A busca por estratégias para manter o cérebro afiado e proteger a saúde mental ao longo da vida é uma prioridade crescente. É crucial e inegociável afirmar desde o início: dificuldades cognitivas ou transtornos de humor são condições médicas que exigem diagnóstico e tratamento profissional. Nenhum nutriente isolado pode ou deve substituir o cuidado médico qualificado.
Dito isso, a ciência tem identificado os ácidos graxos ômega-3 como um dos componentes nutricionais mais importantes para a estrutura e a função do cérebro. Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em evidências, o papel fundamental que estas “gorduras boas” desempenham, separando os fatos científicos das alegações exageradas.
Por que o DHA é um componente estrutural vital para os neurônios?

O cérebro humano é um órgão composto por cerca de 60% de gordura. Uma porção significativa dessa gordura é um tipo específico de ômega-3 chamado ácido docosahexaenoico (DHA). O DHA não é apenas uma gordura qualquer; ele é o principal bloco de construção estrutural das membranas das células cerebrais (neurônios).
Uma membrana celular rica em DHA é mais fluida e flexível. Conforme aponta a Harvard T.H. Chan School of Public Health, essa fluidez é essencial para que os receptores de neurotransmissores e as sinapses (as conexões entre os neurônios) funcionem de forma rápida e eficiente. Uma boa comunicação neuronal é a base de todas as nossas funções cognitivas, como a memória, o foco e o aprendizado.
Como o EPA atua no combate à neuroinflamação?
Outro tipo importante de ômega-3 é o ácido eicosapentaenoico (EPA). Enquanto o DHA é mais estrutural, o EPA é mais conhecido por sua potente ação anti-inflamatória. A inflamação crônica de baixo grau no cérebro, ou neuroinflamação, é um processo que tem sido fortemente associado ao declínio cognitivo, à depressão e a outras doenças neurológicas.
O EPA atua como precursor de moléculas que ajudam a “resolver” ativamente a inflamação, agindo como um freio natural para a resposta inflamatória do corpo. Ao combater a neuroinflamação, o EPA ajuda a proteger os neurônios contra danos e a manter um ambiente cerebral mais saudável.
Qual o impacto do ômega-3 na plasticidade cerebral e na memória?

A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de se adaptar, criar novas conexões e se reorganizar. É o processo que nos permite aprender e formar novas memórias. O ômega-3, ao garantir a integridade estrutural das membranas (com o DHA) e ao reduzir a inflamação (com o EPA), cria o ambiente ideal para que a neuroplasticidade ocorra.
Além disso, pesquisas preliminares sugerem que o ômega-3 pode influenciar os níveis de BDNF (Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro), uma proteína frequentemente chamada de “fertilizante” cerebral, que é crucial para o crescimento e a sobrevivência dos neurônios, especialmente em áreas ligadas à memória, como o hipocampo.
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Quais são os benefícios do ômega-3 para a saúde cerebral?
O consumo adequado de ômega-3 ao longo da vida está associado a uma série de benefícios de suporte para o cérebro.
Suporte à estrutura e comunicação dos neurônios
O DHA é um componente físico essencial das células cerebrais.
Ação anti-inflamatória e neuroprotetora
O EPA ajuda a combater a inflamação que pode danificar os neurônios.
Apoio à memória e ao aprendizado
Ao promover a neuroplasticidade, o ômega-3 é fundamental para a função cognitiva.
Potencial melhora e regulação do humor
A regulação da inflamação e dos neurotransmissores pode ter um impacto positivo no bem-estar emocional.
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A suplementação é a melhor forma de obter ômega-3?
A resposta da maioria das organizações de saúde é: não, a alimentação vem primeiro. A forma mais segura e eficaz de obter EPA e DHA é através do consumo de peixes gordurosos de água fria, como salmão, sardinha, cavala e arenque, pelo menos duas vezes por semana.
A suplementação com óleo de peixe só deve ser considerada sob orientação profissional. Conforme alerta o National Institutes of Health (NIH), altas doses de suplementos de ômega-3 podem ter um efeito de “afinamento” do sangue e interagir perigosamente com medicamentos anticoagulantes.
Se você tem preocupações sobre sua saúde cerebral, memória ou humor, a consulta com um médico neurologista ou psiquiatra é indispensável para um diagnóstico correto. Com base nisso, um nutricionista pode avaliar sua dieta e determinar se a suplementação é uma estratégia de apoio segura e apropriada para você.









