Por Dr. Diego Bandeira, Neurologista
Um Aneurisma Cerebral é uma dilatação anormal de uma artéria causada pelo enfraquecimento da parede do vaso. Muitas vezes, ele permanece silencioso e só é descoberto de forma incidental em exames de imagem. O perigo maior é quando ocorre a ruptura, provocando uma hemorragia cerebral grave, que pode levar à morte ou deixar sequelas importantes.
Em alguns casos, no entanto, o aneurisma dá sinais de alerta antes da ruptura. O mais característico é a dor de cabeça súbita e intensa, muitas vezes descrita pelo paciente como “a pior dor da vida”. Essa dor, chamada de cefaleia sentinela, pode aparecer dias ou até semanas antes do rompimento. Diferencia-se das dores habituais porque surge de maneira abrupta, costuma ser localizada em ponto diferente do comum e pode estar associada a esforço físico, tosse ou relações sexuais. Estudos mostram que até um terço dos pacientes que sofrem ruptura já havia apresentado esse tipo de dor anteriormente.
Quais são as causas e fatores de risco para aneurismas?
A formação de um aneurisma pode ser influenciada por fatores hereditários e adquiridos. Doenças genéticas que tornam as artérias mais frágeis, como a Síndrome de Marfan e a Síndrome de Ehlers-Danlos, aumentam a probabilidade de desenvolvimento. Entre os fatores adquiridos, destacam-se hipertensão arterial mal controlada, tabagismo e consumo excessivo de álcool.
O histórico familiar de aneurismas ou de hemorragia cerebral também eleva o risco. Além disso, doenças reumatológicas e inflamatórias crônicas podem fragilizar os vasos, predispondo ao surgimento dessa condição.
Como são diagnosticados e tratados os aneurismas cerebrais?
O diagnóstico de um aneurisma exige exames de imagem avançados. A angiotomografia e a angiorressonância são capazes de identificar a dilatação arterial. Em situações específicas, a arteriografia cerebral digital é utilizada, pois permite uma visão detalhada da circulação cerebral.
Uma vez confirmado o diagnóstico, o tratamento depende do tamanho, da localização e das características do aneurisma, bem como das condições gerais do paciente. As duas principais formas de tratamento são a embolização endovascular, que consiste na introdução de espirais metálicas dentro do aneurisma para isolá-lo do fluxo sanguíneo, e a clipagem cirúrgica, em que um clipe de titânio é colocado na base do aneurisma durante uma microcirurgia. Nos últimos anos, técnicas menos invasivas vêm ganhando espaço, proporcionando recuperação mais rápida e resultados estéticos melhores.
O aneurisma pode ser prevenido ou evitado?
Não é possível impedir totalmente o surgimento de um aneurisma, sobretudo quando existe predisposição genética. Contudo, é possível reduzir os riscos de crescimento e ruptura com mudanças de estilo de vida. O controle rigoroso da pressão arterial, a suspensão do tabagismo, a moderação no consumo de álcool e a prática regular de hábitos saudáveis exercem papel fundamental na prevenção de complicações.
Indivíduos com histórico familiar positivo devem ser avaliados periodicamente. Em alguns casos, o rastreamento por exames de imagem é recomendado para detectar precocemente alterações vasculares.
Incidência do aneurisma em diferentes grupos populacionais
Os aneurismas cerebrais são um pouco mais frequentes em mulheres, embora os motivos não sejam totalmente compreendidos. Fatores hormonais e genéticos parecem estar envolvidos. A faixa etária mais acometida é entre 35 e 60 anos, mas casos em crianças e adolescentes também podem ocorrer, embora sejam menos comuns.
Pessoas com doenças do colágeno, histórico familiar de aneurisma ou condições que fragilizam os vasos sanguíneos devem permanecer em vigilância constante. A atenção a sintomas incomuns, associada a um acompanhamento médico regular, é decisiva para reduzir o impacto dessa doença na vida das pessoas.









