O uso de Venenos como método para cometer homicídios é um fenômeno que, embora pareça saído de ficções, é uma realidade preocupante. Tais crimes, meticulosamente planejados, muitas vezes envolvem membros da própria família da vítima, revelando uma complexidade sinistra. Dados do Ministério da Saúde indicam que, de 2020 a 2024, foram registrados 107 homicídios por envenenamento no Brasil. Com uma média impressionante de um caso a cada 17 dias, essa prática nefasta requer um olhar atento da sociedade e das autoridades.
Casos recentes trouxeram o tema à tona. Em São Bernardo do Campo, Lucas da Silva Santos, de 19 anos, perdeu a vida após consumir um bolinho de mandioca envenenado, em um ato confessado por seu padrasto. No entanto, não é apenas o veneno que choca, mas a proximidade dos responsáveis com as vítimas, tornando estes crimes ainda mais perturbadores. Em 2025, outros casos similares ocorreram, envolvendo adolescentes e crianças, destacando a urgência de entendermos esses eventos e suas motivações ocultas.
Quais são as características dos envenenamentos no Brasil?
Os homicídios por envenenamento costumam ter características marcantes. A maioria das vítimas entre 2020 e 2024 era do sexo masculino, correspondendo a 78% dos casos. Além disso, a faixa etária mais atingida situa-se entre 21 e 40 anos, e 70% das vítimas eram pretas ou pardas. Geograficamente, a Bahia e São Paulo registram os maiores números, com cidades como o Rio de Janeiro se destacando em incidências. Esses dados apontam para um perfil tanto das vítimas quanto dos locais onde esses crimes ocorrem com mais frequência.
Como os Venenos são detectados nas investigações?
Detectar veneno após a exposição é um desafio técnico significativo para as equipes forenses. De acordo com Victor Gianvecchio, médico legista e diretor do Núcleo de Toxicologia Forense de São Paulo, a detecção se torna mais complexa à medida que o tempo passa entre a exposição ao veneno e a realização de exames toxicológicos. Identificar o veneno muitas vezes requer uma série de etapas, e em casos onde a intoxicação é lenta, traços podem ser encontrados no cabelo ou tecidos corporais. A tecnologia avançada atualmente disponível para forças policiais tem se mostrado crucial para estas análises, embora a presença do veneno ainda seja essencial para a detecção.

Por que os crimes de envenenamento são difíceis de prevenir e punir?
A prevenção e punição de crimes por envenenamento se complicam pela oculta e traiçoeira natureza do veneno. Produtos como o “chumbinho”, um veneno de rato proibido, são usados em muitos desses crimes, aproveitando-se da dificuldade de fiscalização e controle de substâncias tóxicas. Além disso, provar a intenção de matar nem sempre é simples no judiciário. Se o crime puder ser caracterizado como acidente ou ato com menor intenção de dano, a pena pode ser significativamente reduzida. Como explica a advogada Jenifer Moraes, é crucial estabelecer a intencionalidade clara do réu para a sentença máxima ser aplicada.
Quais são as possíveis soluções para esse problema crescente?
Para mitigar os crimes de envenenamento, é essencial fortalecer a fiscalização de substâncias tóxicas e ampliar a conscientização sobre os perigos associados ao seu uso impróprio. Investimentos em tecnologia para ajudar na rápida detecção de Venenos podem melhorar significativamente o tempo de resposta das autoridades. Além disso, a educação comunitária sobre os riscos de envenenamento e o incentivo a uma denúncia proativa são passos importantes na prevenção destes crimes traiçoeiros.
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Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
CRM-GO 33.271








