Com o avanço das tecnologias de Reprodução Assistida, a maternidade após os 50 anos se tornou uma realidade para um número crescente de mulheres. Esse fenômeno não reflete apenas os avanços da ciência, mas também a mudança cultural que permite a mulheres adiarem a decisão de ter filhos para buscar estabilidade financeira, emocional ou realizar outros projetos de vida.
É importante notar que, embora seja possível, a gestação nesta faixa etária ainda é rara. Dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), que é a fonte oficial do DataSUS para o registro de nascimentos no Brasil, mostram que em 2019, o número de nascimentos de mães com 50 anos ou mais foi de 559, o que representa uma porcentagem ínfima do total de nascidos vivos no país.
Qual a viabilidade de engravidar após os 50 anos?
A gravidez após os 50 anos, na grande maioria dos casos, depende de tratamentos de Reprodução Assistida, principalmente a Fertilização In Vitro (FIV), devido à queda drástica da fertilidade natural com a idade.
- Chance de sucesso com óvulos próprios: A partir dos 40 anos, a qualidade e a quantidade de óvulos declinam significativamente. A chance de sucesso de uma gestação com óvulos próprios após os 44 anos é menor que 5%, mesmo com o uso de FIV. Essa redução se deve, principalmente, a um aumento nas anomalias cromossômicas dos óvulos, resultando em maior taxa de falhas na implantação e abortos espontâneos.
- Utilização de óvulos doados: Para mulheres com mais de 50 anos, a principal alternativa e a mais eficaz é a utilização de óvulos doados por mulheres mais jovens. O sucesso da gestação com óvulos doados está mais relacionado à saúde e à capacidade do útero da receptora e à idade da doadora do que à idade da própria mulher que irá gestar. Estudos demonstram que, com o uso de óvulos de doadoras jovens, as taxas de sucesso são significativamente maiores e semelhantes às de mulheres mais jovens que utilizam os próprios óvulos.
Quais os principais riscos e complicações?
A gestação em idade materna avançada (definida como gestação após os 35 anos, e especialmente após os 50) está associada a um aumento substancial nos riscos, tanto para a mãe quanto para o bebê.

Existem riscos para a mãe?
Mulheres que engravidam após os 50 anos enfrentam um risco significativamente maior de complicações obstétricas. Revisões sistemáticas e estudos prospectivos indicam um risco elevado para:
- Hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia: A incidência de pré-eclâmpsia é de 5 a 10 vezes maior em gestantes acima de 50 anos.
- Diabetes gestacional: O risco de desenvolver diabetes gestacional é duas vezes maior em comparação com gestantes mais jovens.
- Complicações no parto: A taxa de cesariana é elevada, chegando a ser mais de 90% em algumas coortes de estudo. Há também maior risco de hemorragia pós-parto.
- Aborto espontâneo: A taxa de aborto espontâneo é dramaticamente alta. Para gestantes com 45 anos ou mais que utilizam óvulos próprios, essa taxa pode ultrapassar 50%. Com a doação de óvulos, o risco de aborto espontâneo diminui, mas ainda é superior ao de gestantes jovens devido a outras comorbidades maternas.
Existem riscos para o bebê?
O envelhecimento dos óvulos aumenta o risco de anomalias cromossômicas, como a Síndrome de Down, na gravidez com óvulos próprios. Esse risco é minimizado com a utilização de óvulos doados por mulheres jovens. No entanto, mesmo com óvulos doados, há maior risco de:
- Parto prematuro e baixo peso ao nascer: A taxa de parto prematuro é de 3 a 5 vezes maior. O risco de o bebê nascer com baixo peso também é elevado.
- Malformações congênitas: Alguns estudos mostram um leve aumento no risco de malformações congênitas, mesmo com a utilização de óvulos doados, sugerindo que o ambiente uterino materno mais envelhecido pode ter alguma influência.
Por que a maternidade tardia é uma escolha?
A decisão de adiar a maternidade para além dos 50 anos é pessoal e multifacetada. Muitas mulheres que optam por essa jornada destacam:
- Estabilidade e maturidade: A maturidade emocional e a estabilidade financeira adquiridas ao longo da vida são vistas como vantagens para a criação de um filho.
- Autonomia e liberdade reprodutiva: A capacidade de escolher o momento para se tornar mãe é um direito reforçado pela autonomia reprodutiva. A possibilidade de gestar em idade avançada desafia normas sociais e empodera a mulher a definir seu próprio projeto de vida.
Em suma, a maternidade após os 50 anos é viável, mas exige um acompanhamento médico rigoroso devido aos riscos significativamente mais altos para a mãe e o bebê. A doação de óvulos é a via mais comum e com maior taxa de sucesso para essa jornada, tornando o sonho da maternidade uma realidade para muitas mulheres.
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