A busca por treinos rápidos e eficazes muitas vezes leva ao treino intervalado de alta intensidade (HIIT), conhecido por seu grande potencial de queima calórica. No entanto, muitos dos exercícios tradicionalmente associados ao HIIT, como saltos e burpees, geram um alto impacto, o que é uma preocupação legítima para a saúde dos joelhos, quadris e tornozelos. É crucial e inegociável afirmar: qualquer pessoa com dor ou histórico de lesões articulares deve obter liberação de um médico antes de iniciar qualquer novo programa de exercícios.
A boa notícia é que é possível obter os benefícios metabólicos de um treino intervalado sem o impacto prejudicial. A chave está em um conceito conhecido como HIIT de baixo impacto. Este artigo irá explorar como estruturar um treino de 10 minutos que eleva a frequência cardíaca e o gasto calórico, enquanto minimiza o estresse sobre as articulações.
O que é um treino intervalado de baixo impacto e como ele funciona?

Um treino intervalado de baixo impacto segue o mesmo princípio do HIIT tradicional: alternar entre períodos de esforço intenso e períodos de recuperação curta. A grande diferença está na seleção dos exercícios. Em vez de movimentos pliométricos (com saltos), o HIIT de baixo impacto utiliza exercícios que mantêm pelo menos um pé em contato com o chão o tempo todo.
A intensidade não vem do impacto do salto, mas sim da velocidade do movimento e do engajamento muscular. Ao realizar movimentos compostos (que usam vários grupos musculares) de forma rápida e controlada, você eleva a frequência cardíaca a um nível de alta intensidade, desafiando o sistema cardiovascular e muscular sem os solavancos e o estresse mecânico sobre a cartilagem e os ligamentos.
Como a intensidade sem impacto ainda assim aumenta a queima calórica?
O principal benefício de um treino intervalado para o gasto calórico não ocorre apenas durante os 10 minutos de exercício, mas também nas horas que se seguem. Esse fenômeno é conhecido como EPOC (Consumo Excessivo de Oxigênio Pós-exercício), ou “efeito afterburn”.
A alta intensidade do treino, seja ela com ou sem impacto, exige que o corpo trabalhe arduamente para se recuperar após o término da sessão. O metabolismo permanece elevado para restaurar os níveis de oxigênio, reabastecer as reservas de energia e reparar as fibras musculares. Conforme aponta o American Council on Exercise (ACE), essa queima calórica pós-exercício é impulsionada pela intensidade do esforço, e não pelo impacto dos movimentos.
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Qual uma sequência de exercícios de baixo impacto para um circuito de 10 minutos?
A estrutura a seguir é um exemplo que pode ser adaptado. Realize cada exercício por 40 segundos em alta intensidade, seguido por 20 segundos de descanso antes de passar para o próximo. Complete o circuito de 5 exercícios duas vezes. (Total: 10 minutos).
Agachamento rápido (speed squats)
Realize agachamentos com o peso do corpo em um ritmo rápido, mas controlado. A ênfase é na velocidade e na manutenção da forma correta, sem necessidade de descer até a amplitude máxima.
Escalador em ritmo controlado (mountain climbers)
Em posição de prancha alta, traga um joelho de cada vez em direção ao peito em um ritmo constante, como se estivesse correndo no lugar na horizontal. Mantenha o core firme e o quadril baixo.
Soco no ar com base de agachamento (shadow boxing)
Em uma posição de meio agachamento para manter a tensão nas pernas, alterne socos rápidos e diretos para a frente. Este exercício eleva a frequência cardíaca e trabalha o core e a parte superior do corpo.
Elevação de joelhos no lugar (high knees – marcha)
Em vez de correr pulando, marche rapidamente no lugar, elevando os joelhos o mais alto possível a cada passo. Mova os braços em coordenação para aumentar a intensidade.
Prancha com toque no ombro (plank with shoulder taps)
Em posição de prancha alta, com as mãos diretamente abaixo dos ombros, toque lentamente no ombro esquerdo com a mão direita, e vice-versa. O desafio é manter o quadril e o tronco perfeitamente estáveis, sem balançar.
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Como a “forma” do movimento é a principal proteção para as articulações?

Em qualquer exercício, mas especialmente em um treino de baixo impacto, a execução correta é a sua maior proteção. O objetivo é que os músculos absorvam o estresse, e não as articulações.
Durante os agachamentos, por exemplo, certifique-se de que seus joelhos sigam a direção dos seus pés e não “caiam para dentro”. Na prancha e no escalador, mantenha o abdômen contraído para proteger a coluna lombar. É sempre melhor reduzir a velocidade e fazer menos repetições com a forma perfeita do que muitas repetições com a forma incorreta, o que pode levar a lesões.
Este tipo de treino é adequado para quem tem problemas articulares?
A resposta é: depende, e apenas um profissional pode determinar. Embora seja “de baixo impacto”, ele ainda é de “alta intensidade” e coloca uma demanda significativa no corpo. Para uma pessoa com osteoartrite grave, mesmo esses movimentos podem ser inadequados.
Esta é uma regra inegociável: se você tem qualquer diagnóstico de doença articular (como artrite), dor crônica, instabilidade ou está se recuperando de uma lesão, este tipo de treino só pode ser considerado após uma avaliação e liberação de um médico ortopedista. Com base no diagnóstico, um fisioterapeuta é o profissional qualificado para prescrever os exercícios seguros e eficazes para a sua condição específica, garantindo que você fortaleça seu corpo sem arriscar sua saúde articular.










