A exaustão, antes associada a condições extremas de trabalho ou eventos estressantes, tornou-se uma realidade cotidiana para muitas pessoas ao redor do mundo. A vida moderna impõe um ritmo frenético que nem sempre é compatível com as necessidades biológicas e emocionais dos indivíduos. Estudos recentes demonstram que a Fadiga não é apenas um sintoma de falta de sono, mas também uma consequência de sobrecarga cognitiva e emocional.
A consultoria internacional Ipsos e o Global Institute for Wellbeing realizaram um estudo que revelou que mais de 62% das pessoas relatam sentir-se exaustas fisicamente ou mentalmente pelo menos três vezes por semana. Entre os adolescentes, a situação não é menos preocupante. Pesquisas do Unicef indicam que quase 70% desses jovens se sentem cansados mesmo após dormir adequadamente, evidenciando que a Fadiga vai além das horas de sono.
Por que a Fadiga se tornou um problema estrutural?
A psicóloga Adriana Martínez explica que vivemos em uma sociedade que exige disponibilidade constante, atualizações frequentes e estabilidade emocional. A linha entre o trabalho e o descanso tornou-se tênue, o que nos deixa eternamente em alerta, resultando em um cansaço que é mais mental do que físico. O neurologista Conrado Estol destaca que nossos desafios atuais são principalmente cognitivos, com a atenção constantemente dispersa pela multitarefa.

O neurobiólogo Matthew Walker reforça a importância do sono como um pilar da saúde. Dormir mal afeta nossa capacidade de regular emoções e aumenta a propensão ao mau-humor. Mas não se trata apenas de quantidade; a qualidade do descanso importa tanto quanto as horas dormidas.
Qual é o impacto dos ritmos circadianos na Fadiga?
Satchin Panda, do Instituto Salk, aponta que a qualidade do sono está intimamente ligada à sua sincronização com os ritmos circadianos. Muitas pessoas dormem quando podem, e não quando o corpo necessita, o que leva à fadiga crônica. Isso também afeta crianças, que, submetidas a rotinas extensas e estímulos constantes de tecnologia, ficam irritáveis e têm desempenho escolar prejudicado.
Como o estilo de vida contribui para a fadiga contínua?
A psicóloga Rocío Ramos Paul observa que o acúmulo de atividades e a falta de momentos de desconexão agravam a sensação de cansaço. Ela sugere que parar e selecionar prioridades são passos fundamentais para recuperar energia. A especialista Eve Van Cauter aponta que a privação do sono compromete o sistema imunológico e eleva o risco de doenças metabólicas. Portanto, descansar é essencial para a regeneração do corpo e mente.
Estratégias para gerenciar a Fadiga no dia a dia?
Encontrar maneiras de lidar com a exaustão moderna não é meramente uma questão de dormir mais, mas de descansar de forma mais eficaz. O neurocientista Andrew Huberman sugere que “micropausas” ao longo do dia são benéficas para a plasticidade cerebral. Cochilos curtos e momentos sem estímulos visuais contribuem para uma regeneração mental.
- Mantenha uma rotina de sono regular, mesmo nos fins de semana.
- Ajuste suas atividades ao seu ritmo biológico natural, respeitando o cronótipo individual.
- Delicie-se com pausas curtas durante o dia, aproveitando momentos de lazer sem telas.
- Invista em uma alimentação equilibrada para evitar inflamações ocultas que contribuem para a Fadiga.
- Limite o uso de telas antes de dormir para evitar a supressão da melatonina.
- Lembre-se de que descansar é uma necessidade, não um luxo ou sinal de preguiça.
A compreensão e gestão adequadas da Fadiga são passos essenciais para um estilo de vida mais saudável e consciente num mundo que valoriza a produtividade acima do bem-estar. Descansar, portanto, é uma declaração de princípios frente à cultura da hiperatividade e da conectividade incessante.
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Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
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