Os alimentos ultraprocessados têm se tornado um tema de crescente preocupação entre pesquisadores e profissionais de saúde devido ao seu impacto potencial na saúde humana. Estudos recentes indicam que o consumo elevado desses alimentos pode estar associado a um aumento no risco de morte prematura e outras condições de saúde adversas. Este artigo explora as descobertas de pesquisas recentes sobre o tema e discute as implicações para a saúde pública.
De acordo com uma meta-análise que analisou dados de mais de 240 mil pessoas, há uma correlação entre o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados e o risco de morte prematura. O estudo, liderado por Carlos Augusto Monteiro, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, sugere que para cada aumento de 10% nas calorias provenientes de alimentos ultraprocessados, o risco de morte prematura aumenta em quase 3%.
O que são alimentos ultraprocessados?
Os alimentos ultraprocessados são definidos como produtos que contêm pouco ou nenhum alimento integral. Eles são geralmente fabricados a partir de ingredientes baratos e quimicamente manipulados, frequentemente utilizando aditivos sintéticos para melhorar o sabor e a aparência. Este conceito foi introduzido por Monteiro em 2009, quando ele desenvolveu o sistema de classificação NOVA, que categoriza os alimentos em quatro grupos com base no nível de processamento.

No sistema NOVA, os alimentos ultraprocessados pertencem ao grupo quatro, enquanto os alimentos não processados ou minimamente processados, como frutas e vegetais, estão no grupo um. Os grupos dois e três incluem ingredientes culinários e alimentos processados, respectivamente. Essa classificação ajuda a diferenciar os níveis de processamento e seus potenciais impactos na saúde.
Quais são os riscos à saúde associados aos ultraprocessados?
O consumo elevado de alimentos ultraprocessados tem sido associado a uma série de riscos à saúde. Estudos indicam que esses alimentos podem aumentar o risco de ansiedade, obesidade, distúrbios do sono, diabetes tipo 2 e depressão. Além disso, há evidências de que eles podem contribuir para o declínio cognitivo e aumentar o risco de doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer.
Por exemplo, um estudo de 2024 encontrou uma ligação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e um risco 50% maior de morte por doenças cardiovasculares. Outro estudo destacou que o aumento de apenas 10% no consumo desses alimentos pode elevar o risco de declínio cognitivo e derrame.
Como os alimentos ultraprocessados afetam diferentes países?
O impacto dos alimentos ultraprocessados varia entre os países, dependendo do nível de consumo. Nos Estados Unidos, onde cerca de 55% da dieta média é composta por alimentos ultraprocessados, estima-se que a redução do consumo poderia ter evitado mais de 124 mil mortes em 2017. Em contraste, países como Colômbia e Brasil, onde o consumo é significativamente menor, também poderiam se beneficiar de uma redução, embora em menor escala.
Essas diferenças destacam a importância de políticas de saúde pública adaptadas às realidades locais. Enquanto alguns países enfrentam desafios maiores devido ao alto consumo, outros têm a oportunidade de prevenir um aumento nos problemas de saúde associados aos ultraprocessados.
O consumo de ultraprocessados
Embora os estudos não possam provar definitivamente que os alimentos ultraprocessados são a causa direta de problemas de saúde, eles fornecem evidências consistentes de uma associação negativa. Isso levanta preocupações sobre o papel desses alimentos na dieta moderna e a necessidade de estratégias para reduzir seu consumo.
É crucial que os consumidores estejam cientes dos potenciais riscos associados aos alimentos ultraprocessados e considerem opções mais saudáveis em suas dietas. A educação nutricional e a promoção de alimentos integrais podem ser passos importantes para melhorar a saúde pública e reduzir a dependência de alimentos ultraprocessados.








