A TPM (Tensão Pré-Menstrual) é uma experiência tão comum na vida da maioria das mulheres que, muitas vezes, é tratada como piada ou “frescura”. Cólicas, inchaço, irritabilidade e vontade de comer doces são vistos como parte inevitável do ciclo menstrual, algo que se deve simplesmente “aguentar”.
No entanto, para um número significativo de mulheres, a experiência vai muito além de um leve desconforto. Quando os sintomas são tão intensos a ponto de paralisar a rotina, destruir relacionamentos e abalar profundamente a saúde mental, não estamos mais falando de uma TPM comum. É crucial entender que sofrimento extremo não é normal e que existe ajuda médica disponível e eficaz.
“Não é frescura”: como diferenciar uma TPM comum de uma que precisa de atenção médica?

A principal diferença entre uma TPM normal e uma forma severa que exige atenção está na intensidade dos sintomas e no impacto que eles causam na sua vida. Uma TPM comum pode trazer incômodos, mas não te impede de trabalhar, estudar ou se relacionar com as pessoas.
Já a TPM intensa ou o TDPM (Transtorno Disfórico Pré-Menstrual) são debilitantes. Os sintomas, especialmente os de humor, são tão fortes que a mulher pode se sentir fora de controle, com prejuízos reais em sua vida profissional e pessoal.
Comparando os sinais
- Na TPM comum
- Os sintomas são presentes, mas gerenciáveis.
- Você pode sentir irritabilidade, tristeza ou ansiedade, mas consegue manter suas atividades diárias.
- Os desconfortos físicos, como cólicas e dores de cabeça, melhoram com analgésicos comuns.
- Na TPM intensa ou TDPM
- Os sintomas são severos e incapacitantes.
- A irritabilidade se transforma em raiva e conflitos interpessoais.
- A tristeza pode se tornar uma sensação de desesperança ou até depressão.
- A ansiedade é acentuada, com sensação de “nervos à flor da pele”.
- A vida profissional e os relacionamentos são diretamente afetados.
Por que algumas mulheres sentem a TPM de forma tão mais intensa que outras?
A causa da TPM intensa e do TDPM não é um desequilíbrio hormonal, como muitos pensam. Na verdade, as mulheres que sofrem com quadros severos possuem os mesmos níveis hormonais daquelas com sintomas leves. A ciência atual acredita que o problema está em uma sensibilidade maior do cérebro às flutuações normais de estrogênio e progesterona que ocorrem no ciclo.
Essa sensibilidade parece afetar diretamente os neurotransmissores cerebrais, especialmente a serotonina, que é fundamental para a regulação do humor. É como se o cérebro dessas mulheres reagisse de forma exagerada às mudanças hormonais, resultando em sintomas emocionais e psicológicos muito mais intensos.
O que é o TDPM, a “versão” severa da TPM que afeta a saúde mental?
O Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) é uma condição médica real, classificada como um transtorno depressivo nos manuais de psiquiatria. Ele é considerado a forma mais grave da TPM, afetando de 3% a 8% das mulheres em idade reprodutiva. Sua principal característica é o predomínio de sintomas psíquicos graves.
Para ser diagnosticado como TDPM, a mulher precisa apresentar pelo menos cinco sintomas específicos na semana anterior à menstruação, com melhora acentuada logo após o início do fluxo. Dentre eles, pelo menos um precisa ser um sintoma de humor grave, como depressão acentuada, ansiedade intensa, instabilidade afetiva (choro súbito) ou raiva e irritabilidade extremas.
Como um “diário de sintomas” pode ser a ferramenta mais importante para seu diagnóstico?
Como não existem exames de sangue ou de imagem para diagnosticar a TPM intensa ou o TDPM, o relato da paciente é a ferramenta mais importante. No entanto, pode ser difícil lembrar com precisão como você se sentiu semanas atrás. Por isso, manter um “diário de sintomas” por, no mínimo, dois ciclos menstruais consecutivos é fundamental.
Nesse diário, anote diariamente seus sintomas físicos e emocionais, dando uma nota para a intensidade de cada um. Isso ajudará você e seu médico a identificar um padrão claro, conectando inequivocamente a piora dos sintomas à fase pré-menstrual do seu ciclo. Essa documentação é crucial para um diagnóstico preciso.
De mudanças no estilo de vida a medicamentos: quais os caminhos para aliviar a TPM intensa?
Felizmente, existem diversas opções de tratamento que podem aliviar significativamente os sintomas. A escolha do melhor caminho dependerá da intensidade do quadro e deve ser feita em conjunto com um profissional de saúde. As abordagens podem incluir mudanças no estilo de vida, que funcionam bem para casos leves a moderados.
Para casos mais graves de TPM ou para o TDPM, o tratamento médico é geralmente necessário e muito eficaz. As opções incluem o uso de pílulas anticoncepcionais de uso contínuo para estabilizar as flutuações hormonais ou, principalmente, o uso de antidepressivos da classe ISRS, que atuam diretamente na regulação da serotonina e costumam trazer um alívio rápido e significativo dos sintomas de humor.
Ginecologista, psiquiatra ou psicólogo: qual profissional procurar para tratar a TPM severa?
Saber qual porta bater pode fazer toda a diferença. O ginecologista é, muitas vezes, o primeiro profissional a ser procurado. Ele pode avaliar a saúde ginecológica geral, descartar outras condições e discutir tratamentos hormonais, como o uso de contraceptivos.
No entanto, quando os sintomas de humor são o principal problema, como no TDPM, o psiquiatra é o especialista mais indicado para fazer o diagnóstico preciso e indicar o tratamento mais eficaz, como os antidepressivos. Em paralelo, o psicólogo, através da terapia, pode oferecer um suporte valioso, ajudando a mulher a desenvolver estratégias para lidar com as emoções, o estresse e o impacto que a condição causa em sua vida.









