continuar.
Frequência
Realizar essa exposição de 2 a 3 vezes por semana é geralmente suficiente para a maioria das pessoas durante os meses de verão.
A exposição solar através de vidros funciona?
Não. Esta é uma dúvida comum, mas a resposta é clara. A maioria dos vidros de janelas de casas e carros bloqueia completamente os raios UVB, que são os responsáveis pela síntese de vitamina D. Os raios UVA, que causam o envelhecimento da pele, conseguem atravessar. Portanto, sentar-se perto de uma janela ensolarada não contribui para os seus níveis de vitamina D.
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Apenas o sol é suficiente para garantir níveis adequados de vitamina D?
Não, para muitas pessoas. Fatores como a latitude (quanto mais longe da linha do equador, mais fracos são os raios UVB), a estação do ano (a produção é quase nula no inverno em muitos países), o tipo de pele, a idade (idosos produzem menos vitamina D) e o uso de roupas limitam a eficácia da exposição solar.
A única maneira de saber com segurança se você tem níveis adequados de vitamina D é através de um exame de sangue. A automedicação com suplementos é perigosa e pode levar à toxicidade. Se você tem preocupações sobre seus níveis de vitamina D, a consulta com um médico é indispensável. Ele poderá diagnosticar uma deficiência e, se necessário, prescrever a suplementação na dose correta e segura. A orientação de um dermatologista sobre a exposição solar segura para o seu tipo de pele também é fundamental.









