A Gagueira, um distúrbio que afeta a fluência da fala, tem sido historicamente mal compreendida, muitas vezes atribuída a causas emocionais ou comportamentais. No entanto, uma pesquisa genética recente trouxe novos insights, indicando uma ligação predominante entre a Gagueira e fatores genéticos. Este estudo, publicado na revista Nature Genetics, envolveu uma análise extensa dos dados genéticos de mais de um milhão de indivíduos, proporcionando evidências robustas sobre as origens neurológicas deste transtorno.
Conduzido por uma equipe de cientistas de prestígio, o estudo examinou genomas de cerca de 100 mil pessoas que relataram ter sofrido de gagueira, comparando-os com dados de mais de 1 milhão de indivíduos que nunca experimentaram o distúrbio. Como resultado, os pesquisadores identificaram 57 regiões do DNA associadas ao risco de desenvolver Gagueira, distribuídas por 48 genes diferentes. Esta descoberta representa a maior pesquisa de seu tipo conduzida até hoje.
Quais genes estão envolvidos na Gagueira?

Entre os genes identificados, o VRK2 se destacou por seu papel em várias condições neurológicas, incluindo esquizofrenia e esclerose múltipla. Além disso, este gene aparece frequentemente em pesquisas relacionadas à perda de linguagem no Alzheimer e em estudos sobre o ritmo motor, como a capacidade de manter um compasso. Vários outros genes identificados também foram associados a condições neurais e comportamentais, como autismo, TDAH e depressão.
A Gagueira está ligada exclusivamente a fatores genéticos?
As descobertas reforçam a hipótese de que a Gagueira resulta de disfunções no processamento temporal do cérebro, particularmente na percepção e organização do ritmo. Jennifer Below, especialista do Instituto de Genética da Universidade Vanderbilt e uma das responsáveis pelo estudo, enfatiza a origem neurológica da Gagueira, afirmando que sua influência é majoritariamente genética, e não decorre de falhas pessoais ou familiares, tampouco está relacionada à inteligência.
As diferenças genéticas entre homens e mulheres afetam a Gagueira?
O estudo também revelou que os fatores de risco genético para a Gagueira se manifestam de maneiras diferentes entre homens e mulheres. Estatisticamente, a condição é cerca de quatro vezes mais comum em homens adultos. Este dado levanta duas possíveis hipóteses: a maior proporção de participantes femininas sem gagueira pode ter impactado a precisão do modelo genético ou pode sugerir diferenças biológicas genuínas entre os sexos na origem genética da gagueira.
Dada a complexidade do transtorno, este avanço no entendimento genético da Gagueira oferece uma nova perspectiva que pode influenciar futuros tratamentos e estratégias de intervenção. A pesquisa sugere que compreender a base genética do distúrbio pode ser crucial para desenvolver terapias mais eficazes e personalizadas. Enquanto as investigações continuam, espera-se que esses resultados ajudem a desmistificar a natureza da Gagueira e a reduzir o estigma associado a essa condição. Além disso, usando essa abordagem genética, pode-se avançar na direção de soluções que melhorem consideravelmente a qualidade de vida das pessoas afetadas por este distúrbio.
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Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
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