A abóbora (Cucurbita maxima) é uma cucurbitácea nativa das Américas, amplamente cultivada no Brasil e em regiões tropicais do mundo. Reconhecida não apenas pelo valor nutricional, a abóbora possui notáveis propriedades medicinais que têm sido estudadas pela ciência moderna, destacando-se especialmente pelas sementes ricas em compostos bioativos com aplicações terapêuticas reconhecidas.
As principais propriedades curativas desta planta incluem:
- Ação antiparasitária proporcionada pelas cucurbitacinas presentes nas sementes
- Propriedade antioxidante através dos compostos fenólicos e carotenoides
- Efeito regulador metabólico no controle glicêmico e lipídico
Propriedade antiparasitária
As sementes de abóbora contêm cucurbitacinas, compostos bioativos com reconhecida ação anti-helmíntica e antiparasitária. Estes fitoquímicos atuam paralisando os vermes intestinais, facilitando sua eliminação natural do organismo. De acordo com pesquisas toxicológicas conduzidas por Cruz et al.,
“O extrato hidroalcoólico de sementes da moranga, na dose de 5000 mg.kg-1, não acarreta toxicidade aguda e apresenta boa margem de segurança” (CRUZ et al., 2006).
A cucurbitina é o principal aminoácido responsável por essa propriedade, sendo tradicionalmente utilizada na medicina popular como vermífugo natural. As sementes cruas apresentam maior concentração destes compostos ativos.
Ação antioxidante
A abóbora é rica em carotenoides, especialmente beta-caroteno, e compostos fenólicos que combatem eficazmente os radicais livres no organismo. A polpa alaranjada característica indica alta concentração destes antioxidantes naturais que protegem as células contra o estresse oxidativo. Segundo estudos sobre propriedades funcionais das cucurbitáceas,
“As sementes de abóbora apresentam teor lipídico nutritivo com alto conteúdo de ácido linoleico (43,09 a 50,31% do conteúdo lipídico), capaz de reduzir os níveis de colesterol sérico” (APPLEQUIST et al., 2006).
Os compostos antioxidantes da abóbora auxiliam na prevenção do envelhecimento precoce, fortalecem o sistema imunológico e contribuem para a proteção cardiovascular através da redução do colesterol.

Efeito regulador metabólico
A farinha de sementes de abóbora demonstra propriedades reguladoras do metabolismo glicídico e lipídico, sendo benéfica para o controle dos níveis de açúcar e gorduras no sangue. O alto teor de fibras alimentares presentes nas sementes contribui significativamente para esse efeito metabólico. Conforme demonstrado em estudos experimentais por Cerqueira et al.,
“A utilização da farinha de sementes de abóbora durante 10 dias diminuiu significantemente os níveis de glicose e triglicerídeos séricos” (CERQUEIRA et al., 2008).
Esse efeito hipoglicemiante é atribuído principalmente ao elevado teor de fibra alimentar (aproximadamente 22,40% em matéria seca) presente nas sementes, que auxilia no controle da absorção de carboidratos.
Propriedade anti-inflamatória
Os compostos bioativos presentes na abóbora, especialmente nas sementes, exercem efeito anti-inflamatório no organismo. As cucurbitáceas são reconhecidas na fitoterapia por suas múltiplas propriedades terapêuticas, incluindo a modulação de processos inflamatórios. De acordo com a literatura especializada em fitoterapia,
“As principais indicações terapêuticas da Cucurbita incluem ação estomáquica, antitérmica, anti-inflamatória, antidiarreica, antioxidante, vermífuga e diurética” (FERRO; PEREIRA, 2018).
A ação anti-inflamatória contribui para o alívio de processos inflamatórios internos, auxiliando no tratamento de condições como gastrites e inflamações do trato digestivo.
Benefícios nutricionais e funcionais
A composição nutricional da abóbora é impressionante, oferecendo alto valor proteico nas sementes (aproximadamente 29,54% em matéria seca) e rica concentração de minerais essenciais. As sementes são fontes importantes de magnésio, fósforo, manganês e ferro, minerais fundamentais para diversas funções metabólicas.
O teor de extrato etéreo nas sementes (cerca de 36,41%) inclui ácidos graxos essenciais, especialmente o ácido linoleico, que possui propriedades cardioprotetoras. As sementes também apresentam boa capacidade de absorção de óleo, sendo potencialmente úteis na indústria alimentícia.
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Propriedade diurética
A abóbora possui reconhecidas propriedades diuréticas que auxiliam na eliminação de toxinas e no funcionamento renal adequado. Esta característica é especialmente pronunciada nas sementes, que contêm compostos que estimulam a função renal de forma natural e segura.
O efeito diurético contribui para a redução da retenção hídrica, auxiliando pessoas com tendência ao inchaço e problemas de circulação. O consumo regular das sementes pode apoiar a função renal saudável.
Aplicações na medicina tradicional
Historicamente, a abóbora tem sido utilizada na medicina tradicional de diversas culturas, especialmente as sementes como remédio natural contra parasitas intestinais. Em algumas regiões da África e do Brasil, as sementes são consumidas pela população como complemento alimentar devido ao alto valor nutricional.
Na medicina popular brasileira, as sementes de abóbora são tradicionalmente utilizadas como vermífugo, sendo preparadas como chá ou consumidas cruas. Esta aplicação tradicional tem respaldo científico nas pesquisas modernas sobre as cucurbitacinas.
Modo de preparo e uso terapêutico
Para aproveitar as propriedades medicinais da abóbora, as sementes devem ser preferencialmente consumidas cruas ou levemente tostadas para preservar os compostos bioativos. A farinha de sementes pode ser incorporada em sucos, vitaminas ou preparações culinárias.
A dose recomendada para efeito antiparasitário é de aproximadamente 30 a 50 gramas de sementes cruas pela manhã, em jejum, seguida de purgativos naturais após algumas horas. Para benefícios nutricionais gerais, o consumo de 20 a 30 gramas diárias é adequado.
As sementes podem ser trituradas e misturadas com mel ou incorporadas em receitas de pães, bolos e cereais matinais, preservando assim suas propriedades funcionais.

Contraindicações e cuidados
Embora seja geralmente segura, a abóbora deve ser consumida com moderação por pessoas com tendência à hipoglicemia, devido ao efeito regulador da glicose. O consumo excessivo de sementes pode causar desconforto digestivo em indivíduos sensíveis.
Pessoas em uso de medicamentos anticoagulantes devem consultar orientação médica antes do consumo regular das sementes devido ao conteúdo de ácidos graxos. Gestantes podem consumir a polpa normalmente, mas devem evitar doses terapêuticas das sementes.
Composição química e princípios ativos
A abóbora apresenta composição química complexa, com destaque para as cucurbitacinas, aminoácidos específicos como a cucurbitina, e ácidos graxos essenciais nas sementes. A polpa é rica em carotenoides, vitaminas A e C, além de minerais como potássio e magnésio.
Os principais compostos ativos incluem beta-caroteno, cucurbitacina E, ácido linoleico, cucurbitina e diversos compostos fenólicos. A concentração destes fitoquímicos varia conforme a variedade, condições de cultivo e maturação do fruto.
As sementes contêm aproximadamente 3,48% de cinzas (minerais), evidenciando seu rico conteúdo mineral, especialmente importantes para a nutrição e funções metabólicas.
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Potencial terapêutico cientificamente comprovado
As evidências científicas confirmam o potencial terapêutico da abóbora, especialmente relacionado às propriedades antiparasitárias, reguladoras metabólicas e antioxidantes. Estudos toxicológicos demonstram a segurança do uso das sementes em doses terapêuticas adequadas.
- Comprovação da ação antiparasitária das cucurbitácinas através de estudos experimentais controlados
- Evidências do efeito regulador metabólico na redução de glicose e triglicerídeos séricos
- Confirmação das propriedades antioxidantes através da análise de compostos fenólicos e carotenoides
Referências bibliográficas
- APPLEQUIST, W. L. et al. Comparative fatty acid content of seeds of four Cucurbita species grown in a common garden. Journal of Food Composition and Analysis, v. 19, n. 6-7, p. 606-611, 2006.
- CERQUEIRA, P. M. et al. Efeito da farinha de semente de abóbora (Cucurbita maxima, L.) sobre o metabolismo glicídico e lipídico em ratos. Revista de Nutrição, v. 21, n. 2, p. 129-136, 2008.
- CRUZ, R. C. B. et al. Toxicity evaluation of Cucurbita maxima seed extract in mice. Pharmaceutical Biology, v. 44, n. 4, p. 301-303, 2006.
- FERRO, D.; PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos. v. 1. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018.