Sentir medo e rir ao mesmo tempo é uma experiência comum em situações como filmes de terror, brincadeiras de susto ou histórias assustadoras contadas de forma descontraída. Nesses momentos, o corpo reage com sinais claros de alerta, mas o cérebro, ao mesmo tempo, reconhece algum grau de segurança ou de humor, criando uma espécie de “curto-circuito emocional” em que a pessoa leva um susto, mas logo em seguida solta uma gargalhada ou um riso nervoso, como explica a pesquisa “Neural correlates of laughter and humour“.
O que acontece no corpo quando o medo aparece
Quando o medo é ativado, o organismo entra em modo de defesa. A amígdala cerebral, estrutura ligada à detecção de ameaças, dispara sinais para várias regiões do cérebro e do corpo em poucos segundos, acionando o sistema nervoso simpático e preparando a pessoa para reagir com rapidez.
Entre as respostas físicas mais frequentes do medo, surgem alterações corporais facilmente reconhecidas no dia a dia. Elas compõem a clássica resposta de luta, fuga ou paralisação, mesmo que, na prática, a pessoa esteja apenas sentada em um sofá assistindo a uma cena de suspense.
- batimentos cardíacos acelerados;
- respiração mais rápida e curta;
- tensão muscular, especialmente em pescoço, ombros e mandíbula;
- suor nas mãos e em outras partes do corpo;
- dilatação das pupilas e maior estado de alerta.
Como o cérebro lida com a mistura de medo e riso
A palavra-chave aqui é a interação entre amígdala cerebral e córtex pré-frontal. A amígdala reage de forma rápida e intensa ao que parece ameaçador, enquanto o córtex pré-frontal, ligado ao raciocínio e ao controle das emoções, interpreta o contexto e pode “reclassificar” o risco quando a pessoa está em um ambiente considerado seguro.
Surge então uma espécie de discordância interna: a amígdala dispara o medo, mas o córtex pré-frontal avalia que não há perigo real. Nesses casos, o riso funciona como uma válvula de escape, ajudando a descarregar a tensão acumulada mesmo enquanto o coração ainda está acelerado.
- O susto inicial vem da amígdala, que reage ao estímulo repentino.
- O córtex pré-frontal percebe o contexto (brincadeira, filme, piada).
- A sensação de ameaça diminui, mas o corpo continua ativado por instantes.
- O riso surge para aliviar o excesso de ativação emocional.
Para aprofundar no tema, trouxemos o vídeo do professor Paulo Jubilut:
@paulojubilut Já deu risada na hora errada? Vem descobrir porquê! #aprendanotiktok #tokdeciência #biologia ♬ som original – jubilut
Quais são as reações mistas mais comuns nesse tipo de situação
As chamadas reações mistas aparecem quando o corpo permanece em estado de alerta, mas o cérebro já começou a interpretar a situação como menos perigosa ou até divertida. Isso acontece em brinquedos radicais, pegadinhas ou piadas com elementos assustadores, gerando comportamentos que misturam nervosismo e humor.
Essas reações mostram como o sistema emocional humano é flexível e influenciado pelo contexto, pela história de vida e pela forma como o cérebro equilibra os sinais da amígdala e do córtex pré-frontal. Em muitos casos, experiências intensas acabam se transformando em memórias que rendem histórias e risadas no futuro.
- risada nervosa logo após o susto;
- tremor nas mãos ao mesmo tempo em que a pessoa ri;
- frases confusas, misturando humor e relato do medo;
- vontade de repetir a experiência, mesmo lembrando da sensação de ameaça;
- comentários engraçados para minimizar a experiência assustadora.

Como a mistura de medo e riso impacta o bem-estar emocional
Alternar entre medo e riso exerce um papel importante na forma como a pessoa lida com experiências intensas. O riso, mesmo surgindo em meio ao medo, facilita o relaxamento gradual do corpo após a resposta de alerta, ajudando a reduzir a ativação fisiológica e a sensação de tensão.
Quando a situação é compartilhada com outras pessoas, o episódio tende a ser reinterpretado de maneira mais leve. O grupo comenta, ri e discute o susto, e a memória do medo passa a ser associada a um contexto mais seguro, mostrando que essa “confusão” entre amígdala e córtex pré-frontal é parte de um sistema complexo que busca, ao mesmo tempo, proteger e adaptar o indivíduo ao ambiente em que vive.









