A vitamina E é amplamente conhecida por seu poderoso efeito antioxidante, o que a torna um ingrediente popular em produtos para a pele e suplementos que prometem retardar o envelhecimento. É crucial e inegociável afirmar desde o início: doenças de pele e dos olhos exigem diagnóstico e tratamento com um médico especialista. A suplementação por conta própria, especialmente com vitaminas lipossolúveis como a vitamina E, pode ser ineficaz e até mesmo perigosa.
Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em evidências, o papel real que a vitamina E desempenha na proteção celular, o que a ciência diz sobre seu impacto na pele e nos olhos, e por que a obtenção deste nutriente através dos alimentos é quase sempre a abordagem mais segura e recomendada.
Qual a principal função da vitamina E como “guardiã” das nossas células?

A principal função da vitamina E no corpo é atuar como um antioxidante lipossolúvel. Para entender o que isso significa, é preciso pensar na estrutura das nossas células. Todas as células do corpo são envoltas por uma membrana feita de gordura (lipídios). Essa membrana é vulnerável ao ataque de moléculas instáveis chamadas radicais livres, um processo de dano conhecido como estresse oxidativo.
A vitamina E se integra a essas membranas celulares e funciona como uma “guardiã”, neutralizando os radicais livres e impedindo que eles danifiquem a estrutura da célula. Essa proteção da integridade celular é a base de todos os seus benefícios para a saúde.
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Como essa proteção antioxidante beneficia a pele?
A pele está na linha de frente do combate aos agressores ambientais, especialmente a radiação ultravioleta (UV) do sol, que é uma das maiores fontes de produção de radicais livres. O estresse oxidativo induzido pelo sol é uma das principais causas do envelhecimento precoce da pele (fotoenvelhecimento), pois danifica o colágeno e a elastina.
Ao se concentrar nas camadas da pele, a vitamina E ajuda a fornecer uma proteção antioxidante contra os danos solares. Conforme aponta a ciência, um nível adequado de vitamina E, atuando em sinergia com a vitamina C, é fundamental para a capacidade da pele de se defender do estresse ambiental diário.
De que maneira a vitamina E atua na saúde dos olhos?
A retina é um dos tecidos com a maior taxa metabólica do corpo, o que a torna extremamente suscetível ao estresse oxidativo. A vitamina E, por sua ação antioxidante, desempenha um papel protetor, especialmente na mácula, a área central da retina.
A evidência mais robusta para o uso de vitamina E na saúde ocular vem dos históricos estudos AREDS/AREDS2 (Age-Related Eye Disease Studies), patrocinados pelo National Eye Institute. Esses estudos descobriram que uma fórmula específica de suplementos, que incluía altas doses de vitamina E (junto com vitamina C, zinco, cobre, luteína e zeaxantina), foi capaz de reduzir o risco de progressão da forma intermediária para a avançada da Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI). É importante notar que a fórmula não preveniu o início da doença.
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Por que a obtenção de vitamina E através dos alimentos é mais segura e eficaz?
A abordagem “comida em primeiro lugar” é a mais recomendada por especialistas por várias razões. Os alimentos fornecem um complexo de oito compostos diferentes de vitamina E (quatro tocoferóis e quatro tocotrienóis), enquanto a maioria dos suplementos fornece apenas uma forma, o alfa-tocoferol. Além disso, os alimentos vêm com uma matriz de outras gorduras saudáveis, fibras e fitoquímicos que atuam em sinergia.
As melhores fontes alimentares de vitamina E
- Oleaginosas e sementes: Sementes de girassol e amêndoas são as fontes mais ricas.
- Óleos vegetais: Óleo de gérmen de trigo, óleo de girassol e azeite de oliva.
- Vegetais de folhas verdes: Espinafre e brócolis.
- Abacate.
Quais são os riscos da suplementação de vitamina E em altas doses?
Por ser uma vitamina lipossolúvel, o excesso de vitamina E não é facilmente eliminado e pode se acumular no corpo. Grandes estudos clínicos que testaram a suplementação de alta dose de vitamina E para a prevenção de doenças cardíacas e câncer não apenas falharam em mostrar benefícios, como alguns apontaram para riscos.
Conforme alerta o National Institutes of Health (NIH), o principal risco da suplementação em altas doses é o aumento do risco de sangramento, pois a vitamina E pode interferir na coagulação do sangue. Esse risco é particularmente alto para pessoas que já tomam medicamentos anticoagulantes, como a varfarina.
A única abordagem segura é a consulta profissional. Um médico dermatologista ou oftalmologista pode diagnosticar sua condição. Com base nisso, um nutricionista ou médico pode determinar se a suplementação é necessária, o que é raro, e prescrever uma dose segura.










