A camomila (Matricaria recutita) é universalmente celebrada por seu poder de acalmar a mente e induzir o sono. No entanto, limitar seus benefícios apenas ao relaxamento é subestimar a complexidade desta antiga erva medicinal. É crucial e inegociável afirmar desde o início: nenhum chá ou erva pode ou deve substituir um diagnóstico e tratamento médico para condições de saúde. As informações a seguir são para fins educativos.
A ciência tem se dedicado a investigar os múltiplos compostos bioativos da camomila, revelando que seus efeitos se estendem para a saúde digestiva e para a modulação da inflamação. Este artigo irá explorar, de forma segura e baseada em evidências, os benefícios menos conhecidos que fazem da camomila muito mais do que apenas uma bebida para antes de dormir.
Quais são os principais compostos ativos da camomila?

A eficácia da camomila vem de um coquetel de compostos que atuam de forma sinérgica. O mais famoso é a apigenina, um flavonoide com efeito calmante no cérebro. No entanto, a planta também é rica em outras substâncias importantes:
- Bisabolol: Um óleo com potentes propriedades anti-inflamatórias, antirritantes e antimicrobianas.
- Camazuleno e Matricina: Compostos que também contribuem significativamente para a ação anti-inflamatória da erva.
- Polissacarídeos: Que podem ter um efeito de suporte ao sistema imunológico.
É a interação entre esses e outros compostos que confere à camomila sua versatilidade terapêutica.
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Como a camomila pode auxiliar na saúde digestiva?
Este é um dos seus usos tradicionais mais bem estabelecidos. A camomila é um excelente “remédio” natural para desconfortos gastrointestinais leves, graças às suas propriedades antiespasmódicas e carminativas.
O efeito antiespasmódico, atribuído a flavonoides como a apigenina, ajuda a relaxar os músculos lisos do estômago e do intestino. Esse relaxamento pode aliviar cólicas, espasmos e a dor associada à indigestão. A ação carminativa, por sua vez, ajuda a expelir gases aprisionados no trato digestivo, diminuindo a sensação de inchaço e a flatulência. Por isso, uma xícara de chá de camomila após uma refeição pesada pode ser um auxílio eficaz para a digestão.
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Qual o seu potencial como um anti-inflamatório natural?
A inflamação é uma resposta do corpo a lesões, mas quando se torna crônica, pode contribuir para diversas doenças. Conforme aponta a pesquisa científica, os compostos da camomila, como o bisabolol e o camazuleno, demonstraram em estudos de laboratório a capacidade de inibir enzimas e vias que promovem a inflamação, de forma semelhante a alguns medicamentos.
Embora o chá não seja um tratamento para doenças inflamatórias graves, seu consumo regular pode contribuir para a modulação da inflamação de baixo grau no corpo. Essa propriedade também explica seu uso tópico tradicional para acalmar irritações leves na pele.
Quais os benefícios menos conhecidos da camomila?
Além de seu famoso efeito no sono, a pesquisa tem explorado outras áreas promissoras para a camomila.
Suporte à saúde digestiva
Como mencionado, alivia gases, inchaço e espasmos intestinais leves.
Ação anti-inflamatória e antioxidante
Ajuda a combater o estresse oxidativo e a inflamação de baixo grau no corpo.
Potencial auxílio no controle da glicemia
Alguns estudos preliminares, incluindo uma revisão publicada pelo National Center for Biotechnology Information (NCBI), sugerem que a camomila pode ajudar a moderar os níveis de açúcar no sangue, mas esta área ainda necessita de muito mais pesquisa e não é uma recomendação para diabéticos.
Saúde da pele (uso tópico)
Seus compostos anti-inflamatórios podem ajudar a acalmar a pele em casos de irritações leves.
O consumo de chá de camomila é seguro para todos?
Para a maioria das pessoas, sim, mas existem precauções importantes. Conforme alerta o National Center for Complementary and Integrative Health (NCCIH):
- Alergias: Pessoas com alergia a plantas da família Asteraceae (como ambrósia, margaridas, crisântemos) têm um risco maior de reação alérgica à camomila.
- Interações Medicamentosas: A camomila pode ter um leve efeito de “afinamento” do sangue e pode interagir com medicamentos anticoagulantes (como a varfarina). Também pode aumentar o efeito de sedativos.
- Gravidez: A consulta com um médico antes de consumir qualquer erva durante a gestação é sempre a abordagem mais segura.
Se você sofre de problemas digestivos, de sono ou inflamatórios de forma crônica, a consulta com um médico para um diagnóstico preciso é indispensável. A orientação de um nutricionista também é fundamental para o uso seguro de qualquer erva com fins terapêuticos.









