A Netflix deu um passo inédito no gênero médico com o lançamento de Pulso em abril de 2025, marcando sua estreia no segmento de dramas hospitalares em língua inglesa. A produção chegou às telas em meio a um momento aquecido para séries médicas, competindo diretamente com The Pitt da Max e outros títulos recentes. Apesar das expectativas, Pulso enfrentou recepção mista da crítica, obtendo apenas 48% de aprovação no Rotten Tomatoes e 48 pontos no Metacritic.
A série ambientada no Hospital Maguire, em Miami, acompanha a residência médica durante uma crise dupla que coloca os profissionais sob extrema pressão. O contexto combina elementos climáticos com tensões internas, criando um ambiente de alta dramaticidade. A criadora Zoe Robyn apostou em uma fórmula que mistura procedimentos médicos tradicionais com questões contemporâneas, especialmente relacionadas ao assédio sexual e dinâmicas de poder no ambiente hospitalar.
Como a série aborda temas sensíveis no ambiente hospitalar?
Pulso coloca no centro da narrativa uma denúncia de assédio sexual que divide a equipe médica e redefine as relações de poder. Danny Simms, interpretada por Willa Fitzgerald, torna-se residente-chefe após denunciar Xander Phillips (Colin Woodell) por comportamento inadequado. A decisão controversa da série de usar essa temática como motor narrativo gerou críticas por sua abordagem considerada “tone-deaf” por alguns críticos especializados.
A produção executiva de Carlton Cuse, veterano de Lost, trouxe experiência ao projeto, mas não conseguiu evitar as críticas sobre o tratamento superficial de questões sérias. O relacionamento romântico anterior entre Danny e Xander adiciona camadas de complexidade, mas também gerou desconforto entre espectadores que consideraram problemática a romantização de situações de assédio. A série tenta equilibrar drama pessoal com procedimentos médicos, mas muitos críticos apontaram execução desorganizada.

Quem são os talentos por trás e na frente das câmeras?
Willa Fitzgerald chega a Pulso com credenciais sólidas, destacando-se recentemente em The Fall of the House of Usher de Mike Flanagan, onde interpretou Madeline Usher e recebeu indicação ao Critics Choice Award. Sua trajetória inclui papéis memoráveis em Reacher da Amazon Prime como a oficial Roscoe Conklin e Emma Duval na série Scream da MTV. Formada em estudos teatrais pela Universidade Yale, Fitzgerald demonstra versatilidade ao transitar entre gêneros.
Colin Woodell traz experiência de produções como The Continental: From The World Of John Wick e The Flight Attendant, além de participações em Masters of Sex e Designated Survivor. O elenco de apoio inclui Justina Machado, Jack Bannon, Jessie T. Usher (conhecido por The Boys), e Jessy Yates, atriz que usa cadeira de rodas e representa autenticamente sua personagem Harper. A diversidade do casting foi elogiada como um dos pontos positivos da produção.
Por que a série não conquistou críticos e audiências?
As críticas a Pulso concentram-se principalmente na execução fragmentada e na tentativa de abordar temas demais simultaneamente. O consenso crítico do Rotten Tomatoes descreve a série como “marcando todos os tropos da moda dos dramas médicos modernos com execução desorganizada”. Muitos críticos compararam negativamente Pulso com The Pitt, série médica concorrente que estreou na Max com recepção mais positiva.
A ambientação em Miami durante um furacão deveria criar tensão adicional, mas alguns críticos sentiram que o elemento climático foi subutilizado como recurso narrativo. A série de 10 episódios apostou em cliffhangers e fotografia dramática, mas não conseguiu sustentar o interesse consistente. Carlton Cuse defendeu a abordagem focada em personagens, diferenciando Pulso de séries mais procedimentais, mas a estratégia não se traduziu em sucesso crítico.
Qual o futuro da série e seu impacto no gênero médico?
Pulso representa um experimento importante para a Netflix no gênero médico, historicamente dominado por redes tradicionais como ABC com Grey’s Anatomy e NBC com as séries Chicago. A entrada da plataforma de streaming neste mercado sinaliza interesse em diversificar o catálogo original, especialmente considerando o sucesso recente de dramas médicos em outras plataformas. O momento competitivo, com quatro novas séries médicas estreando em três meses, evidencia o ressurgimento do gênero.
A recepção mista de Pulso pode influenciar futuras decisões da Netflix sobre investimentos em dramas hospitalares. A série demonstra os desafios de equilibrar entretenimento com responsabilidade social ao abordar temas sensíveis como assédio sexual no ambiente de trabalho. Independentemente das críticas, Pulso estabelece precedente para a Netflix no gênero médico e pode servir como aprendizado para futuras produções similares, especialmente considerando o potencial do formato para maratonas e consumo em streaming.