A ansiedade é uma experiência humana complexa, influenciada por uma teia de fatores genéticos, psicológicos e ambientais. É crucial e inegociável afirmar desde o início: os transtornos de ansiedade e os ataques de pânico são condições médicas sérias que exigem diagnóstico e tratamento com profissionais de saúde qualificados. Nenhuma deficiência nutricional isolada é a única causa, e nenhum suplemento isolado é a cura.
Dito isso, a ciência tem investigado intensamente como o estado nutricional do corpo pode influenciar a resiliência do sistema nervoso, e o magnésio emergiu como um mineral de importância fundamental. Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em evidências, os mecanismos pelos quais uma deficiência de magnésio pode contribuir para um estado de maior excitabilidade nervosa, potencialmente aumentando a suscetibilidade a crises de ansiedade.
Como o magnésio atua como o “freio” natural do sistema nervoso?

Para entender a conexão, é preciso pensar no sistema nervoso como um sistema com aceleradores e freios. A ansiedade pode ser vista como um estado em que os aceleradores estão superativados e os freios, enfraquecidos. O magnésio é um dos principais componentes do sistema de “freio” do corpo.
Ele atua de duas maneiras cruciais. Primeiro, ele regula a atividade do GABA, o principal neurotransmissor inibitório (calmante) do cérebro, ajudando a diminuir a atividade neuronal. Segundo, o magnésio funciona como um bloqueador natural dos receptores NMDA, que são ativados por neurotransmissores excitatórios. Essencialmente, o magnésio ajuda a acalmar o sistema, impedindo que ele entre em um estado de hiperexcitabilidade, que é a base fisiológica de uma crise de ansiedade.
Qual a relação entre a deficiência de magnésio e os hormônios do estresse?

A resposta do corpo ao estresse é governada pelo eixo Hipotálamo-Pituitária-Adrenal (HPA), que culmina na liberação de hormônios como o cortisol e a adrenalina. O magnésio desempenha um papel regulador neste eixo.
Conforme apontam pesquisas revisadas pelo National Center for Biotechnology Information (NCBI), a deficiência de magnésio está associada a uma maior reatividade do eixo HPA. Isso significa que, na ausência de magnésio suficiente, o corpo pode ter uma resposta ao estresse mais exagerada e prolongada, mantendo os níveis de cortisol e adrenalina elevados por mais tempo. Esse estado de alerta fisiológico constante pode diminuir o limiar para o desencadeamento de uma crise de ansiedade.
A falta de magnésio pode mimetizar os sintomas físicos da ansiedade?
Sim, e este é um ponto fundamental que pode criar um ciclo vicioso. A deficiência de magnésio, por si só, pode causar sintomas físicos que são indistinguíveis dos de uma crise de ansiedade, confundindo o diagnóstico e intensificando a sensação de pânico.
Palpitações cardíacas
A hiperexcitabilidade do sistema nervoso pode levar a arritmias e à sensação de coração acelerado.
Tensão muscular e tremores
Sem o efeito relaxante do magnésio, os músculos podem ficar cronicamente tensos, levando a tremores e espasmos.
Fadiga e fraqueza
O magnésio é vital para a produção de energia celular (ATP). Sua falta pode causar uma fadiga profunda.
Insônia e sono agitado
A incapacidade do sistema nervoso de “desligar” pode levar a dificuldades para dormir, um sintoma comum tanto na deficiência de magnésio quanto na ansiedade.
Uma pessoa que sente esses sintomas físicos devido à deficiência pode interpretá-los como um ataque de ansiedade, o que gera mais estresse, esgotando ainda mais as reservas de magnésio do corpo.
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O que as pesquisas científicas dizem sobre esta conexão?
A ciência estabeleceu uma forte correlação entre baixos níveis de magnésio e um aumento na incidência de ansiedade. Um estudo publicado no periódico Nutrients encontrou uma associação significativa entre uma baixa ingestão de magnésio e maiores chances de depressão e ansiedade.
No entanto, a evidência para a suplementação como tratamento ainda está em desenvolvimento. Alguns ensaios clínicos mostraram que a suplementação de magnésio pode ser eficaz na redução de sintomas de ansiedade leve a moderada, mas não é considerada um tratamento de primeira linha para transtornos de pânico ou ansiedade generalizada severa.
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Como diagnosticar e tratar a deficiência de magnésio de forma segura?
É perigoso e imprudente autodiagnosticar uma deficiência de magnésio e iniciar a suplementação para tratar a ansiedade. A única forma segura de proceder é:
- Diagnóstico Profissional: Se você está sofrendo com crises de ansiedade, a consulta com um médico, psicólogo ou psiquiatra é o passo mais importante. Eles podem diagnosticar corretamente a condição e criar um plano de tratamento baseado em evidências, que pode incluir terapia e/ou medicação.
- Investigação Médica: O médico pode solicitar exames de sangue para verificar seus níveis de magnésio e outros nutrientes para descartar ou confirmar uma deficiência como fator contribuinte.
- Orientação Nutricional: Com um diagnóstico em mãos, um nutricionista pode orientá-lo a aumentar a ingestão de alimentos ricos em magnésio (como folhas verdes, sementes e nozes) ou, se for o caso, prescrever a dose e o tipo de suplemento de magnésio mais seguro e eficaz para você, evitando interações medicamentosas e efeitos colaterais.








