Por Dr. Cesar Cimonari, Neurocirurgião.
A infância é uma fase repleta de descobertas e aprendizados, mas para algumas famílias, pode também envolver desafios como a Epilepsia. Na maioria dos casos, as crises epilépticas são controladas com medicamentos. No entanto, cerca de 20% a 30% das crianças desenvolvem epilepsia refratária, uma condição em que as crises não são contidas mesmo com o tratamento adequado.
Essa condição, chamada de difícil controle, ocorre quando as convulsões persistem apesar do uso de medicamentos indicados. Em tais casos, os episódios epilépticos frequentes podem impactar o desenvolvimento cerebral da criança em áreas como aprendizagem, interação social e comportamento. A atividade elétrica cerebral devido às frequentes convulsões pode prejudicar a memória, a linguagem e a coordenação motora.
Entendendo a epilepsia refratária e seus efeitos
Diagnosticar a epilepsia refratária exige uma abordagem multidisciplinar. Exames como eletroencefalograma, ressonância magnética funcional e vídeo-EEG ajudam a identificar precisamente a origem das crises. Importante lembrar que a epilepsia abrange várias síndromes, cada uma com causas e manifestações distintas como genéticas, malformações, lesões ou infecções.
Identificar a localização e a natureza das crises é essencial para um tratamento mais direcionado e eficaz, abrindo caminho para alternativas quando os medicamentos não bastam.
Quais são as possíveis alternativas de tratamento?
Para casos onde os remédios não são suficientes, existem outras opções. A cirurgia pode ser indicada quando é possível remover uma lesão cerebral de forma segura, podendo alcançar até 70% de sucesso no controle das crises em casos bem selecionados. Outra opção é a estimulação do nervo vago, que envolve um dispositivo semelhante a um marcapasso para reduzir a frequência das crises.

A dieta cetogênica, caracterizada por alto teor de gordura e baixo carboidrato, também se mostra eficaz na redução das crises, especialmente em crianças, conforme relatado por alguns estudos.
Além do controle das crises: como proceder?
O tratamento não se resume apenas ao manejo das crises, mas sim a um cuidado holístico. Apoio psicológico à família, terapia com especialistas e inclusão escolar são fundamentais. A conscientização sobre a epilepsia refratária é crucial para garantir que as famílias busquem mais rápido ajuda especializada, mudando o prognóstico da condição.
A informação e o diagnóstico precoce têm o potencial de realmente transformar a vida das crianças com epilepsia refratária. Com pais vigilantes, profissionais capacitados e acesso a cuidados adequados, podemos proporcionar uma vida de qualidade e maior independência a essas crianças.









