O sono de má qualidade não causa apenas cansaço mental; ele desencadeia uma cascata hormonal que desregula o apetite, aumenta os desejos por alimentos calóricos e facilita o ganho de peso, mesmo que a dieta diurna seja controlada.
Como o sono ruim mexe com os hormônios da fome?
A privação de sono causa um desequilíbrio direto nos hormônios que controlam o apetite. Os níveis de grelina (o hormônio do “vá comer”) aumentam, enquanto os níveis de leptina (o hormônio do “pare de comer”) caem.
O resultado é um cérebro que se sente fisiologicamente mais faminto e, ao mesmo tempo, menos satisfeito com as refeições, levando a um consumo excessivo de calorias ao longo do dia seguinte.
No vídeo a seguir, a Dra. Viviane Vigne explica como o sono afeta o ganho de peso:
A privação de sono aumenta o desejo por “junk food”?
Sim. O cérebro exausto busca “energia rápida” e “recompensa” (dopamina) para compensar a fadiga. A falta de sono aumenta o desejo por alimentos hiperpalatáveis, que são ricos em açúcar, gordura e sal.
Além disso, a falta de sono prejudica o córtex pré-frontal (o centro do autocontrole e da tomada de decisão), tornando muito mais difícil resistir a impulsos e fazer escolhas alimentares saudáveis.
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Qual o papel do cortisol no ganho de peso relacionado ao sono?
Dormir mal é um estressor físico, o que mantém os níveis de cortisol (hormônio do estresse) cronicamente elevados. O cortisol sinaliza ao corpo para “conservar energia” (gordura) em preparação para um perigo percebido.
Esse estado de estresse aumenta os desejos por “comfort food” e direciona o armazenamento de gordura preferencialmente para a região abdominal (gordura visceral), que é a mais perigosa para a saúde metabólica.

O cansaço (fadiga) diminui o metabolismo?
A fadiga da privação de sono reduz drasticamente o NEAT (Non-Exercise Activity Thermogenesis). Este é o gasto calórico de atividades não planejadas (como se mexer na cadeira, gesticular ou caminhar até o carro).
O cansaço também destrói a motivação para o exercício físico regular. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca a atividade física como chave para o balanço energético, e o sono ruim sabota essa prática.
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Quais estratégias ajudam a quebrar esse ciclo vicioso?
Para regular o apetite, é preciso primeiro regular o sono. A chave é a higiene do sono: criar um ritual consistente que sinalize ao cérebro a hora de descansar e otimize a produção de melatonina (hormônio do sono).
Para melhorar a qualidade do sono e, consequentemente, o controle do apetite, é essencial focar em hábitos que promovam o relaxamento e a regulação do relógio biológico:
- Defina um horário fixo: Tente deitar e acordar no mesmo horário (mesmo nos fins de semana) para “ancorar” o ritmo circadiano.
- Evite telas (Luz Azul): Desligue celulares e TVs pelo menos 60 minutos antes de dormir, pois a luz azul bloqueia a melatonina.
- Corte a cafeína: Evite cafeína (café, chás estimulantes) pelo menos 6-8 horas antes do seu horário de dormir.
- Crie um ambiente escuro: Use cortinas blackout para garantir que o quarto esteja o mais escuro possível, otimizando o sono profundo.









