O chá de hibisco, com sua cor vibrante e sabor ácido, tornou-se uma bebida popular no universo do bem-estar, frequentemente associado a benefícios como o auxílio no controle da pressão arterial e na redução da retenção de líquidos. É crucial e inegociável afirmar desde o início: a hipertensão arterial é uma doença séria que exige diagnóstico e tratamento médico. Da mesma forma, a retenção de líquidos persistente pode ser um sinal de problemas cardíacos ou renais. Nenhuma erva ou chá pode ou deve substituir o cuidado e a medicação prescritos por um profissional de saúde.
Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em evidências, o que a ciência diz sobre os compostos do chá de hibisco e seus potenciais efeitos, separando os benefícios modestos e estudados das alegações exageradas.
Como o chá de hibisco poderia influenciar a pressão arterial?

O interesse científico no hibisco se deve à sua rica composição em compostos bioativos que parecem interagir com os mecanismos de regulação da pressão. As pesquisas sugerem duas vias de ação principais. A primeira é um efeito diurético suave, que ajuda os rins a eliminarem mais sódio e água do corpo, o que pode diminuir o volume de sangue circulante e, consequentemente, a pressão sobre as paredes das artérias.
A segunda via, mais investigada, está ligada às antocianinas, os antioxidantes que dão a cor vermelha à flor. Estudos sugerem que esses compostos podem ter um efeito inibidor da Enzima Conversora de Angiotensina (ECA), semelhante ao de uma conhecida classe de medicamentos para hipertensão, porém com uma ação muito mais branda. Essa inibição promove a vasodilatação, ou seja, o relaxamento dos vasos sanguíneos, facilitando o fluxo de sangue.
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O que as pesquisas científicas realmente dizem sobre seu efeito?
Diversos ensaios clínicos e revisões sistemáticas têm analisado o impacto do chá de hibisco na pressão arterial, e os resultados são consistentes em apontar um efeito positivo, porém modesto. Uma meta-análise de vários estudos publicada no Journal of Nutrition encontrou que o consumo regular de chá de hibisco resultou em pequenas, mas estatisticamente significativas, reduções tanto na pressão arterial sistólica quanto na diastólica.
Conforme a própria American Heart Association (AHA) aponta em suas publicações, o chá de hibisco pode ser um bom complemento a um estilo de vida saudável para pessoas com pressão arterial levemente elevada, mas não é um substituto para a medicação em casos de hipertensão diagnosticada.

Qual a conexão entre o hibisco e a retenção de líquidos?
A conexão está primariamente no seu já mencionado efeito diurético. Ao promover uma maior eliminação de sódio e água pelos rins, o chá de hibisco pode ajudar a reduzir o inchaço e a retenção de líquidos leves, muitas vezes associados ao ciclo menstrual ou a um dia de consumo excessivo de sal.
É importante ressaltar que este efeito se aplica a retenções de líquidos transitórias e não relacionadas a doenças. Se a retenção de líquidos for persistente, especialmente nas pernas e tornozelos, ela deve ser investigada por um médico, pois pode ser um sintoma de insuficiência cardíaca ou renal.
Quais são os compostos ativos responsáveis por esses efeitos?
A eficácia do hibisco não vem de um único componente, mas da sinergia de vários compostos encontrados na planta.
Antocianinas
São os pigmentos antioxidantes responsáveis pela cor e pelo potencial efeito na vasodilatação e na saúde dos vasos sanguíneos.
Polifenóis
O chá é rico em outros compostos polifenólicos, como a quercetina, que possuem fortes propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, benéficas para a saúde cardiovascular geral.
Ácidos orgânicos
Ácidos como o ácido hibístico, cítrico e málico contribuem para o sabor e parecem ter um papel no efeito diurético da planta.
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O consumo de chá de hibisco é seguro para todos?
Não. “Natural” não significa inócuo, e o chá de hibisco apresenta riscos e contraindicações importantes.
- Interações Medicamentosas: Este é o maior risco. Por seu efeito diurético e hipotensor, o chá pode interagir perigosamente com medicamentos diuréticos (como a hidroclorotiazida) e com outros medicamentos para pressão alta, podendo causar uma queda excessiva da pressão ou desequilíbrios eletrolíticos.
- Gravidez e Amamentação: O consumo de hibisco não é recomendado durante a gestação, pois pode estimular o fluxo menstrual e apresentar riscos hormonais.
- Saúde do Fígado: Em doses extremamente altas e concentradas (geralmente na forma de extratos, não de chá), foram observados efeitos sobre o fígado em alguns estudos.
- Hipotensão: Pessoas que já têm pressão baixa devem evitar o consumo regular, pois ele pode agravar os sintomas.
A automedicação com chás para tratar condições sérias como a hipertensão é uma prática perigosa. A decisão de incluir o chá de hibisco em sua rotina, especialmente se você toma qualquer medicamento ou tem alguma condição de saúde, deve ser feita obrigatoriamente após a consulta e aprovação do seu médico cardiologista.










