Em tempos modernos, a busca por formas naturais de acalmar a mente e transformar as emoções ganhou um novo aliado: o ato de respirar conscientemente. Este hábito, muitas vezes considerado trivial, revelou-se poderoso em influenciar tanto o bem-estar emocional quanto o funcionamento cerebral. Pesquisas recentes começaram a desvendar o que se encontra por trás do chamado breathwork, demonstrando sua capacidade de impacto direto no cérebro e no equilíbrio emocional.
Uma equipe da Brighton and Sussex Medical School, liderada por Amy Amla Kartar, investigou o papel da respiração intensa em conjunto com música evocadora e descobriu mudanças cerebrais significativas.
O estudo, publicado na revista PLOS One, utilizou tecnologias sofisticadas como a neuroimagem para observar essas transformações em tempo real. A pesquisa incluiu participantes que realizaram sessões de 20 a 30 minutos de respiração rápida, enquanto a resposta fisiológica foi cuidadosamente monitorada.
Como a respiração induz alterações no cérebro?

Os resultados desse estudo mostraram que a prática de breathwork está associada a alterações notáveis na ativação do sistema nervoso simpático, evidentes através da diminuição da variabilidade da frequência cardíaca.
Além disso, foi observado um fluxo sanguíneo reduzido em áreas cerebrais como o opérculo esquerdo e a ínsula posterior, regiões ligadas à percepção corporal interna. Em contraste, a amígdala direita e o hipocampo anterior, ambos envolvidos no processamento de memórias emocionais, apresentaram aumento do fluxo sanguíneo.
O que é o fenômeno ‘oceanic boundlessness’?
Um dos aspectos mais fascinantes do estudo foi a identificação do fenômeno denominado ‘oceanic boundlessness’. Muitos participantes relataram sensações intensas de unidade, paz e clareza mental, popularmente associadas a práticas espirituais profundas ou ao uso de substâncias psicodélicas.
Contudo, neste estudo, tais sensações emergiram apenas através da combinação de trabalho respiratório e música evocadora, sem efeitos colaterais desfavoráveis.
Quais são as implicações terapêuticas do breathwork?
O impacto do breathwork como uma ferramenta terapêutica promissora se torna evidente com as descobertas do estudo. A Dr. Alessandro Colasanti, pesquisador líder, destacou que a respiração guiada representa uma poderosa forma de neuromodulação natural, regulando não apenas o metabolismo cerebral, mas também sistematicamente em todo o corpo.
Esse método potencializa intervenções clínicas, especialmente para condições emocionais difíceis, sem recorrer a medicamentos.
Apesar das conclusões promissoras, os pesquisadores enfatizam a necessidade de estudos adicionais. Com experimentos mais extensos e participação controlada, será possível isolar fatores como a influência da música, garantindo uma compreensão mais profunda dos mecanismos por trás do breathwork.
No entanto, é inegável que a respiração guiada se estabelece como uma prática acessível, segura e eficaz para a promoção da saúde emocional, abrindo portas para novas formas de terapia não-farmacológica.










