O gengibre é uma raiz valorizada globalmente, tanto por seu sabor picante na culinária quanto por seu longo histórico de uso na medicina tradicional para uma vasta gama de queixas. É crucial e inegociável afirmar desde o início: problemas circulatórios e infecções recorrentes são condições médicas sérias que exigem um diagnóstico profissional. Nenhuma especiaria, por mais potente que seja, pode ou deve substituir o tratamento médico adequado.
Dito isso, a ciência moderna tem se dedicado a investigar os compostos por trás dos efeitos do gengibre, revelando conexões fascinantes com a saúde vascular e a resposta imune. Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em evidências, como o gengibre pode atuar como um suporte para a circulação e a imunidade, e quais os cuidados indispensáveis para seu consumo.
Qual o “ingrediente secreto” do gengibre e como ele atua no corpo?

O poder do gengibre reside em seus compostos bioativos, principalmente o gingerol (na raiz fresca) e o shogaol (formado quando a raiz é seca ou cozida). Essas substâncias são as responsáveis pelo sabor característico e, mais importante, por suas potentes propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes.
A inflamação crônica e o estresse oxidativo são processos que estão na raiz de muitas doenças crônicas, desde problemas cardiovasculares até a disfunção do sistema imunológico. Ao combater esses dois processos, os compostos do gengibre oferecem um benefício de base para a saúde geral do corpo.
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Como o gengibre pode influenciar a circulação sanguínea?

A influência do gengibre na circulação está ligada principalmente à sua capacidade de promover a vasodilatação, que é o relaxamento e o alargamento dos vasos sanguíneos. Estudos sugerem que o gingerol e outros compostos da raiz podem ajudar a inibir a contração dos vasos e a promover a liberação de substâncias que os relaxam.
Um vaso sanguíneo mais relaxado e mais largo permite que o sangue flua com menos resistência. Conforme aponta a ciência, essa melhora no fluxo sanguíneo pode ajudar na regulação da pressão arterial e garantir uma entrega mais eficiente de oxigênio e nutrientes para todos os tecidos do corpo. O conhecido “efeito aquecedor” do gengibre é, em parte, um reflexo desse aumento da circulação na periferia do corpo.
De que maneira o gengibre pode apoiar o sistema imunológico?
O suporte do gengibre ao sistema imunológico é multifacetado, atuando tanto na modulação da resposta imune quanto no combate direto a patógenos.
Ação anti-inflamatória potente
Uma resposta inflamatória excessiva pode ser prejudicial. Ao modular a inflamação, o gengibre ajuda o sistema imunológico a funcionar de forma mais equilibrada, sem reagir de forma exagerada.
Propriedades antioxidantes
Protegem as células imunes do estresse oxidativo, mantendo-as saudáveis e funcionais.
Potencial antimicrobiano e antiviral
Estudos in vitro (em laboratório) demonstraram que o gengibre fresco, em particular, possui compostos que podem inibir o crescimento de várias bactérias e vírus, incluindo o vírus sincicial respiratório (VSR), uma causa comum de infecções respiratórias. É importante notar que esses efeitos ainda precisam ser confirmados em estudos robustos em humanos.
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O consumo de gengibre é seguro para todos?
Não. Embora o uso culinário seja seguro para a maioria das pessoas, o consumo regular em maiores quantidades ou na forma de suplementos concentrados apresenta riscos e contraindicações importantes.
- Interações Medicamentosas: Este é o risco mais sério. O gengibre tem um efeito de “afinamento” do sangue. Seu uso com medicamentos anticoagulantes (como a varfarina) ou antiplaquetários (como a aspirina) pode aumentar perigosamente o risco de sangramento. Ele também pode interagir com medicamentos para diabetes e pressão arterial.
- Problemas de Coagulação: Pessoas com distúrbios hemorrágicos não devem consumir gengibre em grandes quantidades.
- Cálculos Biliares: O gengibre pode aumentar o fluxo de bile, o que pode ser um problema para pessoas com histórico de cálculos biliares.
- Cirurgias: Recomenda-se interromper o consumo em altas doses pelo menos duas semanas antes de qualquer procedimento cirúrgico.
Conforme alerta o National Center for Complementary and Integrative Health (NCCIH), se você tem qualquer condição de saúde ou toma qualquer tipo de medicamento, a consulta com um médico ou nutricionista é indispensável antes de incluir o gengibre em sua rotina com fins terapêuticos.










