A cúrcuma, o tempero dourado que é a base do curry, tem sido reverenciada por séculos na medicina ayurvédica por suas propriedades terapêuticas. É crucial e inegociável afirmar desde o início: a inflamação crônica é um processo complexo, na raiz de muitas doenças sérias, e exige um diagnóstico e tratamento médico. Nenhuma especiaria pode ou deve substituir o cuidado e a orientação de um profissional de saúde qualificado.
A ciência moderna tem se dedicado a investigar a base para o uso tradicional da cúrcuma, focando em seu principal composto ativo, a curcumina. Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em evidências, o que a pesquisa diz sobre como a cúrcuma pode atuar no combate à inflamação e quais os cuidados indispensáveis para seu uso.
O que é a inflamação e como a curcumina age em nível molecular?

A inflamação é uma resposta natural do sistema imunológico a uma lesão ou infecção. No entanto, quando essa resposta se torna crônica e de baixa intensidade, ela pode danificar tecidos saudáveis e contribuir para o desenvolvimento de doenças como artrite, problemas cardíacos e diabetes.
O poder da cúrcuma reside em seu composto ativo, a curcumina. Estudos científicos demonstraram que a curcumina é uma molécula bioativa com potentes propriedades anti-inflamatórias. Ela atua em um nível molecular, ajudando a bloquear a atividade de uma molécula chamada NF-kB (fator nuclear kappa B). Pense no NF-kB como um “interruptor mestre” da inflamação; quando ativado, ele “liga” os genes que produzem as proteínas inflamatórias do corpo. A curcumina demonstrou ser capaz de inibir esse interruptor, ajudando a “acalmar” a cascata inflamatória.
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O que as pesquisas científicas dizem sobre o efeito da curcumina?
As evidências mais promissoras para a curcumina em humanos estão no manejo dos sintomas da osteoartrite. Diversos ensaios clínicos randomizados mostraram que a suplementação com extratos de curcumina pode ser eficaz na redução da dor e da rigidez articular.
Uma revisão sistemática publicada no periódico BMJ Open Sport & Exercise Medicine concluiu que a suplementação com extrato de cúrcuma proporcionou uma melhora significativa na dor e na função física em pessoas com osteoartrite do joelho. É importante notar que esses estudos utilizam extratos concentrados, e não a especiaria culinária.
Por que a absorção da curcumina é um desafio tão grande?
Este é um ponto fundamental. A curcumina, em sua forma natural na cúrcuma, tem uma biodisponibilidade muito baixa, o que significa que o corpo absorve muito pouco dela. Para superar esse obstáculo, a forma mais comum e estudada de aumentar a absorção é combinando a curcumina com a piperina, o composto ativo da pimenta-do-reino, que pode aumentar a biodisponibilidade em até 2000%.
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O uso da cúrcuma com fins terapêuticos é seguro para todos?
Não. O uso culinário é seguro para a maioria das pessoas. No entanto, os extratos concentrados de curcumina apresentam riscos.
- Interações Medicamentosas: Este é o maior risco. A curcumina pode interagir com medicamentos anticoagulantes (como a varfarina) e antiplaquetários (como a aspirina), aumentando o risco de sangramento.
- Efeitos Colaterais: Em altas doses, pode causar desconforto gastrointestinal.
- Contraindicações: Pessoas com problemas na vesícula biliar devem ter cautela.
Conforme alerta o National Center for Complementary and Integrative Health (NCCIH), a automedicação com suplementos para tratar a inflamação é uma prática arriscada. A consulta com um médico para um diagnóstico correto e a orientação de um nutricionista são indispensáveis para determinar se esta abordagem é segura e apropriada para você.








