O impacto do café nos níveis de açúcar no sangue gera dúvidas frequentes, especialmente entre pessoas com resistência à insulina ou diabetes. Ao mesmo tempo em que a bebida faz parte da rotina matinal de grande parte da população, o controle da glicemia exige atenção a detalhes que vão além da quantidade de xícaras consumidas.
Como o café afeta a glicemia ao longo do dia
A palavra-chave central nesse tema é café e açúcar no sangue. O café puro, sem açúcar ou adoçantes calóricos, geralmente provoca pouca alteração direta na glicemia, mas a cafeína pode estimular hormônios de estresse, como cortisol e adrenalina, que sinalizam ao fígado a liberação de glicose estocada, elevando temporariamente o açúcar no sangue em algumas pessoas.
Esse efeito não é igual para todos e depende de fatores como sensibilidade à cafeína, sono irregular, estresse elevado e uso de certos medicamentos. Estudos indicam que, a longo prazo, o consumo habitual de café preto em quantidades moderadas se associa a um menor risco de diabetes tipo 2, sugerindo que a resposta imediata pode ser distinta dos efeitos crônicos, como explica a pesquisa “Coffee Consumption, Additive Use, and Risk of Type 2 Diabetes—Results from 3 Large Prospective United States Cohort Studies”.

O que realmente aumenta mais o açúcar no sangue no consumo de café
Quando o assunto é café e glicose, os principais responsáveis pelas subidas mais marcantes da glicemia não costumam ser os grãos, e sim os complementos adicionados à xícara. Açúcar comum, mel, xaropes saborizados e alguns tipos de creme adoçado contêm carboidratos de rápida absorção, que elevam o açúcar no sangue em pouco tempo, aproximando muitas bebidas especiais de uma sobremesa em termos de carga de açúcar.
Para entender melhor como diferentes ingredientes influenciam o controle glicêmico, é útil observar separadamente o papel dos açúcares, laticínios e adoçantes em relação ao café, facilitando escolhas mais adequadas ao dia a dia.
- Açúcares adicionados: adoçam rapidamente, mas também aumentam a glicemia em curto prazo.
- Leite integral e meia-creme: contêm lactose, um açúcar natural, que pode elevar a glicose em quantidades maiores.
- Cremes vegetais: alguns são sem lactose, mas podem ter açúcares adicionados na formulação.
- Adoçantes sem calorias: como stevia e outros não nutritivos, não fornecem glicose direta ao sangue.
Como reduzir o impacto do café e de seus acompanhamentos na glicemia
Para reduzir o impacto do café no açúcar no sangue, muitas pessoas optam por estratégias graduais, como diminuir aos poucos a quantidade de açúcar na bebida, escolher versões de xarope em “meia porção” ou usar adoçantes alternativos. Em alguns casos, cremes não adoçados, de origem animal ou vegetal, acrescentam sabor e textura com menor efeito imediato sobre a glicemia, desde que usados com moderação e avaliados no contexto da alimentação total do dia.
Também é útil considerar o tamanho do copo, a frequência com que bebidas açucaradas são consumidas e o hábito de ler rótulos, já que muitos produtos industrializados contêm açúcar oculto. Ajustes simples, como priorizar café filtrado ou espresso com pouco ou nenhum açúcar, podem fazer diferença significativa no controle da glicose.
Beber café em jejum altera mais o açúcar no sangue
Uma questão comum é se o café em jejum eleva mais o açúcar no sangue do que o café acompanhado de alimentos. Quando a cafeína é ingerida sem nenhum alimento, a ativação dos hormônios de estresse tende a ocorrer sem o “amortecimento” oferecido por proteínas, gorduras e fibras, fazendo com que o fígado libere glicose de forma mais acentuada e gerando uma elevação mais rápida e perceptível em algumas pessoas.
Ao associar o café a uma refeição que contenha fontes de proteína e gorduras boas, a resposta glicêmica costuma ser mais estável. Esse tipo de combinação ajuda a retardar a absorção de carboidratos e a suavizar variações bruscas de glicose ao longo da manhã, o que é especialmente relevante para quem monitora a glicemia com frequência.
- Incluir uma fonte de proteína no café da manhã (ovos, iogurte, queijos, bebida proteica).
- Preferir carboidratos ricos em fibras, como pães integrais ou aveia.
- Limitar o açúcar do café ou substituí-lo por adoçantes sem calorias.
- Observar como o corpo reage, especialmente em quem monitora a glicemia com frequência.
Para aprofundarmos no tema, trouxemos o vídeo da nutricionista Sarah Jessica:
@anutrisarah 🥲🫵🏻
♬ som original – Sarah Jessica | Nutricionista
Quem tem diabetes precisa parar de tomar café
A maior parte das evidências recentes indica que o café para quem tem diabetes pode ser compatível com um bom controle glicêmico, desde que alguns cuidados sejam seguidos. O monitoramento da glicemia de jejum e das medições pós-refeição ajuda a identificar se a bebida provoca picos individuais mais acentuados, permitindo ajustar horário, quantidade e tipo de café (com ou sem cafeína).
Por ser uma bebida culturalmente importante e presente em encontros sociais, trabalho e estudo, o café costuma ser mantido no plano alimentar com adaptações personalizadas. Profissionais de saúde frequentemente orientam a avaliar a quantidade diária, testar versões descafeinadas em pessoas mais sensíveis e associar a bebida a refeições equilibradas, mantendo o hábito enquanto o açúcar no sangue é acompanhado de perto e manejado com estratégias individualizadas.








