A sensação de inchaço abdominal, com a barriga estufada, apertada e cheia de gases, é um desconforto extremamente comum que afeta muitas pessoas. Embora diversos fatores possam contribuir para essa condição, o que colocamos no prato costuma ser o principal gatilho.
Certos alimentos, mesmo sendo saudáveis, contêm compostos que podem ser mais difíceis de digerir para algumas pessoas, levando à fermentação e à produção de gases no intestino.
Este artigo identifica os grupos de alimentos mais conhecidos por causar inchaço e oferece alternativas e dicas para ajudar você a ter uma digestão mais confortável e uma barriga mais feliz.
A ciência por trás do inchaço: fermentação e intolerâncias
Na maioria dos casos, o inchaço abdominal é resultado da produção de gases durante o processo digestivo. Isso ocorre principalmente quando bactérias que vivem em nosso intestino grosso fermentam carboidratos que não foram completamente digeridos e absorvidos no intestino delgado.
Muitos desses carboidratos fermentáveis são conhecidos pela sigla FODMAPs. Alimentos ricos em FODMAPs, embora nutritivos, podem causar desconforto significativo em pessoas com intestinos mais sensíveis.
Outras causas comuns incluem intolerâncias alimentares específicas, como à lactose (o açúcar do leite), o consumo de bebidas gaseificadas, que nos fazem engolir ar, e o uso de certos adoçantes artificiais.

Os 5 principais culpados pelo inchaço e suas alternativas
Identificar seus gatilhos pessoais é um processo de autoconhecimento, mas estes cinco grupos são os suspeitos mais comuns.
- Leguminosas (Feijão, Grão-de-Bico, Lentilha, Ervilha):
- Por quê: São ricas em fibras e em oligossacarídeos (um tipo de FODMAP), que, apesar de muito saudáveis, são altamente fermentáveis.
- O que colocar no lugar: Deixar as leguminosas de molho em água por 12 a 24 horas (trocando a água algumas vezes) e cozinhá-las bem ajuda a reduzir os compostos que causam gases. Começar com porções menores ou optar por lentilhas vermelhas, que tendem a ser mais fáceis de digerir, também são boas estratégias.
- Laticínios (para os intolerantes à lactose):
- Por quê: A intolerância à lactose ocorre pela deficiência da enzima lactase. Sem ela, o açúcar do leite não é digerido, sendo fermentado pelas bactérias do intestino.
- O que colocar no lugar: Opte por leites e iogurtes com o selo “sem lactose”, bebidas vegetais (como as de amêndoas, aveia ou coco) ou queijos duros e maturados (como parmesão e suíço), que naturalmente possuem um teor de lactose muito baixo.
- Certos Vegetais Crucíferos (Brócolis, Couve-flor, Repolho):
- Por quê: Contêm rafinose, um tipo de açúcar complexo que nosso corpo não possui a enzima necessária para quebrar. Por isso, ele chega intacto ao intestino grosso para ser fermentado.
- O que colocar no lugar: Cozinhar esses vegetais no vapor, refogá-los ou assá-los ajuda a quebrar parte dessas fibras, tornando-os mais fáceis de digerir. Alternativas de vegetais com menor potencial de inchaço incluem abobrinha, pepino, espinafre, cenoura e tomate.
- Bebidas Gaseificadas e Adoçantes Artificiais:
- Por quê: As bolhas de gás de refrigerantes, espumantes e água com gás são engolidas e podem ficar presas no trato digestivo. Adoçantes artificiais terminados em “-ol” (sorbitol, xilitol, manitol) não são absorvidos pelo corpo e causam um forte efeito fermentativo.
- O que colocar no lugar: Prefira água pura, chás de ervas (como hortelã, gengibre ou erva-doce, que auxiliam na digestão) e águas saborizadas naturalmente com rodelas de limão, laranja ou folhas de hortelã.
- Trigo (para os sensíveis ao glúten):
- Por quê: Para pessoas com doença celíaca ou com a condição conhecida como sensibilidade ao glúten não-celíaca, o consumo de trigo, cevada e centeio pode desencadear uma resposta inflamatória, resultando em inchaço, dor e outros sintomas digestivos.
- O que colocar no lugar: Existem muitas alternativas de grãos naturalmente sem glúten, como o arroz, a quinoa, o milho, o painço e o trigo sarraceno.
Outros fatores que influenciam no inchaço
A forma como comemos é, muitas vezes, tão importante quanto o que comemos. Comer rápido demais, falar enquanto se come ou mastigar pouco faz com que engulamos mais ar, um fator que contribui diretamente para o inchaço.
O estresse crônico também é um grande inimigo da boa digestão. Ele pode retardar o esvaziamento do estômago e aumentar a sensibilidade do intestino, fazendo com que você se sinta inchado mesmo comendo alimentos que normalmente tolera bem.
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O alerta fundamental: inchaço persistente precisa de diagnóstico
É perfeitamente normal sentir um leve inchaço de vez em quando. No entanto, um inchaço abdominal que é persistente, diário, doloroso ou que vem acompanhado de outros sintomas (como perda de peso involuntária, alterações drásticas no hábito intestinal ou sangue nas fezes) não é normal.
Esses podem ser sinais de condições de saúde que necessitam de um diagnóstico médico preciso, como a Síndrome do Intestino Irritável (SII), supercrescimento bacteriano no intestino delgado (SIBO), intolerâncias alimentares severas ou outras doenças gastrointestinais.
Nesses casos, restringir múltiplos alimentos por conta própria pode mascarar o problema real e levar a deficiências nutricionais. É essencial e indispensável procurar um médico ou gastroenterologista para uma investigação completa. Um nutricionista poderá, então, auxiliar na criação de um plano alimentar seguro e individualizado.
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Pequenas trocas, grande alívio
Na maioria das vezes, o inchaço abdominal é uma resposta do nosso corpo a certos alimentos e hábitos. Aprender a identificar seus gatilhos pessoais e fazer trocas inteligentes na alimentação são os primeiros e mais eficazes passos para uma digestão mais confortável.
Acima de tudo, o mais importante é aprender a ouvir os sinais do seu corpo. Quando o desconforto for persistente, não hesite em procurar orientação profissional para cuidar do seu bem-estar de forma completa.








