O chá de folha de framboesa vermelha ganhou espaço nas conversas sobre saúde feminina e cuidados na gestação. Presente em farmácias de manipulação, lojas de produtos naturais e prateleiras de chás especiais, ele costuma ser associado ao preparo do corpo para a gravidez, ao parto e ao ciclo menstrual.
O que é o chá de folha de framboesa e por que ele é tão citado na saúde reprodutiva
A expressão chá de folha de framboesa é usada para descrever uma bebida preparada a partir das folhas da framboeseira, e não do fruto. Na fitoterapia tradicional, esse chá é associado à saúde ginecológica, incluindo cólicas menstruais, irregularidades do ciclo, preparo do útero para o parto e recuperação pós-parto.
Naturopatas e parteiras de diferentes países costumam incluir a bebida em protocolos complementares, com a ideia de tornar as contrações mais eficientes e, assim, reduzir certas intervenções médicas. Do ponto de vista químico, as folhas concentram flavonoides, taninos, ácidos fenólicos e compostos como a fragrina, além de vitaminas e minerais que ajudam a explicar o interesse científico nessas folhas.
Para aprofundar sobre o tema, trouxemos o vídeo da nutricionista Suiam, que explicou como esse chá pode ser de extrema importância para a saúde, especialmente na gestação, foco deste artigo:
@suiam.nutri O chá da folha que fortalece o útero há gerações. ⠀ 🍃 O chá de folha de framboesa é um tônico uterino tradicional. ⠀ 👉 Regula o ciclo 👉 Fortalece o útero 👉 Pode apoiar a implantação ⠀ 📩 Compartilha com quem ama uma boa infusão! #chadeframboesa #chasdafertilidade #fitoterapianatural #plantasmedicinais #nutricaointegrativa #tentantes2025 #fitoterapianafertilidade ♬ som original – Suiam.nutri
O que a ciência sabe sobre o chá de folha de framboesa na gravidez
Os estudos sobre chá de folha de framboesa na gravidez ainda são limitados, mas alguns dados chamam atenção. Pesquisas observacionais indicam que gestantes que consumiram a bebida, em geral a partir do segundo ou terceiro trimestre, apresentaram menor frequência de certos procedimentos, como cesariana, parto instrumental, ruptura artificial das membranas e uso de ocitocina para acelerar o trabalho de parto.
Há relatos também de redução discreta no tempo de duração da fase final do parto e de melhora em alguns desfechos neonatais, como notas de APGAR mais altas e menos internações em UTI neonatal. Porém, como muitos estudos têm amostras pequenas, doses variadas e início de uso em semanas gestacionais diferentes, entidades de saúde reforçam que o chá deve ser visto apenas como um recurso coadjuvante, sem substituir o pré-natal e protocolos obstétricos consolidados (Bowman et al., 2024).
Quais são os possíveis benefícios e riscos do chá de framboesa vermelha
Quando se fala em benefícios do chá de framboesa vermelha, três pontos aparecem com mais frequência: suporte ao tônus uterino, aporte de compostos antioxidantes e possível ajuda em sintomas ligados ao ciclo hormonal. Na prática, os relatos de uso tradicional mais comuns envolvem os seguintes objetivos de apoio:
- Alívio de cólicas menstruais e desconforto pélvico leve;
- Apoio ao preparo do útero na fase final da gestação;
- Auxílio na recuperação após o parto, em combinação com outras medidas;
- Uso complementar em sintomas de TPM, perimenopausa e menopausa.
Do outro lado, pesquisadores identificaram pontos de atenção. Em doses muito altas e por vias não orais, extratos da folha causaram sinais de toxicidade em modelos animais, com efeitos sobre o sistema nervoso central e o sistema cardiovascular, além de possível interferência em enzimas que metabolizam medicamentos (Bebitoglu, 2020). Também foram observadas leve ação hipoglicemiante e impacto na absorção de ferro, o que exige cautela em gestantes com diabetes, anemia ou em uso de múltiplos remédios.

Como usar o chá de folha de framboesa com mais segurança
Profissionais de saúde que aceitam o uso do chá de folha de framboesa em gestantes costumam sugerir alguns cuidados gerais, voltados principalmente à segurança materno-fetal. Não existe um protocolo único, mas há pontos amplamente discutidos para tentar reduzir riscos e orientar melhor o consumo da bebida.
- Evitar o uso no primeiro trimestre, devido à possibilidade teórica de efeito sobre o útero em fase inicial de gestação.
- Introduzir gradualmente no segundo ou terceiro trimestre, se houver liberação médica, começando com pequenas quantidades.
- Manter consumo moderado, normalmente em torno de 1 a 3 xícaras ao dia, dependendo da recomendação profissional.
- Observar sinais do corpo, como alterações na pressão, glicemia, desconfortos digestivos ou mudanças marcantes nos movimentos fetais.
- Suspender e reavaliar em caso de qualquer sintoma inesperado, sangramento, contrações muito frequentes ou uso concomitante de novos medicamentos.
Fora da gestação, o chá de raspberry leaf também é utilizado por quem busca apoio natural para regular ciclos ou lidar com sintomas hormonais, sempre como complemento e não como substituição de acompanhamento ginecológico. Em todos os contextos, a recomendação recorrente é informar ao profissional de saúde sobre o consumo de chás medicinais, para que possíveis interações com remédios ou condições pré-existentes sejam consideradas.
Quais são as perspectivas atuais e o que ainda falta descobrir sobre o chá de framboesa
Apesar de séculos de uso tradicional, o chá de folha de framboesa vermelha ainda é tema de investigação e carece de ensaios clínicos robustos. Estudos recentes com técnicas modernas de análise química detalham melhor a composição de polifenóis e flavonoides, enquanto pesquisas clínicas tentam esclarecer de que forma esses componentes atuam no útero e em outros tecidos.
Outro ponto em debate é a padronização dos produtos, já que amostras de chás de diferentes países mostram variação no teor de compostos ativos, o que dificulta definir dose, forma de preparo e tempo de uso mais adequados. Estudos futuros tendem a focar em protocolos de dosagem mais claros e em análises de interação com medicamentos, mantendo como eixo central o uso consciente, mediado por informação atualizada e orientação profissional na rotina de cuidados com a saúde reprodutiva.
Referências bibliográficas
- Bowman, RL, Taylor, J. e Davis, DL. (2024). Biophysical effects, safety, and efficacy of raspberry leaf use in pregnancy: a systematic integrative review.Complemento BMC Med Ther., 24, 169
- Bebitoglu, B. T. (2020). Frequently Used Herbal Teas During Pregnancy – Short Update. Medeniyet Medical Journal, 35(1), 55.










