Nossa audição é um dos sentidos mais preciosos, conectando-nos com o mundo, com a música e, o mais importante, com as pessoas que amamos. No entanto, em um mundo cada vez mais barulhento, muitas vezes só damos valor a ela quando percebemos que algo não vai bem. Cuidar da saúde auditiva é um ato de prevenção fundamental para garantir a qualidade de vida em todas as idades.
Proteger seus ouvidos não é apenas sobre evitar a surdez. Uma boa audição está diretamente ligada à nossa saúde mental, à nossa segurança e à nossa capacidade cognitiva. Entender os riscos do dia a dia e adotar hábitos simples de cuidado é o melhor caminho para preservar esse sentido vital e continuar ouvindo bem a vida inteira.
Por que a saúde auditiva vai muito além de apenas “ouvir bem”?
A perda auditiva não tratada tem um impacto que vai muito além da dificuldade de comunicação. Quando uma pessoa começa a não entender bem as conversas, a tendência natural é o isolamento social. Ela passa a evitar encontros sociais e reuniões de família por vergonha ou pela dificuldade de acompanhar os diálogos, o que pode ser um gatilho para a tristeza e a depressão.
Além disso, a audição é um sentido de alerta crucial para a nossa segurança. É através dela que percebemos a aproximação de um carro ou um alarme de incêndio. Estudos também mostram uma forte correlação entre a perda auditiva não tratada em idosos e um declínio cognitivo mais acelerado, pois o cérebro precisa gastar muito mais recursos para tentar decodificar os sons.
Fones de ouvido e shows: como o ruído do dia a dia pode estar “roubando” sua audição silenciosamente?
A principal causa de perda auditiva evitável no mundo hoje é a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR). Ela ocorre devido à exposição prolongada ou a picos de sons muito altos, que danificam de forma irreversível as células ciliadas, estruturas minúsculas e delicadas dentro do nosso ouvido interno que são responsáveis por captar o som.
Os maiores vilões da vida moderna são os fones de ouvido utilizados em volume excessivo. O barulho de shows, festas e até de ambientes de trabalho ruidosos também contribui para esse desgaste silencioso. O perigo é que a perda é gradual; você não percebe que está “roubando” sua audição até que o dano já seja significativo.
Zumbido, dificuldade de entender conversas e “ouvido tapado”: quais os sinais de alerta da sua audição?
É fundamental estar atento aos primeiros sinais de que sua audição pode estar com problemas. Muitas vezes, eles são sutis e podem ser ignorados como “coisa da idade” ou cansaço. Reconhecer esses sinais de alerta é o que te motivará a procurar uma avaliação profissional precocemente.
Se você ou seus familiares notarem a presença de um ou mais desses sintomas, é hora de agendar uma consulta.
Sinais de alerta da saúde auditiva
- Dificuldade de compreensão Você ouve que as pessoas estão falando, mas tem dificuldade para entender as palavras, especialmente em ambientes com ruído de fundo. Pedir para repetirem frases com frequência é um sinal clássico.
- Necessidade de aumentar o volume Aumentar o volume da televisão ou do rádio a um nível que é desconfortável para os outros.
- Zumbido no ouvido (Tinnitus) Ouvir um chiado, apito ou som constante no ouvido ou na cabeça, especialmente em ambientes silenciosos.
- Sensação de “ouvido tapado” Sentir uma pressão ou a sensação de que o ouvido está cheio ou bloqueado.
- Tonturas e problemas de equilíbrio O ouvido interno também é responsável pelo nosso equilíbrio, então vertigens e tonturas podem estar relacionadas a problemas auditivos.
Cotonetes são amigos ou inimigos dos seus ouvidos? Qual a forma correta de limpá-los?
Este é um dos mitos mais perigosos sobre a saúde auditiva. As hastes flexíveis, ou cotonetes, são inimigas dos seus ouvidos. Tentar limpar o canal auditivo com elas não só é ineficaz, como também é perigoso. Elas empurram a cera para perto do tímpano, podendo causar a compactação do cerúmen (uma “rolha” de cera), infecções e, no pior dos casos, a perfuração da membrana timpânica.
A cera não é sujeira; é uma proteção natural do ouvido, com funções bactericida e lubrificante. O ouvido é “autolimpante”. A forma correta de higienizar é limpar apenas a parte externa da orelha (a pavilhão auricular) com a ponta de uma toalha macia após o banho. Nunca insira nenhum objeto no canal auditivo.
Quais são as regras de ouro para proteger sua audição no século XXI?
A prevenção é a melhor estratégia. Adotar hábitos seguros no uso de tecnologia e em ambientes barulhentos pode preservar sua audição por décadas. A regra mais famosa para o uso de fones de ouvido é a regra do 60/60: ouça a, no máximo, 60% do volume total do aparelho por, no máximo, 60 minutos seguidos. Após esse período, faça uma pausa.
Em ambientes com ruído muito intenso, como shows, festivais ou eventos esportivos, o uso de protetores auriculares (de espuma ou silicone) é altamente recomendado. Eles reduzem o volume do som a um nível mais seguro sem estragar sua experiência. E, sempre que possível, dê um descanso para seus ouvidos, procurando ambientes silenciosos após uma exposição prolongada ao barulho.
Quando uma “dificuldade para ouvir” deixa de ser normal e exige uma visita ao otorrinolaringologista?
Qualquer um dos sinais de alerta mencionados anteriormente já é motivo suficiente para procurar ajuda profissional. Não existe “dificuldade para ouvir” que seja normal. A perda auditiva é um processo que, se não for acompanhado, tende a progredir.
O médico otorrinolaringologista é o especialista que cuida da saúde do ouvido, nariz e garganta. Ele fará uma avaliação clínica e poderá solicitar exames específicos, como a audiometria, que mede detalhadamente sua capacidade de ouvir diferentes frequências sonoras. Caso seja detectada uma perda, o fonoaudiólogo é o profissional que irá auxiliar na reabilitação, incluindo a possível adaptação de aparelhos auditivos.
