Recentemente, cientistas na Austrália fizeram uma descoberta potencialmente revolucionária sobre as causas do crescimento de alguns Cânceres Gastrointestinais. Dois componentes do sistema nervoso, chamados CGRP e RAMP1, foram identificados como promotores ativos do desenvolvimento desses tumores em estudos realizados por instituições como a Universidade La Trobe. Esta pesquisa foi destaque na publicação BMJ Oncology, e oferece novas esperanças para tratamentos oncológicos.
A investigação revelou que estas proteínas, antes estudadas em outros contextos, têm papel crucial na comunicação entre neurônios e células tumorais no trato gastrointestinal. As descobertas sugerem que a estimulação das células tumorais ocorre através das interações entre as fibras nervosas que liberam CGRP e os receptores RAMP1 encontrados nas células cancerosas.
Como a via CGRP/RAMP1 afeta o câncer?
Esta via neurológica é um canal de comunicação onde o CGRP, liberado por neurônios, ativa o receptor RAMP1 nas células vizinhas. Tal interação pode influenciar o comportamento das células, favorecendo seu crescimento e resistência. No caso dos Cânceres Gastrointestinais, foi observado que as próprias células tumorais podem também produzir CGRP, criando uma espécie de retroalimentação que intensifica o problema.

A reutilização de medicamentos existentes é uma possibilidade?
Um dos pontos mais fascinantes deste estudo é o potencial para usar medicamentos previamente aprovados, projetados para inibir a via CGRP/RAMP1, em novos contextos terapêuticos. Estes fármacos, utilizados principalmente contra enxaquecas, poderiam ser adaptados para tratar tipos específicos de câncer, economizando tempo e recursos no processo de desenvolvimento clínico.
Quais são os tipos comuns de Cânceres Gastrointestinais?
- Câncer de estômago: Geralmente associado ao H. pylori e dietas inadequadas.
- Câncer colorretal: Relacionado a hábitos de vida sedentários e alimentação baixa em fibras.
- Câncer de esôfago: Histórias de tabagismo e alcoolismo são fatores contribuintes.
- Câncer de fígado: Muitas vezes resultado de infecções virais ou abuso de álcool.
- Câncer de pâncreas: Conhecido por sua agressividade e diagnóstico tardio.
- Câncer de vesícula biliar: Embora raro, seu diagnóstico geralmente é tardio.
Quais os próximos passos nas pesquisas?
Apesar dos avanços, esta pesquisa ainda está em fase preliminar, sendo essencial validar a eficácia e segurança dessas abordagens em humanos. Mais estudos são necessários para entender as variáveis que podem influenciar diferentes tipos de tumores gastrointestinais e como responderão aos tratamentos propostos pela via CGRP/RAMP1.
Em conclusão, enquanto a participação do sistema nervoso na digestão já era conhecida, esta nova função no desenvolvimento tumoral abre caminhos importantes para tratamentos inovadores, possibilitando intervenções mais rápidas e potencialmente mais eficazes no manejo dos cânceres gastrointestinais.
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Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
CRM-GO 33.271








