Alongar é vital para a flexibilidade, mas a mentalidade de “sem dor, sem ganho” é extremamente prejudicial nessa prática. Forçar o alongamento até o ponto de dor ativa mecanismos de defesa do corpo que contraem o músculo em vez de relaxá-lo, resultando em mais rigidez e risco de lesões.
A regra do “sinal de trânsito” para não se machucar
O maior erro ao tentar ganhar flexibilidade é achar que “quanto mais doer, melhor”. Na verdade, existe um ponto exato onde o ganho real acontece, e passar dele ativa os mecanismos de defesa do corpo, gerando o efeito contrário.
Para saber se você está na zona segura ou se está prestes a se lesionar, use a regra do semáforo das sensações:
- Sinal Verde (Ineficaz): Você não sente quase nada. O músculo está relaxado demais e não há estímulo suficiente para mudança.
- Sinal Amarelo (O Ponto Ideal): Você sente uma tensão desconfortável, mas suportável. É a sensação de que o músculo está sendo “puxado”, mas você ainda consegue respirar fundo e relaxar nessa posição. É aqui que a mágica acontece.
- Sinal Vermelho (Perigo): A tensão vira uma dor aguda, pontada ou queimação elétrica. Se o músculo começar a tremer involuntariamente, pare imediatamente. Você ativou o reflexo de proteção e está causando microlesões em vez de alongar.

Por que sentir dor aguda anula o benefício do alongamento?
O corpo possui um mecanismo de segurança chamado “reflexo miotático”. Quando um músculo é esticado com muita força ou rapidez, o sistema nervoso ordena que ele se contraia imediatamente para evitar um rompimento.
Isso significa que, ao forçar a dor, você está lutando fisiologicamente contra o próprio músculo. O resultado não é flexibilidade, mas sim microlesões nas fibras e um aumento da rigidez protetora no dia seguinte.
O movimento de “insistência” ou balanço é perigoso?
Sim, o alongamento balístico (ficar “quicando” para tentar chegar mais longe) é um erro mecânico grave. Esse movimento rápido força a articulação além de sua amplitude segura antes que o músculo tenha tempo de se adaptar.
A Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos (AAOS) adverte que essa prática aumenta drasticamente o risco de distensões musculares e danos aos ligamentos, devendo ser evitada em favor de movimentos estáticos e controlados.
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Alongar músculos frios pode causar lesões graves?
Tentar alongar profundamente um músculo “frio” (sem aquecimento prévio) é como puxar um elástico ressecado. As fibras estão menos elásticas, menos viscosas e muito mais propensas a se romperem sob tensão.
O ideal é realizar alongamentos estáticos intensos apenas após o exercício ou depois de um aquecimento leve. O aumento da temperatura corporal torna o tecido conjuntivo mais maleável e receptivo ao alongamento.

Quais sinais indicam que você está exagerando na força?
A linha entre o alongamento eficaz e a lesão é definida pela sensação física. É fundamental aprender a distinguir a “tensão de alongamento” saudável dos alertas de perigo que o sistema nervoso envia.
Fique atento a estas sensações específicas que indicam que você deve parar imediatamente e reduzir a amplitude do movimento:
- Dor aguda ou pontada: Diferente do desconforto, é um sinal claro de lesão tecidual.
- Tremor muscular: Indica que o músculo está exausto e lutando para se proteger.
- Formigamento: Sinal de que um nervo está sendo comprimido ou estirado indevidamente.
- Respiração travada: Prender o ar é um sinal de que o corpo está em estado de pânico e tensão.
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Como a respiração correta potencializa o resultado?
Prender a respiração durante o alongamento aumenta a pressão arterial e a tensão muscular global. A respiração profunda e rítmica é necessária para ativar o sistema nervoso parassimpático e permitir o relaxamento.
A Mayo Clinic recomenda manter o alongamento por pelo menos 30 segundos enquanto se respira livremente. É o ato de expirar que sinaliza ao músculo que é seguro ceder e ganhar amplitude.









